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O Sexo e a Periferia

Entre a Carrie Bradshaw e a Bridget Jones. Com muito menos glamour, é claro.

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Pânico total minha gente. Estou a ponderar não viajar. Não está a dar. Tinha planeado visitar uma amiga, mas os nervos estão a levar a melhor. Tic tac, tic tac. Há séculos que não me sentia TÃO ansiosa como me tenho sentido. Um nó enorme na garganta e um peso morto a pressionar-me o peito. A valeriana já não está a fazer efeito. Sinto-me MUITO desmotivada. Desmotivada e triste. Não é uma tristeza profunda, mas é uma tristeza preocupante. Consigo fazer a minha vidinha, mas quando penso na viagem penso no complicado e cansativo que o processo me parece e não no divertido que devia ser. Não tenho aquele sentimento "quero muito isto". Estou preocupada. Tive uma depressão gigante há uns anos atrás e começou assim, com a mesma sensação: a sensação de que estou meramente a existir. Fiz análises recentemente e está tudo bem. As minhas hormonas estão niveladas, não tenho nenhum problema a sufocar-me, mas há red flags no caminho que me trouxe até aqui. A primeira foi o trabalho. Comecei a notar que me custava. Que já não era tão fácil acordar. Não tenho a mesma paciência que tinha. Não vou ao ginásio entusiasmada como costumava ir. Chego sempre depois da hora que me prometi. Esquivo-me dos treinos duros que trouxeram resultados. Chego atrasada ao trabalho e a todo o lado e combino saídas até à hora de as descombinar. 

 

Tenho sentido vontade de chorar e de discutir. De gritar e de explodir. De mandar várias pessoas para aquele sítio. Não sei porquê, porque aparentemente está tudo bem. Não há nada que me aflija a não ser uma existência pacata. Não tenho vontade para NADA. Mesmo nada. Não sei o que me apetece. Então acho que o meu mindset não é propriamente o melhor para me apresentar em casa de alguém. A minha amiga é muito cool, mas não sei se é a companhia indicada para pseudo deprimidos porque ela é muito festa e eu não. Ao mesmo tempo sei que não posso continuar assim. Que não posso alimentar isto. Que tenho de me reprogramar, que tenho de me obrigar, mas está a ser dificil. Estou confusa. E decepcionada. E não é com ninguém em específico. Só sinto que me tenho esforçado tanto para tudo dar certo e sei lá... As coisas têm dado certo, mas estou cansada. Um tumulto.

 

Tenho mantido as minhas rotinas. Tenho caminhado. Tenho ouvido música. Tenho tudo. Não sinto diferença. Ainda. Tenho tentado viver como se fosse cool. Ou lá o que é que isso significa. Fiz trinta por uma linha. Tentei tudo o que as pessoas tentam. Eu não sou cool. Não queria admitir, mas acho que tenho de fazê-lo. Não sei até que ponto isto não está relacionado com o affair do inicio do ano. E é estranho porque ele não me faz falta (o que é bastante vantajoso) e eu sei que não ia ser mais do que o que foi, mas não ser mais do que o que foi está a doer e eu se calhar tenho evitado isso. Tenho evitado que me doa. Tentei ocupar-me, desconstruir expectativas, conhecer outras pessoas. Ele ia embora. Ele tinha uma ex (para a qual acho que voltou). Eu provavelmente não fazia o género. Mas... aqueles dias, aquelas mensagens, aquilo tudo foi um balão de oxigénio. O oxigénio que agora me começa a faltar. A minha tristeza é um bocado esta: "porra meu, está tão na hora de ser feliz". É ainda mais estranho quando penso que nesses dias de Janeiro, tive a sensação que me tinham devolvido uma parte que me faltava. Uma parte que andei à procura durante muito tempo. Senti-me maravilhosa meses a fio. Incrivel mesmo. Agora estou a sentir-me vazia outra vez. Pobre. Desnutrida. E não queria, claro. 

 

Acho que isto tudo também me tem impedido de pensar em coisas boas. De parar de pôr defeito no mocinho. De arriscar outra vez porque não sei se o meu coração aguenta mais uma decepção. Estou a andar para trás depois de um debut tão bom. Toda a gente me diz, "vai que te vais divertir", mas não sinto isso. Sinto um pavor medonho e a pálpebra a tremelicar. Não queria deixar de o fazer, mas não sei se compensa. Não consigo ter sexo, não consigo viajar, não consigo nada. Estou claramente na fase dos nãos. O que é que eu faço?

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