Estou a tentar lidar com a frustração causada pelos últimos eventos. A forma como estou a lidar com isso não tem sido linear. Como nunca nada que saia do formato o é. Porque é que o universo me mandou um rapazola com tudo aquilo que pedi (do ponto de vista material / físico), mas sem o devido recheio? Chega de partidas vida! Estou farta de ensinamentos e aprendizados (por muito úteis que eles me possam vir a ser). Sei que o alvoroço interno que me está a ser dificil acalmar não é mais do que o que projectei a implodir. Não há uma forma certa de fazer isto a não ser pela tentativa-erro, mas cada vez que não resulta, pergunto-me se não estarei a fazer algo de errado? Não estou. Sei-o perfeitamente, mas continua a ser-me dificil gerir desfechos imprevisiveis. Não sou só eu que me questiono, algumas das minhas amigas também têm as mesmas dúvidas: o que é que leva um homem a ter o trabalho de se envolver com uma mulher para logo a seguir descartá-la? E porque raio é que vocês - senhores - nunca dizem as VERDADEIRAS RAZÕES que vos levam a fazer isso?
Quando eu era adolescente, não me sentia confortável em expressar os meus sentimentos / pensamentos. Era super calada. Sempre fui. Mesmo nas aulas. Lembro-me do dia em que o Paulo Alexandre (nome fictício) me levou para trás da escola e disse que gostava de mim. Entrei em pânico, fiquei sem saber o que fazer porque imaginei que a seguir ele me tentava beijar e eu nunca tinha beijado ninguém. Então vai que me pareceu fantástico dizer-lhe que gostava de outra pessoa porque era a forma mais segura de acabar com o pobre do Paulo Alexandre e evitar que ele me matasse do coração. Eu não gostava do Paulo Alexandre, mas também não gostava de mais ninguém. Será que agora o universo está numa de acertar contas comigo? Claro que eu era muito jovem, muito insegura, muito infantil. Quando me senti encurralada - desconfortável com a possibilidade de fazer uma coisa que nunca tinha feito - dei um coice forte para afastá-lo de mim e zerar todas as chances de continuarmos a ser amigos. O Paulo Alexandre - que entretanto casou e teve filhos - não fala comigo hoje em dia. Já tentei dizer-lhe "Olá" e dar-lhe "Bom dia" e ele baixa a cabeça sempre que passamos lado a lado na rua.
O moço das cordas trouxe-me à memória uma série de episódios da minha adolescência. Imaturo como ele aparenta ser, pergunto-me se ele não utilizará o mesmo sistema de defesa quando se sente encurralado? Perante a ameaça assustadora da vulnerabilidade, vocês desceriam ou subiriam as vossas barreiras? É óbvio que isso não justifica o desrespeito. Nunca. Se tu estás a tentar ter acesso a uma pessoa e ela dá-to porque raio é que tu não haverias de querê-lo? Nós só fugimos do que nos incomoda. (eu a tentar encontrar um sentido). Eu pelo menos actuo assim, embora tenha consciência disso e esteja a tentar não repetir o padrão. A última vez que me despi emocionalmente e deixei que me vissem vulnerável foi a primeira vez que senti que estava a fazer a coisa certa no momento certo. E como não utilizaram isso para se rirem de mim - um gesto que a minha família, em particular a minha mãe, adora praticar - eu senti que era como se todas as coisas que eu perdi tivessem voltado de novo para mim. Que sensação! Foi um dos poucos momentos da minha vida verdadeiramente consoladores. Acho que nunca me tinha referido a esse momento nesses termos, mas foi de facto um consolo no meio de tantas dores. Acho que a vida adulta é dura exactamente por causa disso. Temos consciência - e medo - de que as coisas que perdemos não voltam (mesmo) mais.
É por isso que apesar de saber melhor qual é o meu valor hoje em dia, também sei o quanto sofri para ganhar essa consciência. O quanto ainda sofro. É por isso que tento não ser dura com os outros. É por isso que em vez de dizer aos Paulos Alexandres actuais que gosto de outra pessoa, tento ser corajosa e explicar como realmente me sinto: nervosa, insegura e ansiosa sempre que me colocam perante situações novas e desconhecidas. Assim como tento incentivá-los a fazerem o mesmo. Se foi a primeira vez do puto das cordas, ele devia ter dito, mas não disse. E isso f#de@ tudo. É o processo dele e o processo dele tem de ser respeitado. Temos de contar com aquilo que é dito e ele não disse nada ou não disse nada do que realmente interessava porque continua a esquivar-se à conversa que é precisa. Consegues engatar uma mulher mais velha e envolver-te com ela... Que miúdo - recém chegado a um sítio novo, sozinho - não exploraria isso?! Um miúdo que claramente nunca passou do nível 1 e não sabe - depois de deitar os trunfos básicos todos fora - como continuar a jogar.
O importante é não deixar que isso contamine os meus pensamentos e continuar o meu caminho. Não é que ligue muito aos horoscopos, mas entretenho-me a ler alguns que considero mais ou menos credíveis. Ontem li um - Words you need to read this weekend - que parecia mesmo, mesmo escrito para mim:
"You don't have to explode to be noticed. You don't win that friend group over; stop trying to. People are going to talk shit; let them. You know the truth. You have sincere intentions with awkard execution (you get more skillful). I understand you, even if you feel like nobody else does. Some texts are better left unsent. You will never be "too much" for the right people. That said, you will be "too much" for others, and you need to respect that. You can laugh at yourself without making yourself the joke. Don't give up on your own art. Don't give up on yourself. Dont give away your power. Slow down. Spend as much tome with granny as possible. Forgive yourself. You're really, really, really bad at math, but you're going to need to keep showing up to class anyways. Dump him. Stay curious. Keep reading. Keep burning your friends' CDs. Keep your heart on your sleeve (but maybe cover it up every now and then). You're allowed to feel things deeply but work on how to express those emotions. You become friends with your parents, cut them more slack. You finally find your people. You're not alone. You get into college. You turn into a writer. You help others. You get your shit together. You're not so bad, be kinder to yourself. Hang on, it gets better."
A minha vida actual resumida de uma forma sucinta. Está aqui tudo, não está? A seguir ainda li isto - Gentle reminders to make you feel better today: "When you forget your worth, please know that you are not and afterthought. You are not an idea that needs mulling over. You are not an option. You are not second best. And anyone who makes you feel any of those ways doesn't deserve you anyway". Ainda tive direito a isto - A message from your future self: "The Universe is guiding you, and by listening to your intuition, you'll find the path to your desire is clearer and smoother." e para acabar, numa outra página em espanhol: "No tengas prisa en que sucedan las cosas." Acho que os astros nunca estiveram tão alinhados. Bom, é confiar - mesmo que eu não acredite muito que o Universo está a fazer o que é melhor. P.s - não vos disse, mas o moço tem o mesmo signo que eu, ah ah ah. Fazemos anos no espaço de 5 dias. Exactamente como o meu amigo António Maria.