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O Sexo e a Periferia

Entre a Carrie Bradshaw e a Bridget Jones. Com muito menos glamour, é claro.

(será mesmo o último? ah ah ah ah) Os dados que interessam: 

Os outfits:

Eu - umas leggings pretas (melhor compra da Zara de toda a história da moda) combinadas com uma sweat oversized but not too oversized e umas New Balance. Não lavei o cabelo porque não tive pachorra e achei que era um esforço em vão (o auge do entusiasmo eu). Ele - uns jeans, uma tshirt azul escura e um casaco de polipele. Os sapatos eram horríveis (umas botas tipo da neve) e o cabelo também não parecia lavado. Achei-o bonito no geral, um pouco mais gordo do que nas fotos da app. Tem os dentes alinhadissimos, uns lábios super delienados, bem esculpidos, másculos sem serem brutos. O cabelo solto e ondulado dá-lhe um ar diferente do comum (tem pinta de italiano, um querubim entre o surfistinha da linha e o intelectual de esquerda). Tem a barba rarefeita exactamente no ponto em que eu gosto e uns olhos castanhos que me intrigaram um bocadinho. Porquê não sei. Não são profundos. Nem brilhantes. São apenas bonitos. E doces. Tem 30 anos, é aquário (se isso interessar), licenciado, trabalha no estrangeiro e veio a casa passar o Natal.

O date: um pequeno almoço sugerido por ele - depois de termos falado uma ou duas vezes - num sítio e horário sugeridos por mim (começo a achar muito graça aos dates durante o dia!)

 

Overall Rating: 7/10 

Não foi espectacular, mas também não foi um desastre, foi normal acho eu. Considerando que eu também não estava super entusiasmada com o momento, acho a pontuação justa. Não o notei demasiado nervoso, parecia-me relaxado, conseguiu ser brincalhão sem parecer bronco e achei-o honesto em relação à informação que partilhou sobre ele. Ou seja, em comparação com o último date (o das cordas) em que o tipo passou o encontro todo em apneia, foi bastante menos tenso e muito mais suave (embora estivessemos num sítio neutro, claro). Fluiu naturalmente como deve ser uma coisa destas, sem grandes expectativas.

Green flags: Pediu desculpa ao inicio por não me ter dado atenção no dia anterior porque tinha tido um jantar com os primos. Admitiu que há imenso tempo que não estava com ninguém e que só tinha tido uma namorada a sério na vida e à distância porque segundo ele, "quando se gosta, faz-se o que é preciso". Nem sei bem se isto é uma green ou uma red flag... Fico sempre com o pé atrás. Ri imenso quando referiu que não gosta de se gabar porque normalmente quem o faz não faz nada daquilo que diz que faz e como todos os miúdos de 30 anos, deixou escapulir propositadamente que gosta muito de dar prazer a uma mulher (acho que a malta mais nova - quando está com uma mulher mais velha - sente a necessidade de deixar isso bem claro... mesmo que não saiba what it takes to, ah ah ah ah). Não houve nenhuma conversa do tipo "o que é que fazes na app" ou "o que é que procuras" e ainda bem. 

Red flags: Tem um historial familiar complicado sobre o qual não se abriu muito, não tem sido muito constante em termos de trabalho nos últimos anos, mas parece ter as ideias e o coração no lugar. Não é um grande conversador, escreve imensas vezes "ahahahah" como resposta às mensagens e a meio do date perguntou-me se queria combinar alguma coisa mais tarde, com mais tempo. Sugeriu que fossemos comer umas tapas, mas estou constipada e a arrastar-me, não me mostrei muito interessada. Voltou a enviar mensagem mais tarde a sugerir o mesmo e voltei a recusar educadamente. Não gosto que insistam muito nem que forcem a barra. Ele compreendeu. 

 

O que é que me agrada nele: embora seja prematuro, diria que é a abertura. É uma pessoa com vontade de fazer coisas. Que tipo de coisas não sei, mas é alguém que me vejo a convidar para uma caminhada e a aceitar. Acho que é gente para isso e para várias actividades, ao contrário do último, por exemplo, que só me chama para o atar à cama e satisfazer. Fisicamente não sei se houve um click. Acho-o bastante sexy nas fotos, mas ao vivo, as botas deram cabo do figurino que eu já tinha montado na minha cabeça. Tem uns traços bonitos, mas parece desleixado. Vejo potencial, mas precisa de um makeover. Embora pareça isso tudo, não me parece bruto nem plástico como o outro que era uma pedra (até a beijar). Parece flexível e maleável. Fiquei com essa ideia. 

O que é que não me agrada nele: o ar desleixado (pode ter sido hoje), a pouca criatividade nas mensagens (ainda não falámos o suficiente, mas...) e a pressa, no entanto até compreendo em parte. Vai-se embora dia 4 de Janeiro e está a fazer pela vidinha. Pode ser apenas um puto sem grande história e sem grande cabeça a tentar marcar um golo só porque apareceu a oportunidade. Não sei se me apetece arriscar mais um episódio traumático na vida, experiência não me parece que ele tenha muita, mas pelo menos não prometeu este mundo e o outro. Se ele se mexer direitinho talvez haja um segundo date. Depende dele. E dos adversários! To be continued.

