Não existem grandes novidades por aqui. Silly season as usual. Sinto que já repeti isto 1000 vezes, mas... ESTOU CANSADA. Fiz análises e está tudo bem. Nem uma hormonazinha malandra para poder culpar. É cansaço existencial. Está-me a ser dificil existir, não sei se já vos aconteceu. Não estou profundamente deprimida - já estive, por isso tenho termo de comparação - mas tenho a sensação de que todos os dias são iguais e embora não sejam maus, custa-me muito fazer tudo o que fazia antes sem queixar-me. Dizem-me que me habitue, que é assim mesmo. Às vezes sinto que isso só me acontece a mim. ESTOU DECEPCIONADA. Dou tanto, esforço-me tanto, trato os que me são próximos com respeito e carinho e quando chega a vez de retribuírem, a moeda é outra. CANSEI. Que se f#dam. ESTOU IRRITADA. Acho que ninguém tem noção das experiências pelas quais tenho passado. Tudo bem que fui eu que me meti nelas, mas aconteceu-me um pouco de tudo no último ano... e não foram coisas bonitas. ESTOU MUITO POUCO SOCIÁVEL E MAIS GORDA 2KGS. Devia estar a viver um amor de Verão com um italiano qualquer, mas não. Estou sentada no trabalho a convencer-me que tenho de ir ao ginásio quando sair.
A síntese da minha vida pode muito bem ser explicada pela relação que mantive até à semana passada com a minha nutricionista. Há mais de 3 anos que estava a ser seguida no Centro de Saúde por recomendação do médico de família. O primeiro ano fui acompanhada por uma estagiária: querida, atenciosa, positiva. Perdi 28 quilos dos 40 que tinha engordado. Nunca fui de seguir as coisas à risca. Sou disciplinada, mas não sou extremista. A alimentação é a parte mais dificil de controlar. Ando há mais de 2 anos a tentar baixar dos 80. Consegui uma única vez e por 200 gramas. Não valeu! É claro que à medida que vamos tendo menos peso para perder, mas dificil se torna perdê-lo. Quando a estagiária se foi, passei a ter consultas com a nutricionista-mor. Tornou-se uma penitência ter que ir lá ouvi-la. Toda ela me irritava. Maternalista, antiquada, dessinteressante. Cada vez que eu falava em proteína, creatina, suplementação, treino de força, ela torcia o nariz. Nos últimos meses começou com umas boquinhas pouco engraçadas "se vens cá só para te pesar, não vale a pena". Na última consulta perguntou-me como me andava a comportar e eu respondi "ando a treinar menos e a fazer escolhas alimentares erradas". Disse a verdade como digo sempre. Começou a dar-me uma lição de moral - de uma pessoa com a minha idade para uma pessoa com a minha idade - e aquilo começou a fazer-me curto circuito na cabeça. Atirei sem aviso que "ir às consultas também não acrescentava nada de novo na minha vida nem me ajudava assim tanto". Acalmou-se quando percebeu que eu tinha mandado a banda parar de tocar. ODEIO GENTE PARVA. ODEIO MUITO. A mesma pessoa que criticou a toma de proteína e creatina, recomendou-me snifar óleos essenciais para reduzir o apetite. A mesma pessoa que no fim da consulta disse "estamos sempre cá quando quiseres te vir pesar". Eu não devo ter sido a primeira paciente a engordar, menos. Que o sistema de saúde não tenha capacidade para ajudar mais pessoas, eu até compreendo, agora que pessoas destas achem que fazem um bom trabalho e ajudam muita gente, por favor.
Eu já passei por tanto, não é uma tia que sempre foi magra que me vai fazer sentir pior porque engordei 2 quilos e fui excluída das consultas. Foi livramento definitivamente. Estou descrente nas pessoas por causa deste tipo de situações. Pela falta de empatia que existe. Pela consideração que já ninguém tem. Pelas amigas que me convidam para sair de casa e me abandonam a meio da noite para irem ter com 'amigos'. Pelas que me convidam para sair de casa porque "precisamos falar", mas não me perguntam como estou. Pelas primas a quem ofereço uma coisa só porque me apeteceu e nem uma mensagem de volta a agradecer. C#ralho. O que é que se passa com o mundo? Outro dia deixei escapulir que estava com saudades do meu amigo. O do post anterior. Não deixei escapulir. Assumi-o. Disse-lhe que tinha saudades dos abraços dele. Foi a comunicação óbvia de um estádio de carência supremo. Ele reagiu bem e disse "olha que eu dou". Evaporei-me da conversa a seguir. Os abraços não se pedem. Mais baixo que isso não sei. Afastei-me e estou a resistir. Desde Março que nunca mais nos envolvemos. Se tiver que descer os standards outra vez, é muita burocracia para procurar alguém novo. Não me apetece nem uma coisa nem outra. Apetece-me hibernar mas isso também não é possível. Se o peso de mundo ainda só me pesa dois quilos está muito bom!