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O Sexo e a Periferia

Entre a Carrie Bradshaw e a Bridget Jones. Com muito menos glamour, é claro.

Nem sei por onde é que hei-de começar: pelo fim - para parecer mais épico - ou pelo século passado. Tudo o que me sucedeu aos 39 carece de explicação científica. Já lá vamos. O preâmbulo: fui de férias - regressei de férias. COM UMA GRIPE. Há lá coisa mais divertida do que passar 8 dias a tentar engolir a própria saliva e não conseguir? Não foram, obviamente, dias fantásticos, mas olhando para a big picture, correu tudo bem. Fiz muitos quilómetros e vi muita coisa. Nada impressionante na verdade. Já estou de regresso ao trabalho e à vida doméstica. Continuo exausta e abatida. Não esperem demasiada emoção. Ando drunfada de paracetamol.

 

O que é que aconteceu de relevante então? Tivemos - TAL COMO EU JÁ DESCONFIAVA E PREVIA - a oficialização da relação do R. com a "nova" namorada. No espaço de 6 meses, a criatura divorciou-se, envolveu-se comigo e voltou a meter-se numa relação. Nos próximos 6 meses, suspeito que tenha mais um filho. Visitei o perfil dele num dia, ao acaso e não havia "oficialização". Uns dias depois, voltei a visitá-lo e já havia... MAS COM UMA DATA ANTERIOR AO DIA EM QUE EU LÁ TINHA IDO CUSCAR. Houve uma certa dúvida em partilhar a notícia comigo. O porquê? Não sei. Têm palpites? Não era nada que eu já não soubesse. Oficializar uma relação no facebook para mim só significa uma coisa: AZEITE! Acho que esta manobra dele é - para além de imaturidade e falta de consciência - um contra-ataque muito direccionado à ex-mulher. Eu sou só uma peça fora do puzzle que ele não sabe bem onde encaixar. 

 

Esta urgência dele de ter que dar nomes às coisas é obviamente um defeito de criação. A história de vida dele justifica isso. Não o posso condenar. Alguém que nunca teve casa e família deseja muito ter uma. No entanto, eu não consegui lidar com a pressão. Ele precipitou-se e eu também. Lembrava-me imenso o meu ex e isso afligia-me bastante. Fui-me afastando e quando ele percebeu, não contou mais comigo e eu compreendo. Não deixa de ser uma cobardia. Às vezes sinto isso. Eu ter-me afastado porque não queria lidar com as impaciências dele e ele ter-se afastado porque viu que não me dava a volta como pode dar a alguém mais simples e menos complicado. É um misto de remorso, cobardia, tristeza e admiração, tudo junto. E é uma das misturas mais estranhas da minha vida.

 

O problema é que essas misturas estranhas trazem sempre adrenalina. Shots de vida. Pilas tesudas. Não consigo apagar da minha cabeça o melhor sexo da minha vida (pelo menos até agora). Havia muito tesão entre nós. Muito, mesmo. Não o queria propriamente para namorado, seria demasiado arriscado para alguém tão medricas como eu. Queria divertir-me. Ele disse-me uma vez que ninguém traía ninguém e não estou com vontade de testar isso... embora eu tenha descoberto, recentemente, que também tenho um lado bem perverso. Ele visualizou e reagiu a alguns stories meus durante as férias, mas desde que oficializou a dita relação, nunca mais "apareceu". Não pode, né? Eu também nunca mais postei nada. Acho que tenho algum receio de o fazer porque não sei como me vou sentir 1) se tiver alguma reacção ou 2) se não tiver nenhuma reacção. O que eu sei é que ele seguiu o seu caminho e eu tenho de seguir o meu. Fartei-me de pedir nas igrejas todas por onde andei que o saquem fora se ele não for para mim. Não é fé, é desespero.

