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O Sexo e a Periferia

Entre a Carrie Bradshaw e a Bridget Jones. Com muito menos glamour, é claro.

Drama queen on the scene. Estou a sentir-me um bocadinho irritada. Por minha culpa. Minha tão grande culpa. Enviei mensagem ao moço. Sobretudo porque devia isso a mim. Devo-me alguma praticabilidade. Não podemos levar a vida a supôr o que é que as coisas poderiam ter sido. Devo-me também alguma ilusão. Porque não? Sei que corro o risco de afundar completamente as poucas esperanças que tenho. Achei que devíamo-nos sentar frente a frente, olho no olho. Disse-lhe que não estava louca, que sabia o que é que lhe tinha dito (que não devíamos ser amigos, nem aproximarmo-nos, que a vida tinha seguido e estávamos bem assim como estávamos). Disse-lhe também que nunca mais nos tínhamos visto e que gostava de o ver. Um café. Sem açúcar e sem cheirinho. Fi-lo com medo. Com receio. Sabia que ele não ia ser estúpido comigo, nunca foi, mas sabia também que essa ousadia - depois da última conversa entre nós - me podia custar mais caro do que aquilo que estava à espera de pagar. Fez-se dificil, mas não me deu uma nega. Disse que sim, que havíamos de tomar um café sem concretar datas, disse que andava muito cheio de trabalho (nesta época, acredito bem que sim). Insisti. Reforçei a ideia, ele brincou, voltou a dizer que sim, que podíamos tomar café, que afinal éramos amigos, acabou por sugerir que fosse no dia x. Disse-lhe que era um bom dia para mim e ele pediu para lhe dizer a hora para depois ver se podia.

 

Deixei passar o fim de semana, expectante se o plano iria sair ou não. Tinha um feeling que não ia acontecer, mas apercebi-me, durante esses dois dias, como eu queria muito que acontecesse. Queria. Bastante. O que eu queria no fundo era abrir uma porta... ou, na mesma tentativa, fechá-la definitivamente. O que eu queria no fundo era que ele tivesse algum gesto que corroborasse aquilo que diz. Que se chegasse à frente e que demonstrasse que as pessoas como eu também se enganam. Eu queria tomar café com ele, mas queria também que fosse ele a vir até mim. Estou errada? Acho que mais do que isso, eu queria que ele tomasse uma posição, que ele comunicasse claramente, que ele cumprisse com a palavra dele e eu não ficasse pendurada na dúvida. Chegou o dia x enviei mensagem, mas ele não respondeu em tempo útil. Respondeu no dia seguinte. Como sempre fez inúmeras vezes. "Como é que fica o nosso café?". Respondeu que estava a trabalhar no sítio x (um pouco afastado de mim, nada que não se pudesse fazer). Não percebi o que queria dizer com isso. Pareceu-me uma resposta vaga depois do que eu tinha proposto. Não podia ter dito "estou a trabalhar até x horas", "saio perto deste horário", "queres passar por aqui?" qualquer dica que pudesse servir de GPS seria bem-vinda. Ir atrás dele é - neste momento e sem garantias - inegociável para mim. Acho que já o fiz vezes suficientes para validar o meu interesse e que agora não é suposto ser eu a fazê-lo novamente, embora reconheça que fui eu que sugeri o café e portanto, quem sugere, mexe-se. Devia ir atrás dele? Acho que em todas as coisas da vida tem de haver o básico: vontade e a vontade, quando é recíproca, é bonita. Não estava a sentir que fosse. Uma amiga minha - a que acompanha melhor a telenovela desde o inicio - diz que é recíproco. Não sei em que dados ela se baseia, mas diz que ele tem o cuidado de me responder sempre, de nunca se negar e de nunca me deixar pendurada. Que é atencioso, carinhoso. Valido, mas não interpreto completamente assim.

 

Sinto que o que ele queria era que eu dissesse "vou aí ter contigo". Quando estávamos razoavelmente bem - em plena lua de mel - fui várias vezes ter com ele, visitá-lo. Talvez ele precise de alguma segurança, tal como eu. É legitimo... Mas depois só me ocorrem pensamentos negativos. O overthinking é uma merda. Limitei-me a enviar um "tá bom, beijinhos". O que é que havia de dizer? Vou até aí? Na loucura acho que devia ir. Chegar lá, marcar território, assumir posição. Encostá-lo a uma parede como diz a minha amiga... mas depois... depois começa o curto circuito. A gasolina está cara e não vale a pena perder o lugar de estacionamento. O problema é que assim, isto não desenvolve. Assim, a porta nem abre nem fecha. Esmoreci um bocadinho. Estava a contar com o café. Não é um drama, aconteceu tudo dentro do que era expectável, ele não fechou a porta, mas também não me convidou propriamente para entrar. Se é a minha paga, cabe-me aceitá-la. Respondeu ao meu "tá bom" com um "Ohhhh" e mandou beijinhos tal como eu mandei. Sempre detestei mensagens com onomatopeias. O que querem realmente dizer? Estou a tentar não ir de um extremo ao outro, não polarizar as coisas. Estou irritada, isso estou. Às vezes apetece-me bloqueá-lo. Esfumá-lo da minha vida. Fazê-lo desaparecer. Outras, apetece-me virá-lo do avesso. 

 

Não tenho nenhuma esperança que nos vejamos em breve. Vou de férias na próxima semana, vou ter menos acesso às redes sociais e quando não publico nada, ele raramente mete conversa, portanto, desfecho prevísivel. Quando escrevo estas coisas "não tenho esperança" fico sempre na dúvida. Na dúvida efectiva se o que a vida espera de mim é uma atitude... penso naquelas frases feitas "se continuares a fazer o mesmo, terás sempre os mesmos resultados".Tive várias situações profissionais este ano que mo demonstraram isso. Situações em que foi preciso tomar o pulso, impôr-me, liderar o processo. Em relação ao plano amoroso, sempre fui muito mais reactiva do que proactiva. Se calhar nunca obteremos dos outros o que realmente queremos se não actuarmos de acordo com isso. Eu, contente da vida, a achar que ia safar-me e só me compliquei mais a vida, não foi? O certo é que nesses dias em que ele disse que estava cheio de trabalho, os stories dele foram todos dedicados à construção civil (o que não deixo de ter uma certa graça). Parece que ele sente a necessidade de comprovar que está efectivamente cheio de trabalho. Cheia de trabalhos estou eu, meus amigos, estou eu! 

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