 

Entretanto, continuo a falar com o do último post. O do vinho. Conversa da treta. Não desenvolve mais do que o básico, mas lá de vez em quando mete conversa. Dentro do género é provocadorzinho, mas só quer o óbvio claro. Já disse e referiu que sabe muito bem fazer o seu lugar e o que precisa ser feito quando está com uma mulher! Se eu ganhasse um euro por cada vez que um puto me diz isso... E quando eu achava que não podia descer mais abaixo dos 30, começa um de 25 a enviar-me mensagens. O que é que se passa minha gente?! Sinto-me um íman. Ah ah ah ah. Respondi-lhe educamente, mas não lhe dou muita conversa. É preciso ter calma e cuidado quando uma pessoa atravessa mares como estes nunca antes navegados (até porque a mãe da criatura é frequentadora assídua do meu estabelecimento e uma pessoa não se pode dar ao luxo de perder bons clientes). E como não há duas sem três, conheci outro miúdo numa festinha de Natal. Ele estava bastante bêbado já e eu não estava plenamente lúcida também, mas como nessa mesma festa / bar também estava o das cordas, deu-me jeito utilizar esse pequeno só para fazer uma ceninha.

 

Eu já desconfiava que mais tarde ou mais cedo me ia cruzar com o das cordas, assim como também desconfiava que ele não ia saber o que fazer quando isso acontecesse e que o mais provavel era evitar-me. Ou fazer que não me viu. Quando percebi que ele estava lá, passei uma vez perto da mesa dele só para marcar território, mas fiz que não o vi. O objectivo era ser vista e espalhar o pânico. Quando ele topou que eu lá estava, olhou várias vezes para a minha mesa, mas sempre a disfarçar. O mesmo que eu fiz. Depois de algumas bebidas, as minhas amigas decidiram ir dançar e eu que pensava que ia só tomar um copo e vir para casa, acabei a dar tudo na pista de dança. (grande ressaca no dia a seguir!). Quando passei por ele, ele virou as costas para fazer que não estava a ver eu ir nessa direcção, então aproximei-me dele por detrás e disse "é muito tarde para estares aqui a esta hora, não devias estar em casa?" e continuei a andar para a pista de dança. Apeteceu-me gozar um bocadinho com a situação... de ânimo leve, claro. Ele não disse nada, nem sorriu, nem brincou, ficou branco, petrificado, imóvel. Às tantas nem percebeu o que é que eu disse... Vi-o várias vezes na pista de dança, descontraído, a dançar, a beber, a divertir-se, sempre a dar nas vistas, mas eu não me fiquei por menos. Dei tudo e no fim da noite, viu-me a trocar números de telemóvel com esse rapazinho assim como me viu a sair sozinha do bar a caminho de casa. Não houve mensagens posteriores, mas houve aquilo que ele no inicio, quando começámos a falar, me tinha dito "se não estiveres interessada em mim, eu eventualmente terei de seguir em frente". Está a pagar pela língua porque eu mostrei-lhe exactamente como se faz.

 

Tenho obviamente de confessar que depois dele me ter enviado a última mensagem a oferecer-se novamente para eu usar as cordas nele, passado uns dias, enviei-lhe foto das cordas, tudo para o picar. Ando a brincar com o fogo, eu sei. "Acho que vão dar óptimas decorações de Natal, não achas?", ele respondeu "com certeza". O que ele responde sempre quando não quer continuar a falar... acho eu. Também não disse mais nada. Gosto apenas de picá-lo e de fazê-lo passar mal com a cena toda que ele próprio montou. Gosto de torturá-lo com a ideia de que eu podia perfeitamente fazer o que ele quer que eu faça, mas não faço porque ele não me dá aquilo que eu quero. Há lá coisa mais sádica do que esta?! Se isto não é rough enough então não sei o que será... Acho que estou a jogar bem, não estou?! Assim como acho que daqui a uns tempos, quando eu me tiver esquecido do assunto e ele não tiver entretenimento melhor, há-de voltar a perguntar-me sobre as ditas cordas. Uma coisa é certa, incomoda-me muito que ainda não tenham sido utilizadas. Devia arrumar o assunto este ano. Ah ah ah ah ah. Boas saídas malta e grandes entradas! 

Então recebo um pedido de amizade de um moço que na sua bio do instagram diz que é do mesmo país do outro (o das cordas, é mais fácil assim) e tem exactamente a mesma idade. Adicionei porque queria obviamente investigar o caso e descubro - adivinhem - que também é militar. Sou só eu que estou a achar muito estranho que isto seja uma mera coincidência? 

Mandei o de 27 esperar sentado. Não desci tão baixo. Não o faria. Uma pessoa - por mais desesperada que esteja (acho que me posso chamar isso) - continua a ter parâmetros. A conversa dele foi PÉSSIMA. A postura PIOR AINDA. Não me surpreende. No geral, estão todos à espera. Quando abro a app o que mais vejo são pop ups a sinalizar "a tua vez". Não há nenhum match digno de resposta. Neste momento são pr'aí uns 12 em lista de espera. Ad eternum. Continuo a fazer swipe só porque sim. A minha idade já não me permite responder a "bons dias alegria". Nunca me permitiu na verdade. Quero acreditar que isso não me acontece só a mim. Na verdade, acho que as apps são para isso mesmo. Para sacar dinheiro aos tolinhos e para não se chegar a nada com várias pessoas. Também acho que lá de vez em quando calha-nos a fava, uma coisinha mais ou menos sana só para acreditarmos que a tecnologia pode poupar-nos uma série de etapas. É mentira. Não nos poupa de absolutamente nada. No entanto, continuo a achar que há um lado extremamente positivo.