 

Esta história sai tão fora do guião que eu temo não ter controlo sobre ela. Mais honesta não posso ser. "Não sou capaz de andar com homens casados, não gosto de  homens mais novos". Não quero dizer que nunca mais nada porque pode correr mal. Não percebo como é que eu estava a ir tão bem e a mensagem dele veio reacender tudo. Na altura em que me senti usada, fiquei muito desiludida. O meu corpo crashou, não conseguia aproximar-me dele apesar dos convites que ele me fazia. Tinha medo de me magoar. Agora, agora não posso garantir como reagiria se tivesse oportunidade e esse pensamento atormenta-me um pouco. Não vos vou mentir. Nem sei como explicar isto... mas, estando ele namorado é como se existisse também uma determinada "segurança". É mais um motivo para não podermos ter uma relação e ter uma relação com ele era o que me angustiava mais e o que eu embora desejasse, não queria... No entanto, não deixa de ser um sistema em que sempre joguei, o dos homens indisponíveis. Bom, não vale a pena tentar o capeta. Tenho de confiar no meu discernimento. Vou ser capaz. Vou aguentar-me. 

 

Contudo, volto a dizer o que já disse antes: há uma certa velocidade nisto que eu não deixo de invejar. Ele tem sido o centro da minha vida este ano e por mais que eu o queira ignorar, é evidente. Conheci-o na sequência de uma série de experiências tristes. Envolvi-me com ele. Resisti e ele desarmou-me. Quando fiquei com o coração apertado, enfiei-me num avião e fui ter com um amigo meu. O aperto não melhorou. Fui resistindo. Voltámos a falar. Apertou mais. Enfiei-me noutro avião, outra vez. Tenho a 3ª viagem deste ano agendada para Outubro. Durante as minhas férias senti-me a Elizabeth Gilbert do Eat, Pray & Love. Estou quase a dar a volta ao mundo pr'a nada. E olhem que me custa muito entrar dentro de um avião. Se ele não servir para mais nada, serviu pelo menos para uma coisa. Toda a minha vida a minha grande preocupação foi sempre a de aprender a dizer NÃO. Aprender a seleccionar. Aprender a escolher. Aprender a rejeitar. Acho que estive quase sempre errada. Tudo o que sinto que preciso é do contrário. Eu nunca disse SIM. Eu não sei como dizê-lo. Eu não consigo. 

 

É por isso que talvez esta história - e este ano - estejam de certa forma a ser tão penosos. Estão a levar-me o cebo. Não é que seja a história nem a pessoa ideais para dizer SIM, todos sabemos isso. Ele funciona num sistema diametralmente oposto ao meu. Eu sempre achei que o meu era seguro e funcional e se calhar não é tão verdade assim. Nunca se metam com crianças. Elas são terríveis.

Coisas que eu não devia ter feito desde a última vez que escrevi: aceite o pedido de amizade do rapazinho que levei para casa embriagada. Coisas que eu devia ter feito: continuado a ignorar as mensagens dele. Coisas que eu fiz: sexo, sexo, sexo! Coisas que me arrependo de ter feito: TUDO! (bom, o sexo não posso dizer que não foi bom). Daqui a poucos dias faço 40 e encerro os 30 com este capítulo misericordioso! Se o universo me continuar a tratar assim, não sei como é que vou chegar aos 41! Não sei mesmo, juro!

 

