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O Sexo e a Periferia

Entre a Carrie Bradshaw e a Bridget Jones. Com muito menos glamour, é claro.

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Coisas muito esotéricas que eu li hoje de manhã nas redes sociais: "todas as pessoas que entram na sua vida têm uma missão;  só se vão embora quando ela está concluída". Apraz-me dizer que, de momento, não tenho mais espaço onde colocar todo o aprendizado que a vida me está dando. (pelo menos o da parte amorosa, vá). Desculpem-me a impertinência, mas estou exausta. Muito exausta. Bom se calhar é melhor não me queixar tanto, não vá o gajo que escreve o guião estar a ouvir. Mas, qual é a necessidade de uma pessoa conhecer alguém, interessar-se por e ficar pendurada? Been there, done that. Que lição é que posso tirar disto? Digam-me! Estou com muitas dificuldades em gerir tudo internamente. Destabilizou-me um bocado, confesso. E depois as perguntas: como é que eu não vi that coming? Foda-se pah! Haviam algumas red flags, mas não havia tipo um manto vermelho a cobrir as bancadas do estádio da luz.

 

Estou a tentar manter o equilibrio, acordar cedo, fazer exercício, comer bem e não olhar muito para o telemóvel. Depois digo para mim própria, "ele seria demasiado básico para mim, não resultaria" ou então "já percebeste o que ele quer, não cedas". E de repente, no meio do circo que está montado, aparece um demónio que começa a balançar tudo "tu gostaste" e "tu até cedias". Ai filhos, saudades da terapia. Será que eu estou a exagerar? Será que foi/é só carência? Não me consigo entender. As águas estão turvas e eu não gosto nada dessa sensação. Contudo, não me preciso preocupar demasiado com, assim como assim já não há interacção e isso é por si só uma declaração de intenções muito clara. Os homens interessam-se por mim. Os homens dessinteressam-se por mim. Deal with it. Depois vêm as amigas, "ele pode voltar", "dá-lhe tempo", "deixa justificar-se". Uma mulher sabe e sente perfeitamente quando um homem já não está mais interessado. Foi mau, hein? Bom, interessado deve continuar a estar porque vê as stories todas, mas o que é que uma pessoa faz com visualizações e likes? Nada, né?

 

Nenhuma das frases de conforto que elas me dizem me serve, a não ser uma... "mais vale a gente arrepender-se de uma coisa que fez, do que de uma que ficou por fazer". Vocês perceberam. Eu quis dizer exactamente o que quis dizer. Mas eu sou eu, aquela que nunca consegue atirar-se de cabeça de um precipício. Porque já se atirou antes. E não correu bem. E depois fica a pensar que os que se atiram, de vez em quando, devem ter uma vida bem mais divertida. "Não me faria bem", repito. Eu sou vou para cama com alguém, assim de inicio, em duas situações: 1) quando estou bêbada - o que não tem acontecido; 2) quando já me enganaram muito bem enganada. A gente tem de acreditar que as coisas são o que são e esta, se calhar, não era para ser e portanto temos de aceitar e continuar a nossa vida sem olhar para trás. Mas aqui entre nós, vocês sabem que eu olharia, não sabem? 

 

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Bom, voltemos àquela parte em que eu escrevi, no post anterior, "É mais novo, mas parece - atenção, "parece" - maduro". Opá é mai novo e tem tudo o que uma pessoa mai nova tem: a graça e a falta de experiência. Porque raio é que nunca me sai nada simples, tipo pudim instântaneo? Porque provavelmente eu também não me interessaria, não é verdade? Os pecados pagam-se é aqui neste mundo. No inicio houve interesse, mensagens, promessas e depois deixou de haver promessas, mensagens e suponho interesse. Não acredito que alguém que quer verdadeiramente conhecer outra pessoa, não consiga arranjar tempo para. Nós arranjamos sempre tempo para. Só não arranjamos para o que não queremos. Houve, também, um roça-roça que eu decidi interromper antes de começar. E meus caros amigos, algo me diz que a perda de interesse d' "A pessoa" tem muito haver com isso. Acho, muito honestamente, que ele não estava à espera de encontrar uma pessoa como eu pela frente e portanto, não sabe como lidar com a situação. Ou, lá está, não quer. 

 

Eu tenho feito investidas. Sugestões muito claras para cafés, jantares, passeios e tenho levado cortes magistrais. Sabem aquela conversa de "deixa lá deitar o isco a ver se morde?" Não tem resultado. Absolutamente nada. Preocupa-me? Não, tem-me dado para rir porque acho que é só ridiculo. Quando alguém diz que nos quer conhecer, construir uma amizade sólida e ver no que é que dá, o que é que vocês esperariam? Que essa pessoa se mexesse, certo? Não tem acontecido. "A pessoa" não reage a nada, só me responde, quando tento, que está muito ocupada, que está muito complicado, que o mundo está para acabar entretanto. Então, comportamento gera comportamento assim como interesse gera interesse. Não me dizem nada, eu também não digo. Once and again, a história repete-se. Prometem o mundo em dois dias e desaparecem três meses.