 

Antes de lá ir, tenho que vos contar outra coisa. As cordas chegaram. O que é que eu fiz? Vocês já sabem. Avisei-o. O outro. O de 30. Ponderei muito antes de. Fiz até uma sondagem entre amigas. As jovens na casa dos 30s diziam-me para não avisar, as não tão jovens na casa dos 40s diziam-me para tentar. Achei curiosa a divisão de opiniões por faixa etária. Eu queria arrumar o assunto. Bullshit. O que eu queria, queria, era desenterrar o assunto embora o prazo de validade já tivesse vencido. Incomoda-me bastante ficar com utensílios que foram introduzidos na minha vida por alguém que não está na minha vida. Nem como amigo sequer. Comecei a ponderar não enviar, mas enviei assim mesmo. Às vezes precisamos de encerrar merdas que nunca chegaram a começar. Não posso não admitir que também queria obviamente lembrá-lo da péssima prestação que teve, o que não deixaria de ser uma provocação. Do ponto de vista sociológico tinha curiosidade perceber com que tom me responderia, se me respondesse. Ao, "olá, a tua encomenda chegou, diz-me o que é que queres fazer", ele respondeu "duvido que as usaria, por agora estou apenas focado em mim, desculpa como tudo acabou". Vamo lá a ver uma coisa,  então duvida que usaria uma porcaria na qual me fez gastar dinheiro? Bonito.

 

Num primeiro momento achei a resposta positiva. Fiz uma leitura muito rápida da coisa sem recorrer ao google translator. Atenção que o tradutor vai ser importante mais adiante. Há tanta gente de quem esperei um pedido de desculpas que nunca o fez, que fiquei surpreendida que este aparecesse sem grande esforço. Respondeu e foi honesto. Bom, foi politicamente correcto. Honesto nós sabemos perfeitamente que não foi. Então, eu - armada em Madre Teresa de Calcutá dos Aflitos - escrevi de volta que agradecia a honestidade (porque se deve sempre reforçar e incentivar os comportamentos positivos e devia ter sido sempre assim desde o inicio desta fantochada), disse-lhe que lhe emprestava a porcaria das cordas quando ele se sentisse preparado para as experimentar (uma brincadeirinha com mensagem subliminar) e acrescentei - a parte de que agora ME ARREPENDO MUITO - que se lhe apetece falar um dia destes que me desse um toque, isto porque li a parte de estar focado em si como trabalho interno e porque pensei que ele podia estar a bater com a cabeça nas paredes. Crucifiquem-me ou beatifiquem-me porque eu já não sei o que é melhor. 

 

Sucede que ontem, devido à tensão pré-menstrual, as minhas hormonas mandaram-se por um tobogã abaixo. Daqueles infinitos, com bué curvas e partes escuras. E faço o quê? Vou ao google translator, coloco a resposta e vai que tudo me pareceu BEM DIFERENTE. Portanto, ele deixa claro que não está interessado em usar as cordas COMIGO, foi por isso que também fiz questão de dizer que lhas emprestava e a conversinha do "agora estou apenas focado em mim" é o equivalente ao "it's no you, it's me". Bem que uma amiga me disse que ele ia pensar - after all this time - que eu queria qualquer coisa com ele e toca de deixar claro que não está disponível, pois com certeza. Eu só queria mesmo responsabilizá-lo, recordá-lo e atordoá-lo. Não sei se consegui. Fico com a linha do "desculpa como tudo acabou" que é assim a única que me parece mais sincera. E pronto, mais uma noite no meu sofá a beber vinho. Nada de novo. Consigo perceber também que há obviamente uma estratégia de fuga nessa mensagem. Quando algo te incomoda, tu tiras da frente. O rapaz deverá ser muito mais tímido e inexperiente do que quer mostrar. 

 

Este episódio bizarro fez-me recordar um colega de escola. Vou chamar-lhe António Maria porque ele era muito beto e achava-se de sangue azul. Tão beto que quando se esquecia do equipamento para as aulas de educação física, recusava-se a utilizar roupa emprestada dos colegas porque não era de marca. Um ovo podre com quem infelizmente eu me relacionei. Era bully, gozava imenso comigo porque eu era cheinha, mas nunca ao ponto de pôr tudo a perder porque eu também era muito boa aluna e isso dava-lhe imenso jeito. Então ele insinuava um certo interesse por mim para sacar dividendos em relação aos trabalhos de casa e eu, parva, alinhava nisso porque ele era popular - não sei porquê - na escola. Andava sempre tão colado a mim que as pessoas começaram a pensar que nós tínhamos realmente alguma coisa. Fomos para a universidade juntos e um dia ele convidou-se para vir até à minha casa ver um filme. Numa questão de segundos estávamos os dois nus numa cama. Não percebo como é que isso aconteceu e... se repetiu. Não foram muitas vezes e as vezes que foram, FORAM PÉSSIMAS. As suficientes para perceber que NÃO FAZIA SENTIDO NENHUM. Claro que nenhum de nós os dois sabia o que estava fazer, mas eu sabia claramente que ele me estava a usar novamente. Seguiu a vidinha dele, foi estudar para a Suiça, França, Londres, para onde vão todos os de sangue azul com pilas horrendas e que não sabem fazer nada de jeito na cama. Casou com uma tipa qualquer de sangue azul também - que infortúnio - e teve um filho. Aqui há uns meses atrás, tentou meter-se comigo outra vez. "Desculpa ter desaparecido, mas a vida agora é mais complicada". Acham que eu respondi? Querido, nem dei pela falta. 