A criatura que eu conheci é possivelmente casada (e eu sabia disso quando o levei para casa, sabia, mas não estava em condições de reagir em consonância com os factos). Está "supostamente" a meio do processo de divórcio - diz ele - sendo que a ex-mulher-ainda-mulher é mais velha do que ele (mas não tão velha quanto eu). Digamos que ele está na base da pirâmide, ela no patamar seguinte e eu acima, no topo da cadeia. Foi pai há 3 meses. Exacto. Tem uma cria de 3 meses (que diz que visita todos os dias). E esteve casado uns 7 meses tendo a relação no total durado 2 anos (se é que está realmente terminada). Perdeu a mãe aos 14 e entretanto viveu em instituições. Ele e os irmãos (que são uns duzentos mais ou menos). Começámos bem. Partilhámos medos e dores, tanto ele, quanto eu e um pouco das nossas histórias (que não são de todo fáceis de partilhar). Criámos uma intimidade estranha em pouco tempo, mas aparentemente saudável e segura. Sentia-me confortável com ele e sentia-o presente, disponível, interessado. A nossa energia batia. Entre lençóis e fora deles. Senti-me, de repente, 20 anos mais nova (é este tipo de droga que nos pode lixar para sempre). Tentei não julgá-lo muito e entreguei-me ao processo (mas de vez em quando perguntava-me "o que é que tu estás a fazer com a tua vida?!"). Ele tem tudo aquilo que sempre foi decisivo para mim, para seleccionar pessoas. Desta vez, não o fiz. Se calhar porque como nunca tive grandes resultados, arrisquei ir por um caminho diferente. Embora as coisas estivessem a fugir-me um bocadinho do controlo, havia nele uma coisa que me prendia: pureza. Achava-o muito inocente, alguém bonito, machucado, mas com o coração no lugar certo. De repente, caiu um meteorito no paraíso.

 

Ele viajou em trabalho e durante os dias em que esteve fora revelou-se alguém demasiado carente, chato e manipulador (não são todos hoje em dia?). Perguntava-me todo o santo dia - de 5 em 5 minutos - se eu tinha saudades dele fazendo com que eu me sentisse quase obrigada a dizer uma coisa que eu, na verdade, não sentia. Chegou ao cúmulo de, após uma videochamada, me enviar uma mensagem a dizer "eu sei que não estavas sozinha". Alto e pára o baile! O histórico dele é mau, mas um comportamento assim é ainda pior! Deixei de lhe responder. Não dou a minima possibilidade a comportamentos deste tipo. Ligou-me várias vezes, fez um drama daqueles, pediu perdão, disse que se ia emendar e perguntou se podíamos continuar a falar porque se sentia muito bem ao meu lado. E disse que só me pedia uma coisa: que no dia em que eu não quisesse saber mais dele que por favor lhe dissesse e não o enganasse. Este episódio impactou-me muito. O meu ex era manipulador. Prometi a mim própria que não tolerava mais nenhum. O meu entusiasmo foi esfriando de tal forma que eu não consegui disfarçar mais. Voltámos a conversar e eu disse-lhe que não estava interessada em continuar envolvida numa "situationship" deste tipo. Diagnostiquei-lhe um monte de  patologias, apontei-lhe um monte de defeitos e disse-lhe que tinha sido apenas uma aventura, que amanhã já nenhum de nós se lembraria dela. Ele disse então que se ia afastar. Muito ferido, dizia-se ele, postou uma foto no face com uma frase de fazer chorar os cactos do deserto. Um drama, outra vez. Tudo nele era intensidade a mais. Comecei a recuar, fiquei angustiada e em alerta, mas senti que podia ter sido dura mais. Quando os nossos triggers são accionados temos tendência a reagir ao ataque com a artilharia toda que temos. Voltei ao contacto e estivemos juntos novamente. Porém, agora, sentia tudo diferente. Menos disponível, menos conversador, menos presente como se fosse um corpo sem alma e eu confesso que estava a gostar das duas coisas.

 

