... que nunca se apague. Uma pessoa vai, atiça e retira-se a ver se a criatura morde o isco, mas a criatura não toma a iniciativa de falar quando eu não falo. Booooooring.
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
... que nunca se apague. Uma pessoa vai, atiça e retira-se a ver se a criatura morde o isco, mas a criatura não toma a iniciativa de falar quando eu não falo. Booooooring.
Ando solenemente entediada. Um tédio assim da-que-les. Imensurável. Mas um entediada criativa e boa onda, pelo menos até à próxima TPM. Voltei a falar com o mocinho. Já vos tinha dito. Na altura não pensei muito no que fiz. Puxei conversa depois de uma semana sem comunicações. Na verdade pouco me importa o que ele anda a fazer - embora ele faça sempre questão de frisar o quão encalhado está e o quão pouco bem sucedido é no que diz respeito aos engates (uma coisa que eu acho muito estranha vivendo ele numa grande cidade). Falo quando me apetece e quando não me apetece, não falo. No entanto, as conversas mais recentes foram... FIXES. Quanto mais falo com ele, mais me parece um tipo porreiro. Com bons valores. E fofinho. Acho que podíamos ser amigos. Claro que me faz confusão falar há imenso tempo com uma pessoa à distância, mas euzinha - a que ousou proferir que se ele não falasse a coisa ia terminar - sou a que não deixa efectivamente de falar. Valha-nos Deus nosso senhor que isto não está nada bem encaminhado. Às vezes penso que o fazemos por defeito. Ou seja, não havendo outros candidatos, falamos um com outro para nos ocuparmos. O que não deixa de ser verdade, pelo menos da minha parte. O que acontece é que quando não recebo atenção fico un poquito chateada. Solo un poquito.
Será isto a versão digital dos penpals? Falamos de tudo. De coisas importantes, sérias e de sexo também. Ou neste caso, da falta dele. E, a última vez que falámos, ele incentivou-me a voltar a ter sexo com alguém. Coisa que eu até apreciava, mas que não tem sido viável. Acabei por contar-lhe como tinha corrido a última vez e como não consigo disfrutar ou sentir-me completamente relaxada. Fui totalmente honesta. Acho que é isso que curto nas nossas conversas. Ele não se faz passar por um garanhão puro sangue e eu estou a tentar não me fazer passar pela mulher maravilha. E o cru disto é o que tempera a cena. Há uns dias fui à manicura - a versão low cost dos psicólogos - e falei-lhe dele. A tipa disse-me assim "eu acho que lhe achas graça, mas não queres admiti-lo". Fiquei a pensar no assunto. Tanto que acabei por confessá-lo. A ele. Isso mesmo que vocês estão a ler, no meio de uma conversa ele perguntou se eu me envolveria com ele e eu respondi "que ele tinha qualquer coisa que eu achava graça, mas que não sabia se era o suficiente para me envolver com ele". Fiz bem? Fiz mal? A seguir arrependi-me. Arrependi-me porque me pareceu mal o "acho graça, mas não sei"... Sei lá. Pobre rapaz, o que ele atura.
Que ele está efectivamente disponível para me ajudar a ultrapassar uma série de bloqueios, está. Fisica e psicologicamente, é só escolher a via que eu preferir. LOL. Na verdade, com a sua falta de jeito - aquela que eu achava que ele tinha - o gajo já sacou muitas coisas a meu respeito e eu ainda não saquei nada sobre ele. Com verdes e maduras, ele vai apalpando terreno e eu sinto que estou a perder pontos desde o dia um. Entretanto tenho uns 30 pedidos de amizade pendentes no face. Maioriatariamente casados. Ou reformados. E não me apetece adicionar nenhum. Não estou para grandes conversas. A única pessoa com quem tenho conversado é com o mocinho. Devo preocupar-me?
Eu preferia conhecer pessoas na fila do supermercado. No mecânico. Na farmácia ou no café. Não sucede. (até porque desses sítios todos, o que me vê assim com mais frequência é o supermercado). Cada vez que meto o pé nas apps, assusto-me. (se bem que me deram muitas alegrias no inicio do ano). Qual é o problema principal da coisa? O mesmo da vida real: as pessoas não sabem conversar. As pessoas falam muito, mas não conversam. E eu, infelizmente, tenho um defeito terrível: quando a conversa não me prende, eu desligo e não consigo disfarçá-lo. Outro dia, um rapazolas com quem me cruzei uma vez no supermercado - lá está - adicionou-me nas redes. Trocámos três mensagens - basicamente os dados do cartão de cidadão - nome, idade e localização. Ao despedir-se disse: "curti BUÉ FALAR contigo". Claro que eu não curti uma coisa que só aconteceu na cabeça dele. Eu sei que ando chata e pouco disponível, mas sempre fui assim. Exigente. Ou esquisita. Como diz a outra. A seguir ao impacto visual - a primeira coisa que nos faz aceitar ou rejeitar uma pessoa - vem a conversa e é justamente nessa fase que os-que-não-dão-nas-vistas, os-que-dão-assim-assim e alguns-capa-de-revista se esbardalham. Nem sequer se trata do físico. Nunca é só o físico. É o conjunto e o que a pessoa consegue fazer com ele. Muitas vezes não passa de uma questão de marketing e de como cada um se vende.