 

Isto para concluir que as pessoas sem noção voltam sempre a tentar o acesso. Os de sangue azul que sempre parasitaram à volta dos outros, os manipuladores como o meu ex que há uns anos me enviou um pedido para me seguir no insta, os loucos que te bloqueiam e voltam a pedir amizade. GENTE QUE NÃO VALE UM CARALHO. Este amigo, parece ser um António Maria. Não tão mau - estou a ser generosa - mas lá perto. Continuo no entanto a achar isto tudo uma experiência positiva. Fez-me andar p'ra frente. P'ra onde não sei, mas saí do sítio onde estava. Sinto-me com vontade de "adiantar serviço" como se costuma dizer. Mudei a decoração da casa de banho e comprei finalmente uma televisão! Ele pareceu-me tão chique que eu quis tapar o buraco que existia no móvel! Uma nota preta hein... maior do que a que gastei com as cordas. Ha Ha Ha. Estou até a considerar avançar com a adopção de um animal. Penso nisso há imenso tempo e nunca dei o passo em frente porque sempre me convenci de que não era capaz de tamanha responsabilidade ou de tal exercício de amor. De certa forma ele inspirou-me a fazer isso. Se uma pessoa como ele consegue, eu tenho a certeza de que também consigo. Afinal de contas é de amor que os bichos precisam. Acho que me faria bem ter uma companhia. Até proteína comecei a beber. Não adoro, mas é precisa para os meus objectivos. Como ele bem disse "hei-de experimentar tudo pelo menos uma vez na vida". Acho que é esse o lema que levo. E que me estava a fazer muita falta. Talvez existam pessoas que só aparecem para nos fazer subir de nível. (em diferentes domínios). No regrets. 

 

 

Ultimamente sinto-me atraída por homens mais novos. Espalham saúde. É chato ter a minha idade. Não recomendo. Uma pessoa tanto faz o pai como o filho. É preciso ter juízo para evitar problemas domésticos. Primeira vez, fui aos 34. E fui muito bem. Fiquei extremamente bem impressionada. Se calhar o problema foi justamente esse. De 0 a 20, o de 34 passaria com mérito: 18 valores. Pena que uma pessoa nem sequer pôde repetir. Após algumas rondas no charco, fui - a medo -  aos 31. Grandes expectativas. Acabou como vocês sabem. Com umas bed restraints a caminho. Agora, tentação do demo, anda um puto de 27 a chatear-me. Ao menos não procura uma relação séria como todos os outros. Ha Ha Ha. Começo a pensar que talvez não fosse má ideia retirar-me das apps. Uma pessoa queria problemas, mas uns probrema bons... Não posso mandar os meus standards tão baixo... seriam 12 anos de diferença. Jesus Christ!

 

Realmente não sei o que é que Nossa Senhora do Grelo quer comigo... Os "velhos" da minha aldeia, ups!, idade, não me dizem nada. Muito traumatizados. Muito pouco corajosos. Muito pouco criativos. Às vezes não ter noção é uma vantagem. Mas só às vezes, claro. Ando a adiar uma cerveja com um deles porque a conversa começa sempre bem, mas depois descarrila. Segunda tentativa que fazemos. Não fluiu à primeira, não me parece que vá fluir à segunda. Nem à terceira, quarta, quinta... Muito bruto para o meu gosto. É capaz de me dizer "chupa aqui", coisa que ouvi e não apreciei. Portanto, não me vou meter numa dessa outra vez. Não é rocket science, mas está dificiu p'ra xuxu. Não flui com ninguém. E quando não flui uma pessoa pensa, bora lá ao castigo e nem o puto do castigo vale a pena. 

 

 

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Este fim de ano está a ser exigente. Costumam ser todos. Sinto-me des-fa-le-ci-da. Não é que esteja a ser mau, porque no geral não está, mas ando triste com determinadas situações familiares e não consigo concentrar-me muito bem em nada. Não me sinto propriamente inspirada ou capaz. Ando descrente de uma forma generalizada. (quantas vezes vocês já não ouviram isto). Preciso de uma aventura para me sentir viva. Um tipo de aventura específico. Quero um fuck buddy. Acho que a idade dá-me esse direito. Tenho perseguido esse objectivo com mais dedicação agora que voltei às apps. Afinal é nas apps que eles estão. No entanto as apps não batem com o meu algoritmo e às vezes penso que sou só uma parva a fazer coisas estúpidas. Eu gosto de arder em fogo lento e as apps - assim como o resto das interacções actuais - parecem granadas. Ou é ou não é porque o mercado é grande e há sempre gente disponível para fazer o que nós não queremos. É bastante frustante.