Questionei-o e ele disse que estava tudo bem, que não se tinha distanciado, que estava apenas com muito trabalho, mas que queria continuar como nós estávamos. É óbvio que as coisas não estão bem, mas ele não quer falar disso. E não querendo falar disso, eu também não quero. A última vez que estivemos juntos, convidei-o para jantar e acabámos enrolados no carro. Senti-me um bocadinho usada, como se ele agora só me utilizasse por me utilizar, vocês entendem. Por muito que eu desejasse viver o que não vivi aos 20s nem aos 30s, acabei por compreender que o meu lugar aos 40s não é no carro de ninguém. Muito menos de um puto de 25 anos. Ele voltou a viajar em trabalho. Tem-me enviado mensagens. Não lhe tenho respondido. Pelo que vi na barra de notificações, a última dizia "Já entendi". Umas vezes penso que ele é extremamente sensível e inteligente, outras acho que ele é a ponta de um iceberg sem fundo. O que é certo é que não me sinto segura a andar nesta montanha russa onde eu entrei porque quis, mea culpa. Todas as minhas escolhas têm sido péssimas. Pergunto-me eu se necessárias? Foi sem dúvida o sexo mais fogoso da minha vida, não posso nem chegar perto dele que receio cair em tentação. Em troca disso, baixei um pouco as barreiras de protecção, consenti coisas que nunca tinha consentido na vida e provoquei uma fuga no meu próprio sistema de valores. Estou confusa. Não morri, não me falta um braço, nem uma perna, mas sinto-me estranha. Tenho dormido mal. E voltei a sentir ansiedade. Tudo coisas que eu não quero sentir e que já não sentia há imenso tempo. Posso me ter iludido um pouco e é por isso que não estou bem comigo. Como é que me deixei levar?

 

A verdade é que ele não tem nada para me dar. Gente, nem uma TV ele consegue comprar porque o crédito não é aprovado. Por muito que eu estivesse a precisar de sexo, o que eu realmente quero é alguém que divida os Domingos comigo. Alguém que preencha o vazio da minha vida, me mostre coisas que eu não conheço e que essas coisas não sejam becos escuros onde se vai para se dar uma. Achei honestamente que, mais uma vez, ele podia surpreender, mas não. (como é que é possível que eu ainda tenha esperança?) Assim como eu achei que eu podia ser alguém desse tipo, mas não. Foi só mais uma aventura dolorosa de processar e assimilar. O universo tem-me dado realmente aquilo que eu tenho pedido, talvez para me mostrar que estou completamente errada. 

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Encontro de Março agendado. Checked! Um pequeno insight só para vos informar que continuo a fazer por manter as estatísticas. Um encontro por mês é o mínimo. Se forem mais, melhor! Se forem daqueles que enchem o olho (e a alma), soltem os fogos! O de Fevereiro foi com um amigo que vive longe, mas decidiu vir ao interior ostracizado passar uns dias. O casamento está a desmoronar e ele não quer pensar (muito) no assunto. Somos apenas bons amigos, mas vale como encontro, certo? Dêem-me um pouco de descanso que ainda estou a recuperar do de Janeiro.... Uma pessoa não pode começar assim à bruta, né? Primeiro é preciso aquecer! No caso do de Março, o interesse é exclusivamente gastronómico porque se trata de um jantar num novo spot aqui da zona. Como recusar? O rapaz, por sinal muito mai novo do que eu, é amigo de família. Estivemos juntos num evento, há uns dias. Eu, ele e a namorada dele que vive fora, mas estava cá nessa data. Perguntei se já tinham lá ido e ele respondeu que ninguém o queria acompanhar. Eu, que estava exactamente com o mesmo problema, ofereci-me. É o chamado win-win.  Disse "vamos combinar um dia". Notei-lhe um certo rubor na face, mas pensei que não tinha haver com o sugerido... Parece que tem. Então não é que a criatura esperou a pobre da rapariga ir-se embora para marcar o jantar? Onde é que se aprendem estes truques malta?! "Estamos por nossa conta" escreveu numa das mensagens que me enviou. A ousadia da experiência tem-me divertido muito, confesso. Apesar de não existirem segundas intenções - pelo menos da minha parte - tudo nesta vida é aprendizado, então bora lá aceitar o que a vida acha que (ainda) me falta aprender. Hastag #DeusNoComando

 