 

Claro que uma pessoa fica intrigada. Como não ficar? Contudo, não o pintaria como o mau da fita, alguém sem carácter. Não acredito que tenha capacidade ou paciência para arquitectar planos demomíacos. É safado e é inocente, uma mistura exótica que mexeu comigo. O problema dele é a falta de experiência. Ele não sabe como conquistar uma mulher, acho eu. Ele sabe saltar para cima delas. E isso não é de todo mau, mas é frustante. Pelo menos para mim. Gosto da paquera, do tango a dois, do jogo, não costumo ir directa à casa de partida, entendem? Ao mesmo tempo, não deixo de pensar nesta hipótese: não deveríamos ser todos assim, mais directos como ele é? Será que fui eu que compliquei demais uma coisa bastante simples? Não sei. Ao dia de hoje, zero mensagens.

 

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Eu ponderei muito, mas mesmo muito se devia ou não escrever este post. Aliás, escrevi-o e em seguida apaguei-o. E depois voltei a escrevê-lo. Ainda não percebi muito bem o que é que aconteceu nos últimos dias, mas vou tentar explicar-vos. Tive um DATE. Um date no meio do caos em que está minha vida. Assim fácil. Caído do céu. Ou melhor, das redes sociais. No entanto, "quando a esmola é demais, o pobre desconfia". Não é que estivesse à espera de dar um pontapé no homem da minha vida, mas no meio da euforia, de repente, o meu cérebro desligou-se e comecei a entusiasmar-me com a ideia muito estúpida das coisas poderem correr favoravelmente bem. Parece-me, sem querer ser precipitada, que as coisas nem sequer vão chegar a correr. Falsa partida. Não é que eu não tenha gostado, nada disso, gostei bastante, mas não houve follow-up. Quer dizer houve, mas depois não houve. Suspeito que este episódio isolado tenha sido um golpe baixo do tipo que escreve o guião, bastou eu fazer-lhe uns agradecimentos para ele me atraiçoar assim desta forma. Seu cabrão!

 

Então, a dita pessoa adicionou-me há muito, muito tempo nas redes sociais e eu aceitei. Não me perguntem porquê, mas acho que deve ter sido porque não vi nada de repelente no respectivo perfil. Na altura, por questões de trabalho, utilizava as redes sociais para cruzar contactos e cheguei a pensar que podia pertencer a algum dos fornecedores com quem eu trabalhava. Nunca falámos. Eu nunca falo se não falarem primeiro. (sim, eu sei que vocês estão todos a pensar que é por estas e por outras que eu só posso estar solteira). Um dia destes, "A pessoa" do título deste post disse "Olá" à pessoa que o escreve e ao contrário do que eu habitualmente faço - que é na sua grande maioria ignorar qualquer tipo de interacção - respondi. E pronto, começámos a trocar mensagens a um ritmo auspicioso. Com alguma reserva fui respondendo ao solicitado. "A pessoa" foi bastante directa, perguntou se estava disponível e se nos podíamos conhecer "melhor". Juro-vos que fiquei surpreendida. Nunca ninguém me tinha apresentado a coisa assim dessa forma. Estou habituada a convites para café disfarçados de boas intenções. Respondi que sim. De facto interessa-me muito conhecer alguém. Fui, mas sempre com um certo receio que o "melhor" dele incluísse alguma parte do meu corpo em particular. Provavelmente incluía, mas deixem-me pensar que era uma proposta honesta, pode ser?

 

Trocámos mensagens durante uns dias e combinámos um encontro por iniciativa dele. Pico de adrenalina gigante. Como é bom uma pessoa sentir que tem outra vez 16. Foi interessante, fluiu naturalmente, não houve nenhum sinal de alerta de tsnunami e não envolveu nenhum esforço físico desaconselhável a primeiros encontros. É mais novo, mas parece - atenção, "parece" - maduro. Tem uma forma engraçada - muito engraçada - de desarmar-me. Isso não acontece muitas vezes. E pronto, o cérebro desligou-se, as barreiras desceram e as borboletas na barriga tomaram conta do País das Maravilhas. O meu primeiro instinto foi o de que ele era boa pessoa. Um homem prático pouco maculado. Genuíno com um toque naíve raro. Assim que as borboletas começaram a espalhar-se, o sistema de alerta disparou. O medo assaltou-me. Comecei a arranjar teorias da conspiração para anular tudo o que tinha sentido antes. No dia a seguir ao encontro, ele cumpriu com o protocolo - um ponto a favor - e mandou mensagem de bom dia. Depois desse dia, e de uma série de problemas domésticos, a interacção caiu a pique. Estamos ambos ocupados com negócios e mudanças. Vejam só a coincidência. Portanto, não há assim nada de muito concreto a não ser uma carga de nervos gigante e um cólon muito irritado e muito contorcido. 

 

A última vez que eu tive qualquer-coisa-que-não-chegou-a-ser-nada com alguém, não passámos do 2º encontro. Ele tinha acabado de se divorciar e queria uma solução muito rápida para o pêlo. Quando percebeu que não ia ser assim, desligou. Se calhar, é porque não estava mesmo para ser. Então às vezes fico a pensar que "A pessoa" se calhar também não me vai querer conhecer como realmente diz que quer. E eu não sei se fico com pena ou se respiro de alívio.

 

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Puxem pela vossa imaginação.

Eu e o gajo que escreve o guião precisamos ter uma conversinha. 

Quando conseguir acalmar-me, desembucho tudo. É tudo por agora.

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