 

Não consigo mover-me mais depressa. Embora eu não tenha perfil para manter um fuck buddy, começo realmente a sentir que o corpo pede e a cabeça precisa. É verdade. Sinto que agora que me aproximo dos 40 começo a ver o sexo do ponto de vista biológico. Parece-me mais cru, mais normal  também e sinto mais vontade de o fazer. Nem tudo pode ser mau. Esta coisa do sexo pelo sexo tornou-se uma meta pessoal. Quero divertir-me, tenho esse direito, assim como quero provar a mim mesma que sou capaz de voltar a fazer o que já fiz antes: ter sexo com alguém sem estar apaixonada por essa pessoa. (não costuma correr bem, mas... who cares?). É contraditório, eu sei. Prometi a mim própria nunca mais me envolver com ninguém sem gostar de. (mas acho que quando fiz essa promessa o que eu queria evitar eram relações insonsas perigosas). 

 

Digamos que apareceu alguém que poderia ser candidato a. PODERÍA. Futuro do pretérito. Aquele tempo indefinido em que a gente não sabe com que linhas se cose. Já nos encontrámos (na casa dele) e apesar da proposta estar em cima da mesa de uma forma muito clara e muito explícita, ele até foi bastante educado e cavalheiro, embora não se tenha coibido de dizer que se eu não estivesse interessada, ele passaria à frente. Um jogo que a mim me tira todo o tesão possível. Senhoras e senhores, nunca façam isso se não se quiserem f#der antes de serem f#didos. Ele é bonito, muito bonito, um Deus grego esculpido a dedo que pouco ou nada me diz. (que azar!). É mais novo (o que complica um pouco as coisas) e é de outra nacionalidade (o que também implica ajustes). Digamos que não é um homem quente como são os latinos. Sinto-me um pouco desconfortável dadas as circunstâncias, mas não deixo de estar um bocadinho interessada nas diferenças. O sexo para mim costuma ser uma consequência do envolvimento gradual entre duas pessoas e não um ajuste directo que é feito para dar jeito a ambas as partes. Eu até gostava de simplificar a minha vida e aproveitar o que as apps me estão a oferecer, mas não sei se consigo ultrapassar o fosso que existe entre nós. Consigo perceber que ele é um homem bonito (foi por isso que fiz like). Consigo sonhar com aqueles braços à minha volta e aquelas mãos no meu rabo, mas (ainda) não consigo pensar nisso o suficiente para não pensar no resto. Não sei se é porque estou neste estado meio vegetal ou se porque ele efectivamente não colabora. 

 

Ele acaba por se destacar num panorama onde não há muita gente, mas prevejo que desista muito em breve uma vez que foi logo anunciando que o faria caso eu não me chegasse à frente. Um mau principio que eu até perdoo em troca de bom sexo. O problema é que eu não quero mais uma decepção nesta altura do campeonato. E pelo perfil dele e a idade, fico meio desconfiada que aqueles músculos todos escondem um sexo pobrezinho e pouco nutrido. Ou então estou muito enganada (adoraria) e ele é um puro sangue escondido. Os homens mais novos não tem normalmente muitos recursos para utilizar a não ser o físico e é por isso que se ele já usou tudo o que tinha para me dar e eu não fiquei impressionada, ele não vai continuar a investir nisso quando isso resulta com a maioria. Se bem que eu desconfio que ele ainda vai tentar mais algumas vezes, antes de abandonar o barco de vez. Morri a rir quando ele disse - por mensagem, após o encontro - que apesar de parecer reservado e calado, no quarto era bastante activo. Como podem ver, estou a lidar com uma criança que ainda não aprendeu que os homens a sério não precisam de se gabar. É obviamente prematuro tirar conclusões precipitadas, mas eu já sou um pouco rata nestas andanças: será que ele vale a pena a queca que promete?

 

Às vezes apetece-me soltar a louca que há mim, chegar lá e mostrar-lhe como se faz, mas depois fico com receio - nem sei bem se de mim ou se dele. Ele pode estar habituado a cenas muito hardcore e eu não me aguentar. Sinto que preciso ultrapassar este trauma que tenho com o sexo e com o não conseguir disfrutar do sexo e com o não me considerar uma boa queca. Desde a última vez (há sensivelmente 2 anos) que esses pensamentos me toldam o juízo e já não são para a minha idade. Tenho de me deixar de merdas, caso contrário nunca mais farei sexo na vida e eu quero muito fazer.  A verdade é que o meu histórico sexual não é muito feliz. Perdi a virgindade com um tipo que conheci na faculdade. Nem ele nem eu sabíamos o que fazíamos (mas ele achava que sim e na altura eu não tinha termo de comparação). Umas poucas quecas a sangue frio, horrorosas e ficámos por aí porque ele não estava apaixonado. A seguir namorei um francês. O melhor namorado que tive e o pior na cama. (nunca foi fácil). Tentei conversar com ele várias vezes sobre a nossa famigerada vida sexual, mas para ele estava "tudo trés bien". Nada de perliminares, nada de sexo oral, nada de erecções prolongadas e viris. Depois dele houve a fase das quecas ocasionais sem amor que também não foram melhores até que chegámos a um tipo com quem havia uma química engraçada. O sexo com ele parecia sempre uma aula de cycling, suava imenso, ofegava como se tivesse a ficar sem pulmões e também não sabia nada de preliminares, mas havia qualquer coisa que me fazia querer estar sempre em cima dele. Os beijos encaixavam na perfeição, eram melosos e suculentos. E ele tinha a delicadeza de me abraçar depois de pinarmos, o que ajuda bastante a criar a intimidade necessária para a pessoa se sentir minimamente confortável. Não houve oportunidade de explorarmos mais porque não durou muito. Isto tudo na casa dos vintes.

