Este fim de ano está a ser exigente. Costumam ser todos. Sinto-me des-fa-le-ci-da. Não é que esteja a ser mau, porque no geral não está, mas ando triste com determinadas situações familiares e não consigo concentrar-me muito bem em nada. Não me sinto propriamente inspirada ou capaz. Ando descrente de uma forma generalizada. (quantas vezes vocês já não ouviram isto). Preciso de uma aventura para me sentir viva. Um tipo de aventura específico. Quero um fuck buddy. Acho que a idade dá-me esse direito. Tenho perseguido esse objectivo com mais dedicação agora que voltei às apps. Afinal é nas apps que eles estão. No entanto as apps não batem com o meu algoritmo e às vezes penso que sou só uma parva a fazer coisas estúpidas. Eu gosto de arder em fogo lento e as apps - assim como o resto das interacções actuais - parecem granadas. Ou é ou não é porque o mercado é grande e há sempre gente disponível para fazer o que nós não queremos. É bastante frustante.
Não consigo mover-me mais depressa. Embora eu não tenha perfil para manter um fuck buddy, começo realmente a sentir que o corpo pede e a cabeça precisa. É verdade. Sinto que agora que me aproximo dos 40 começo a ver o sexo do ponto de vista biológico. Parece-me mais cru, mais normal também e sinto mais vontade de o fazer. Nem tudo pode ser mau. Esta coisa do sexo pelo sexo tornou-se uma meta pessoal. Quero divertir-me, tenho esse direito, assim como quero provar a mim mesma que sou capaz de voltar a fazer o que já fiz antes: ter sexo com alguém sem estar apaixonada por essa pessoa. (não costuma correr bem, mas... who cares?). É contraditório, eu sei. Prometi a mim própria nunca mais me envolver com ninguém sem gostar de. (mas acho que quando fiz essa promessa o que eu queria evitar eram relações insonsas perigosas).
Digamos que apareceu alguém que poderia ser candidato a. PODERÍA. Futuro do pretérito. Aquele tempo indefinido em que a gente não sabe com que linhas se cose. Já nos encontrámos (na casa dele) e apesar da proposta estar em cima da mesa de uma forma muito clara e muito explícita, ele até foi bastante educado e cavalheiro, embora não se tenha coibido de dizer que se eu não estivesse interessada, ele passaria à frente. Um jogo que a mim me tira todo o tesão possível. Senhoras e senhores, nunca façam isso se não se quiserem f#der antes de serem f#didos. Ele é bonito, muito bonito, um Deus grego esculpido a dedo que pouco ou nada me diz. (que azar!). É mais novo (o que complica um pouco as coisas) e é de outra nacionalidade (o que também implica ajustes). Digamos que não é um homem quente como são os latinos. Sinto-me um pouco desconfortável dadas as circunstâncias, mas não deixo de estar um bocadinho interessada nas diferenças. O sexo para mim costuma ser uma consequência do envolvimento gradual entre duas pessoas e não um ajuste directo que é feito para dar jeito a ambas as partes. Eu até gostava de simplificar a minha vida e aproveitar o que as apps me estão a oferecer, mas não sei se consigo ultrapassar o fosso que existe entre nós. Consigo perceber que ele é um homem bonito (foi por isso que fiz like). Consigo sonhar com aqueles braços à minha volta e aquelas mãos no meu rabo, mas (ainda) não consigo pensar nisso o suficiente para não pensar no resto. Não sei se é porque estou neste estado meio vegetal ou se porque ele efectivamente não colabora.