Tinha uma app. Instalei a segunda. Provavelmente vou-me desfazer das duas (muito em breve). É um sistema um bocado cansativo. Cria expectativa, arrasa expectativa, cria expectativa, arrasa expectativa... até chegar à vontade súbita de exterminar a raça humana. Há uns dias comecei a falar com um banana. Cada vez que ele interage, envia uma foto - uma selfie que não só o desfavorece MUITO como lhe dá um ar de total psycho - sem eu pedir sequer. Quando me perguntou o que é que eu gostava de fazer nos meus tempos livres, respondi: "planeio viagens que nunca chego a fazer e limpo a casa". Que entusiasmo, né? Hey, ao menos não menti, tá? Cada vez que falo com alguém fico com vontade de voltar a fazer um isolamento profilático... até porque não acredito muito nas dating apps como via de e portanto uma pessoa não pode ESTAR à espera de um milagre num sítio onde não gosta de estar. Este Verão, saí com vários rapaze como já vos tinha dito. Cafés-triagem. Um deles - antigo colega de escola - convidou-me para um café e eu aceitei. Depois do café, convidou-me para sair e eu recusei - porque nesse dia estava KO e nem o Papa me tirava de casa. Ele respondeu-me "já sabes, não convido mais, quando quiseres diz alguma coisa". Claro que eu não disse e claro que eu não quis assim como ele também não voltou a dizer nada. E pronto, fim da história. Passa ao próximo.
Assim de repente, consigo lembrar-me de 50.000 programas engraçados que se podem fazer com uma pessoa, porque é que as pessoas não se dão ao trabalho? Que raio de vida é esta que a maioria da malta finge que está a viver? Eu sou uma cortes, pois sou, mas pelo menos esforço-me por viver a sério aquilo que decido viver. Dentro dos limites, claro. Vocês sabem que lá de vez em quando me dá a travadinha e não consigo enfiar-me num avião. Falo muito com uma amiga sobre estas coisas, sobre o amor liquido, esta coisa que escorrega pelos dedos e que é fruto dos tempos que vivemos. Queríamos ser muito modernos, não era? Pois então tomem lá disto. Coincidência ou não, ontem li o desabafo de uma professora de História nas redes sociais. Adepta das redes, dizia que ainda não se tinha rendido ao TikTok, nem ao Reels, nem ao vídeo. Que escrevia os textos, colocava o telemóvel a gravar, mas quando chegava a hora de falar em frente ao ecrã simplesmente não conseguia. Porquê? Porque não gostava de falar para o outro, gostava de falar com o outro. Que era de pessoas, não era de ecrãs. E isto é o social de hoje em dia, um monte de gente a falar sozinha, não é? Talvez seja por isso que alguns de nós vêm aqui escrever duas ou três coisas que não são ditas em mais lado nenhum porque (já) não há espaço para isso. Já só há espaço para vidas pseudo perfeitas ou para vidas pré feitas a pensar no lucro e nos dividendos que esse conceito pode gerar. Está tudo assim, no geral, muito dessinteressante. Resta esperar pelo horóscopo de 2023 e cruzar os dedos. LOL.
P.s - entretanto, volta e meia falo com o mocinho. Não aquece nem arrefece, mas também não vai.
Aloha. Cá estou de novo. Alive and kicking. Ou coisa que se pareça. Decidi não viajar, mas não desisti das férias. Fiz um isolamento profilático do mundo nos primeiros três dias. Andei fora das redes, esquivei-me às conversas chatas e aos telefonemas, adiei as limpezas e as tarefas domésticas, baldei-me ao ginásio e comi o que me deu na real gana. Que audácia hein?! E - o mais importante - dormi umas benditas 9 horas por noite, mais os extras das sestas de dia. Minha gente, DORMIR sobre o assunto é uma óptima terapia! Eu que vos diga. Senti-me com muito mais energia para tudo. No que restou do isolamento, fiz caminhadas, aproveitei a natureza, explorei sítios que não conhecia ao sabor do que me apetecia e do que não me apetecia, sem stress, sem pressões, sem julgamentos. Livre como um passarinho. Estive em comunhão, comigo, de novo. Acho que estas férias eram as FÉRIAS que estava a precisar.