 

Aparece então o meu ex. Não era um sexo fenomenal, mas era aquilo que - perante os restantes - me pareceu mais consistente e funcional. Muito mecânico, muito vocacionado para o prazer dele. Bastante fraco ao nível do sexo oral, mas eu também nunca fui de lhe fazer muitos agrados. Não havia de facto desejo nem paixão entre nós, eu sentia que era um dever ter sexo com ele. Em 3 anos de relação, devem ter existido 3 orgasmos. Depois dele, adoeci e refugiei-me em casa. Descobri os prazeres das masturbação e acho que me rendi um bocado a isso. O que acaba por ser muito normal depois do que vos descrevi. Ninguém conhece melhor os nossos corpos do que nós próprios. Há dois anos atrás, quando me envolvi com aquele tipo com quem tentei ir para a cama, foi a primeira vez que senti que estava realmente "a fazer amor" embora já ninguém use esta frase para descrever o acto em si. Não havia confiança suficiente para disfrutar disso, mas havia química, tesão e acima de tudo, verdade. O gajo chupuõu-me da cabeça aos pés e dormiu o resto da noite agarrado a mim como se eu fosse o último tigre da savana. É de uma pessoa ir às lágrimas meus amigos.

 

Agora vocês estão a perceber-me, não estão? 

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Well... sensivelmente um mês depois, continua tudo na mesma. So much panic, very little disco. Ontem no café, conversava com uma amiga sobre a merdice que é tentar encontrar um trabalho nos sítios mais pequenos mesmo que tenhas um honoris causa numa porcaria qualquer. Não é o meu caso, mas é o dela. De repente, aqui estamos nós, quase na meia idade, com bons currículos, a ver os putos que saíram da universidade há dois dias a entrarem pela porta grande de determinadas instituições por onde tu já passaste e não ficaste. Quando querias ficar e trabalhaste para isso. É de facto injusto. Sinto muito por ela. É uma dor de cabeça com a qual me solidarizo porque been there, done that até que decidi vender farturas para não me chatear (não são farturas, by the way, mas é parecido). Sinto o mesmo em relação aos homens. Tive problemas, desilusões severas, manias das quais me precisava desprender. Afastei-me das relações e das pessoas por um tempo indeterminado. Mergulhei de cabeça em mim mesma. Trabalhei muito internamente, melhorei-me bastante fisicamente e agora que me sinto bem (uma espécie de semi-usado bastante valorizado), continuo estacionada no stand.

 

E não me venham com as tretas do costume. É óbvio que eu sou feliz sozinha. Nunca disse que não era. Não a pensar cortar os pulsos. Antes eu nem tentava, portanto os resultados não me afligiam, mas agora eu até que tento e continua a não dar certo. Se falo com alguém numa festa ou num evento, essa pessoa tem uma certa tendência para fugir de mim ou evitar-me. Se adiciono através das redes sociais, por norma aceitam o pedido, seguem-me e depois excluem-me. What the fuck?!  Se convido alguém que conheci nas apps para tomarmos um copo, depois de terem eles próprios sugerido isso, cortam-se. Afinal, já tinham planos para o dia em que disseram que não tinham. Está tudo louco ou só parece? Eu não sou feia, eu não sou chata, eu não sou de se deitar fora. Soooo, começo a achar que o meu amigo que vê-cenas-do-além tem razão. Eu devo ter mesmo uma amarração. Inquebrável pelos vistos. Tenho tentando muito sair da minha zona de conforto, ultrapassar as minhas dificuldades de socialização e submetido-me a vários testes. Uma conversa agradável correspondida seria um prémio bem bom. Alguém que consiga alimentar a esperança de que isto vale a pena perto dos outros e não o contrário. 

 

Nos entretantos, ou seja mais ou menos em 30 dias, já instalei e desinstalei as apps várias vezes. Instalei com o propósito concreto de encontrar um estrangeiro - suspeito que das américas - com o qual já me cruzei várias vezes perto do meu local de trabalho. Ele sim, o viking original. Nunca o encontrei. Ontem ele estava no café e eu derrotada, não fiz nada. Nem sequer olhei. Estava sozinho. De conversa com os barmans. O outro, o último de quem vos falei, a versão viking do aliexpress, não passou de um flop. Como todos os outros. Só precisei de duas frases para perceber o erro que tinha cometido. "Detesto caramelo", foi a maior red flag dos últimos tempos. Se o universo tem alguma coisa para mim, eu começo a desconfiar que só me vai entregá-la quando eu estive no lar. 

