Oláaaa. Continuo solteira. Não se ponham lá com teorias da conspiração porque estes meses em que não me ouviram falar deveram-se apenas a muito trabalho... Thank you lord! E a uma série de complicações domésticas pouco relevantes, mas o suficiente pesadas para me drenar a energia toda. Adiante. A grande no-vi-da-de é que finalmente consegui encontrar uma nova casa. Yeeeeah baby! Mudo-me no próximo mês! Aliás, já tenho duas malas feitas e os bibelots da sala dentro de um caixote. Estou em pulgas! Vocês não estão bem a ver a pica com que estou... Não imaginam como eu estou entusiasmada com a ideia. Sinto assim aquele friozinho pequenino das coisas novas... Não contei a quase ninguém para não dar errado. LOL. Eu sou o tipo de pessoa que pensa sempre que as coisas boas são uma espécie de partida. Que não podem ser reais. Que não podem acontecer-me. Na verdade tenho de agradecer muito: à vida e ao gajo que escreve o tal guião que andamos todos a seguir ferverosamente porque apesar dele não ser muito bom no romance, tem se safado razoavelmente bem no drama. Apesar de todas as reviravoltas inesperadas que têm surgido, o gajo até é porreiro. É isto a vida, não é? A seguir caminho. Acho que a primeira preocupação dele deve ter sido arranjar-me uma razão para sair da cama todos os dias e um sítio para onde eu gostasse de regressar à noite. Se uma pessoa tiver estas duas coisas, já tem muito. Ou pelo menos o bastante.
Às vezes dou por mim a pensar, "caramba!" e pela primeira vez não é um "caramba" seguido de "que merda" é um "caramba" seguido de "wow, nunca pensei que isto fosse possível". "Isto" é trabalhar numa coisa que realmente adoro sem ninguém a chatear-me a mioleira. Achei que nunca ia encontrar a fórmula certa e afinal parece que é possível, que não é uma coisa inatingível. Sabe muito bem. Até tenho receio de entusiasmar-me demais com a coisa. Vocês já sabem, mas que se lixe! Deixem-me aproveitar, please! Há muito tempo que eu queria mudar-me. Acho que já vos tinha dito. Dei por mim a não ter vontade de voltar para casa. Não me sentia confortável. Não me sentia bem. Não me esforçava por cuidar dela. Cheguei até a pensar como seria se algum dia conhecesse alguém. A casa não é péssima, mas está a precisar de uma renovação urgente. Foi uma casa importante. Demais até. Significou estabilidade numa altura em que eu estava à deriva. Recomeçar é um processo duro. Foi aqui que me reorganizei. Foi aqui que fui trabalhando a minha independência e a minha confiança. Foi aqui que iniciei o projecto que estou a desenvolver. Valeu. Valeu demais. Significou muito, mas agora quero mudar. E uma pessoa até fica com medo de dizer isso. Não quero parecer mal agradecida. Quero um tecto sem infiltrações basicamente. Apareceu. Uma daquelas histórias hilariantes que a gente pensa que não vão dar em nada - pelo menos naquele momento - e noutra altura dão. Ainda só a visitei uma vez, não "senti" nada, ou seja não consegui visualizar nada, só sei que disse ao senhorio que me mudava no dia seguinte se ele aceitasse e olhem que eu não sou nada dessas coisas assim repentinas. Tenho de pensar 50000 vezes em tudo, fazer contas, ponderar os prós e os contras, interiorizar-me tudo muito bem interiorizado e só depois decidir. Acho que a diferença era evidente. Entre dormir com um balde em cima da cama por causa das infiltrações e dormir num T1 novo a estrear, o que é que vocês escolheriam? Estou entusiasmada. Outra vez. É essa a palavra: entusiasmo. Há lá melhor coisa que uma pessoa pode ter a não ser entusiasmo? Pode ser que depois do trabalho e da casa apareça o homem, marido, namorado, fuckboy, amigo colorido, o raio que o parta. Qualquer coisa serve desde que venha por bem e para o bem. Tenho uma amiga que diz que às vezes o que é preciso para acontecerem uma série de coisas novas é fazer uma pequena mudança. Que venha ela!
Por outro lado, tenho pensado muito ultimamente... Durante muito tempo nunca encontrei respostas para a última relação que tive. Foi tão má do principio ao fim que passei muito a tempo a questionar-me "porquê?" como se isso tivesse sido assim um dos grandes desastres da minha vida. Um erro fácil de identificar, mas dificil de corrigir. Porque é que as pessoas que não nos acrescentam nada e nos fazem tanto mal se cruzam não saem facilmente das nossas vidas? Porque é que a gente alimenta não-relações e aguenta uma série de socos no estômago? Em nome de quê? Muito provavelmente em nome do amor. É a única resposta possível. Um pouco romântica claro. Racionalmente, a resposta seria porque somos tolos. Não tenho dúvidas. Mas, "karmicamente" falando acho que hoje em dia já consigo perceber melhor porque é que determinadas pessoas aparecem na nossa vida, mesmo que não valham nada. Aparecem para nos pôr back on track. Há pessoas que são sem sombra de dúvida o nosso sinal de STOP. O nosso sinal de "não foi isto que tu sonhaste para ti". O nosso sinal de "regressa a casa". O nosso sinal de "o caminho é outro". O nosso sinal de "isto é tudo o que tu não queres". O nosso sinal de "muda de direção". Talvez se as coisas não tivessem corrido tão mal como correram com o meu ex-namorado, eu não estava hoje onde estou e a fazer o que faço. Duas coisas que eu queria muito e que continuava a adiar na minha vida. Claro que ele não foi o único responsável para que elas acontecessem, mas teve um contributo forte. Acho que ele - e tudo o que aconteceu quando ele me aconteceu - foi um plot twist tenebroso, mas graças a isso ocorreram uma série de mudanças que hoje vejo como boas. E isso é tudo o que nós queremos. Olhar para trás para alguma coisa e dizer "ainda bem que aconteceu" apesar de toda a dor que nos provocou. Not bad. Podia ter sido pior.