Pelo meio, muita reflexão, muita introspecção, umas lagrimitas e algumas cervejas. (e duas ou três cólicas porque a vesícula da pessoa já não aguenta duas fatias de pizza com extra queijo). Às vezes é disto que precisamos. Conforto, esteja ele onde ele estiver. Ir ter com a minha amiga foi uma má decisão desde o inicio. Algo que eu não teria feito se me sentisse bem. Acho que na verdade eu não queria ir, eu achei que devia ir, o que é bem diferente. Se tivesse ido, tinha ficado mais cansada do que já estava (e com a vesícula, o fígado e a cabeça ainda piores). Pedi-lhe desculpa pela confusão. Ela compreendeu. Prefiro estar com ela quando me apetecer MESMO estar com ela. Aliás, uma regra que todos devíamos respeitar. Estar com as pessoas e nos lugares quando nos apetecer essas pessoas e esses lugares. Pedi o reembolso da viagem (ainda só tinha comprado um voo do percurso de dois). Fui ressarcida o suficiente para não voltar sequer a pensar cometer tal besteira. Ainda ponderei ir para outro sítio qualquer, mas não fui capaz. O meu corpo e a minha cabeça diziam que não. Falei com alguns amigos que costumam estar sempre a correr de um lado para o outro - os que não pensam duas vezes antes de se enfiarem num avião - e eles disseram-me que sentiam o mesmo. Que lhes faltava energia para planear o que quer que seja. Comecei a desconfiar que poderíamos estar todos sob o efeito do malogrado mercúrio retrógrado, esse infame. Já não nos bastava a guerra, a crise, o estado do mundo no geral... tinham de vir os planetas meter-se ao barulho.
E assim, isolada no sítio do costume, o meu sofá, comecei a pensar no que é que me faria realmente saltar para um avião? Meus queridos, não precisei de muito tempo para dar com a resposta. Conheço-me demasiado bem (ainda que às vezes ignore esse facto propositadamente). A PAIXÃO. Foi sempre a paixão o que me fez andar de um lado para o outro e é a ressaca dela que me está a afectar. Isto é tudo muito giro, mas se o coração não bate mais depressa de vez em quando, a gente não sabe que ele está vivo. Se eu estivesse apaixonada, eu não pensaria duas vezes, mas eu não estou. Não vale a pena mentir-me. E o problema se calhar foi esse. Forçar uma série de tentativas e achar que podia viver sem porque isso "está na moda". Apaixonei-me no inicio do ano. Enquanto a adrenalina correu nas veias, a vida fez-se. Quando ela parou de circular, foi mais complicado. Porque é que só se sente o que se sente com determinadas pessoas? Eu tentei. Eu bem que tentei, mas ninguém me diz nada.
Acho que a fase do "ninguém me diz nada" se instalou. No trabalho, no ginásio, nas amizades, na vida. Viver num estado de desencanto geral é uma puta maratona. Também tive culpa, claro. Aproximei-me das pessoas erradas. Tentei reinventar-me, ser cool, seguir em frente, ser como as "amigas" do ginásio que rebolam o rabo e se deitam com qualquer um (que tenha músculos). Cheguei a achar, por momentos, que isso é que era. I'am not that kind of person e não vale a pena insistir. Não posso continuar a deixar que elas façam piadinhas com o "és esquisitinha", "seleccionas demais" ou que me incentivem com palavras do tipo "para isso qualquer um serve". Não vou permitir que ninguém me volte a dizer que eu sou esquisita. E se alguém acreditar mesmo nisso, então não vou permitir que essa pessoa continue na minha vida sem me respeitar. Enough is enough. O nosso ritmo é o nosso ritmo e não pode nem deve ser comparado com o de ninguém. No inicio do ano, quando me apaixonei, depois de anos e anos e anos sem conseguir sentir NADA, senti-me validada. Senti que no plano da realidade, paralelo ao dos meus sonhos mais selvagens, existia alguém que me desejava, que me queria, que me aceitava do jeito que eu era e que me sentia: incompleta, imperfeita. Foi a melhor coisa que me podia ter acontecido. Esse sentimento foi avassalador. E a verdade é que eu nunca tinha sentido nada assim. Nada tão poderoso. Nada tão transformador. Nada tão bonito. Eu pude ser e sentir-me esquisita e ainda assim aceite. E acho que é com essa frequência que eu tenho de me sintonizar. Com a das pessoas que respeitam a vulnerabilidade dos outros sem a arremessar contra quando surgir a oportunidade. Embora eu tenha vindo a negar isso nos últimos anos e meses da minha existência, eu sou uma mulher de paixões. Sempre fui e mesmo que não queira, hei-de continuar a ser. E este ano eu já me apaixonei, portanto, lucky me! O resto é o resto. Quando nos apetecer. Se nos apetecer.
28 seguidores
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.