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Não interessa agora o que é que aconteceu nos entretantos, hei-de lá ir quando me apetecer, hoje não me apetece muito. A grande novidade - not sooooo new - é que instalei novamente uma dating app. A única mais utilizada neste pedaço de terra e a única que me permite lá estar sem me identificar. Não estou a utilizá-la com o objectivo para o qual ela existe. Ou será que estou? O que é que eu procuro? Hummm... Tenho-na activada nem sei bem porquê. Normalmente tudo o que lá anda é muito under the rate.

 

Sucede que o primeiro match nesta app foi com um jóve que me pediu para verificar as fotos, coisa que eu não fiz, mas fui pesquisá-lo nas redes, claro. É pai de uma criança, mas não tem fotos com nenhuma mulher. Tipico. A menos que ele seja um Cristiano Ronaldo, a criança há-de ter mãe, resta saber se coabitam debaixo do mesmo tecto ou não. Ontem encontrei-o na Loja do Cidadão. 

 

Tem pinta, o puto. Resta saber se tem conversa. Ou outras habilidades na falta de. Neurónios uma pessoa já nem espera que tenha. Braços tatuados, um puxinho meio viking, calção, chinelo no dedo. O Verão ajuda, claro. Não me desagrada, confesso. Apesar de ser um pouco magro. Lá no profile está explicito que só quer uma cena casual. Faço-me de parva e adiciono-o nas redes? Ou tudo o que vem à rede, neste caso, não é peixe? P.s 1 - mudei o layout do blog porque achei que na falta de melhor, estávamos a precisar de uma bolinha vermelha :P Ou qualquer coisa vermelha. P.s 2 - a foto do post é meramente ilustrativa; o jóve não se parece com o Ragnar caso tenham ficado com a dúvida.

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Espero ter acabado com os meus problemas: DELETEI as dating apps e tão depressa não me meto lá! Afinal de contas eu estava no sítio errado, à hora errada, no meio de gente provavelmente errada. Não quero investir em gente "longe da porta". Não quero "viver" coisas online. Étereas e ridiculas. Tenho de parar de escolher homens-impossíveis e tenho de me focar em gente perto da porta. Toda a gente das redondezas arranja uma tampa para a sua panela, porque é que eu é que não consigo? A última espécie, o menino tóxico, continua a enviar-me mensagens. "Bom dia", "boa tarde", "boa noite". Parece um relógio de cuco. Não estou à espera que ele me peça desculpa (até porque como ele diz, ele não fez nada de errado, certo?), mas por momentos pensei que pudesse fazer-se passar por meio arrependido. NOT. Não lhe respondi. Hoje, voltou a meter conversa e como eu estava online, respondi. Respostas evasivas ao mesmo nível das perguntas dele. É pura estratégia, pode ser que se vá fartando até caçar outra (algo que não deverá demorar muito tempo até acontecer). Tenho pena dele. Tenho e não tenho. Tenho pena porque leva uma vida desgraçada, no entanto, foi ele que assim quis. Acho que quando estamos muito desconfortáveis com as nossas vidas ralamos o que for preciso para as mudar. Se ele não a muda, então é porque gosta dela assim. Não consigo ver nada de bom no horizonte desse rapaz, mas já lá vai o tempo em que eu achava que podia mudar o mundo, sobretudo o dos homens. 

 

Entretanto, um tipo bastante aborrecido (chamo-lhe de azulejo por causa do padrão das camisas que costuma utilizar), convidou-me para um café pela 78ª. Disse-lhe que sim. A estratégia é mesma. Deixá-los cansarem-se sozinhos. Acho que estou naquele ponto em que prefiro limpar os palhaços todos de uma vez. Perguntou-me se podíamos trocar números (estávamos a conversar pelo messenger) e eu disse que sim. Não é que a criatura me enviou uma mensagem para o telemóvel a dizer "olá"? Eu não lhe ia dar outro número... Tive de lhe perguntar se por acaso ele pretendia manter a conversa em dois suportes diferentes ao mesmo tempo... Eu faço isso com as minhas amigas, mas não tenho propriamente vontade de fazê-lo com ele. Já é um esforço inglório manter a conversação numa via, imagina em duas... Jesus, dá cá uma vontade de cortar os pulsos... Ando tão fartinha das pessoas, tão, mas tão fartinha... Mulheres, homens, tudo. Os últimos meses também não foram felizes em matéria de amizades. Estou a precisar de renovar os meus contactos a todos os níveis. Vou olhando para isto como uma espécie de formação on job, mas sinto-me a estagiária a quem toda a gente faz promessas, mas ninguém contrata. 