Ele acaba por se destacar num panorama onde não há muita gente, mas prevejo que desista muito em breve uma vez que foi logo anunciando que o faria caso eu não me chegasse à frente. Um mau principio que eu até perdoo em troca de bom sexo. O problema é que eu não quero mais uma decepção nesta altura do campeonato. E pelo perfil dele e a idade, fico meio desconfiada que aqueles músculos todos escondem um sexo pobrezinho e pouco nutrido. Ou então estou muito enganada (adoraria) e ele é um puro sangue escondido. Os homens mais novos não tem normalmente muitos recursos para utilizar a não ser o físico e é por isso que se ele já usou tudo o que tinha para me dar e eu não fiquei impressionada, ele não vai continuar a investir nisso quando isso resulta com a maioria. Se bem que eu desconfio que ele ainda vai tentar mais algumas vezes, antes de abandonar o barco de vez. Morri a rir quando ele disse - por mensagem, após o encontro - que apesar de parecer reservado e calado, no quarto era bastante activo. Como podem ver, estou a lidar com uma criança que ainda não aprendeu que os homens a sério não precisam de se gabar. É obviamente prematuro tirar conclusões precipitadas, mas eu já sou um pouco rata nestas andanças: será que ele vale a pena a queca que promete?
Às vezes apetece-me soltar a louca que há mim, chegar lá e mostrar-lhe como se faz, mas depois fico com receio - nem sei bem se de mim ou se dele. Ele pode estar habituado a cenas muito hardcore e eu não me aguentar. Sinto que preciso ultrapassar este trauma que tenho com o sexo e com o não conseguir disfrutar do sexo e com o não me considerar uma boa queca. Desde a última vez (há sensivelmente 2 anos) que esses pensamentos me toldam o juízo e já não são para a minha idade. Tenho de me deixar de merdas, caso contrário nunca mais farei sexo na vida e eu quero muito fazer. A verdade é que o meu histórico sexual não é muito feliz. Perdi a virgindade com um tipo que conheci na faculdade. Nem ele nem eu sabíamos o que fazíamos (mas ele achava que sim e na altura eu não tinha termo de comparação). Umas poucas quecas a sangue frio, horrorosas e ficámos por aí porque ele não estava apaixonado. A seguir namorei um francês. O melhor namorado que tive e o pior na cama. (nunca foi fácil). Tentei conversar com ele várias vezes sobre a nossa famigerada vida sexual, mas para ele estava "tudo trés bien". Nada de perliminares, nada de sexo oral, nada de erecções prolongadas e viris. Depois dele houve a fase das quecas ocasionais sem amor que também não foram melhores até que chegámos a um tipo com quem havia uma química engraçada. O sexo com ele parecia sempre uma aula de cycling, suava imenso, ofegava como se tivesse a ficar sem pulmões e também não sabia nada de preliminares, mas havia qualquer coisa que me fazia querer estar sempre em cima dele. Os beijos encaixavam na perfeição, eram melosos e suculentos. E ele tinha a delicadeza de me abraçar depois de pinarmos, o que ajuda bastante a criar a intimidade necessária para a pessoa se sentir minimamente confortável. Não houve oportunidade de explorarmos mais porque não durou muito. Isto tudo na casa dos vintes.
Aparece então o meu ex. Não era um sexo fenomenal, mas era aquilo que - perante os restantes - me pareceu mais consistente e funcional. Muito mecânico, muito vocacionado para o prazer dele. Bastante fraco ao nível do sexo oral, mas eu também nunca fui de lhe fazer muitos agrados. Não havia de facto desejo nem paixão entre nós, eu sentia que era um dever ter sexo com ele. Em 3 anos de relação, devem ter existido 3 orgasmos. Depois dele, adoeci e refugiei-me em casa. Descobri os prazeres das masturbação e acho que me rendi um bocado a isso. O que acaba por ser muito normal depois do que vos descrevi. Ninguém conhece melhor os nossos corpos do que nós próprios. Há dois anos atrás, quando me envolvi com aquele tipo com quem tentei ir para a cama, foi a primeira vez que senti que estava realmente "a fazer amor" embora já ninguém use esta frase para descrever o acto em si. Não havia confiança suficiente para disfrutar disso, mas havia química, tesão e acima de tudo, verdade. O gajo chupuõu-me da cabeça aos pés e dormiu o resto da noite agarrado a mim como se eu fosse o último tigre da savana. É de uma pessoa ir às lágrimas meus amigos.
Agora vocês estão a perceber-me, não estão?