 

Quero demitir-me se for possível. Infelizmente, a vida adulta não o permite. Quando mais selectiva uma pessoa fica, menos graça parece que isto tem. Ser solteira aos quase 40 devia ser muito mais divertido. Ando desmotivada, mesmo ao nível dos treinos. Tenho-me baldado e só lá vou na força do ódio. Começo a suspeitar que as previsões do meu horoscopo estão erradas. Um ano que se avizinhava tão positivo no campo do amor, começou assim, com o apocalipse instalado. E não me venham dizer que ainda falta muito porque eu sei consultar o calendário. Estou a precisar de sair. Tenho saudades de uma noitada. Uma noite para me "aprodecer" um pouco e jurar no dia seguinte que nunca mais se volta a repetir. Não é meu costume, mas sinto que é o que é preciso. Soltar a franga porque ela coitadinha tem vivido demasiado oprimida. 

 

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Eu preferia conhecer pessoas na fila do supermercado. No mecânico. Na farmácia ou no café. Não sucede. (até porque desses sítios todos, o que me vê assim com mais frequência é o supermercado). Cada vez que meto o pé nas apps, assusto-me. (se bem que me deram muitas alegrias no inicio do ano). Qual é o problema principal da coisa? O mesmo da vida real: as pessoas não sabem conversar. As pessoas falam muito, mas não conversam. E eu, infelizmente, tenho um defeito terrível: quando a conversa não me prende, eu desligo e não consigo disfarçá-lo. Outro dia, um rapazolas com quem me cruzei uma vez no supermercado - lá está - adicionou-me nas redes. Trocámos três mensagens - basicamente os dados do cartão de cidadão - nome, idade e localização. Ao despedir-se disse: "curti BUÉ FALAR contigo". Claro que eu não curti uma coisa que só aconteceu na cabeça dele. Eu sei que ando chata e pouco disponível, mas sempre fui assim. Exigente. Ou esquisita. Como diz a outra. A seguir ao impacto visual - a primeira coisa que nos faz aceitar ou rejeitar uma pessoa - vem a conversa e é justamente nessa fase que os-que-não-dão-nas-vistas, os-que-dão-assim-assim e alguns-capa-de-revista se esbardalham. Nem sequer se trata do físico. Nunca é só o físico. É o conjunto e o que a pessoa consegue fazer com ele. Muitas vezes não passa de uma questão de marketing e de como cada um se vende.

 

Tinha uma app. Instalei a segunda. Provavelmente vou-me desfazer das duas (muito em breve). É um sistema um bocado cansativo. Cria expectativa, arrasa expectativa, cria expectativa, arrasa expectativa... até chegar à vontade súbita de exterminar a raça humana. Há uns dias comecei a falar com um banana. Cada vez que ele interage, envia uma foto - uma selfie que não só o desfavorece MUITO como lhe dá um ar de total psycho  - sem eu pedir sequer. Quando me perguntou o que é que eu gostava de fazer nos meus tempos livres, respondi: "planeio viagens que nunca chego a fazer e limpo a casa". Que entusiasmo, né? Hey, ao menos não menti, tá? Cada vez que falo com alguém fico com vontade de voltar a fazer um isolamento profilático... até porque não acredito muito nas dating apps como via de e portanto uma pessoa não pode ESTAR à espera de um milagre num sítio onde não gosta de estar. Este Verão, saí com vários rapaze como já vos tinha dito. Cafés-triagem. Um deles - antigo colega de escola - convidou-me para um café e eu aceitei. Depois do café, convidou-me para sair e eu recusei - porque nesse dia estava KO e nem o Papa me tirava de casa. Ele respondeu-me "já sabes, não convido mais, quando quiseres diz alguma coisa". Claro que eu não disse e claro que eu não quis assim como ele também não voltou a dizer nada. E pronto, fim da história. Passa ao próximo.

 

Assim de repente, consigo lembrar-me de 50.000 programas engraçados que se podem fazer com uma pessoa, porque é que as pessoas não se dão ao trabalho? Que raio de vida é esta que a maioria da malta finge que está a viver? Eu sou uma cortes, pois sou, mas pelo menos esforço-me por viver a sério aquilo que decido viver. Dentro dos limites, claro. Vocês sabem que lá de vez em quando me dá a travadinha e não consigo enfiar-me num avião. Falo muito com uma amiga sobre estas coisas, sobre o amor liquido, esta coisa que escorrega pelos dedos e que é fruto dos tempos que vivemos. Queríamos ser muito modernos, não era? Pois então tomem lá disto. Coincidência ou não, ontem li o desabafo de uma professora de História nas redes sociais. Adepta das redes, dizia que ainda não se tinha rendido ao TikTok, nem ao Reels, nem ao vídeo. Que escrevia os textos, colocava o telemóvel a gravar, mas quando chegava a hora de falar em frente ao ecrã simplesmente não conseguia. Porquê? Porque não gostava de falar para o outro, gostava de falar com o outro. Que era de pessoas, não era de ecrãs. E isto é o social de hoje em dia, um monte de gente a falar sozinha, não é? Talvez seja por isso que alguns de nós vêm aqui escrever duas ou três coisas que não são ditas em mais lado nenhum porque (já) não há espaço para isso. Já só há espaço para vidas pseudo perfeitas ou para vidas pré feitas a pensar no lucro e nos dividendos que esse conceito pode gerar. Está tudo assim, no geral, muito dessinteressante. Resta esperar pelo horóscopo de 2023 e cruzar os dedos. LOL. 

 

P.s - entretanto, volta e meia falo com o mocinho. Não aquece nem arrefece, mas também não vai.

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