Porém, vocês devem estar a preguntar-se o que é que aconteceu ao do mês de Janeiro, o TAL. Há obviamente pormenores da história que vocês desconhecem e portanto, vou tentar resumi-los. O fulano não era destas bandas. Só podia, né?! O gajo que escreve o guião não ia facilitar porque isto tem de render mais umas 10 temporadas, tipo telenovela da TVI. Vive lá para os lados da capital, estava na aldeia em trabalho e em breve, por causa de trabalho, há-de andar dentro e fora de Portugal. Conhecemo-nos numa app. As amigas insistiram, ou melhor, UMA amiga insistiu, e eu lá me fui deixando ficar sem grandes expectativas. Apareceu ele. Enviei foto a uma delas, a que trabalha no hospital das redondezas e conhece meio mundo, não o conhecia, mas acrescentou "giro". Se passasse por ele na rua, não me chamaria a atenção confesso, mas como ela disse isso, pensei: "porque não?" e deixei-lhe um like. Deu match. Conversámos durante uns dias e voilá!, propus-lhe um encontro. Não sou muito de me chegar à frente, mas a conversa estava TÃO boa que eu comecei a sentir coisas (coisas que não sentia há muito tempo, como por exemplo uma vontade louca de estar com ele 24 horas por dia). Quando o conheci achei-o magro e pequenino. Assim tipo, "se apanhar uma constipação não se aguenta". Na realidade, depois de lhe ter tirado as medidas, não é assim tão magro e pequenino. Digamos que a forma como se veste não o favorece muito. Também o achei deprimido, derrotado, desacreditado. Tudo  negro. Partilhámos imensas coisas dificeis.  Falou muito do trabalho e da relação de muitos anos que tinha acabado recentemente. Estava entre mudanças e isso é sempre complicado até nos reorganizarmos novamente, no entanto não significa que não possamos disfrutar da companhia dos outros (mesmo sem saber muito bem o que fazer com eles).

 

Portanto, deprimido, indisponível e forasteiro, três circunstâncias pouco interessantes que eu achei as ideais. Eu a ser eu, claro. O facto de não haver qualquer possibilidade de futuro - e de nunca mais nos vermos - deixou-me muito mais relaxada (coisa que só acontece quando eu recorro ao tinto). Se calhar é para isso mesmo que as apps servem. Para tentarmos. Para explorarmos. Para testarmos. Tirou todo o peso da coisa, mas não (me) tirou os nervos! Imaginem. Fiquei sem dormir, sem comer e sem raciocinar. Esta última parte até que me fazia falta. (e a segunda talvez tenha calhado bem). Pensar demais é um fardo. O que é que, na loucura, poderia acontecer? O mesmo de sempre: nada. O problema é que eu não me consegui enganar durante muito tempo. Diria mesmo que foi uma questão de segundos. A dada altura do encontro consegui fazê-lo sorrir e de repente pensei: "aiiii, já fooooste". Naquele exacto momento percebi que me podia apaixonar fácil. Assim. Sem necessidade alguma de ter mais informações sobre a criatura. Foi muito instântaneo. Há anos que isto não me acontecia. Para vos ser totalmente honesta, acho que nem com o meu último namorado isso aconteceu. E não estou a ser exagerada. Ao constatar esse facto, entrei um bocadinho em pânico. Só um bocadinho. Era só o que me faltava. Então uma pessoa acha que a sua vida acabou, que já viveu tudo o que lhe estava reservado e de repente... um estranho sorri-lhe e a pessoa vira os pés pela cabeça! Plot twist!

 

Os dias seguintes foram um martírio como vocês devem imaginar. Um braço de ferro entre a vontade de me atirar de páraquedas em queda livre e o ficar sentadinha, tranquila da vida, no cimo do monte a apreciar a paisagem. Foi (bem) dificil porque eu penso 10000 vezes numa coisa antes de a fazer e para a fazer preciso de ter vários planos de backup, mas sentia-me como nunca me tinha sentido: com uma vontade louca de 'vamo lá partir isto tudo'. Houve, entretanto, uns distanciamentos e a dada altura, eu recuei. Achei que seguindo em frente me ia desgraçar... O que acabou efectivamente por acontecer, foi só uma questão de agenda. Aconteceu e eu não sei como nem porquê. Quer dizer, da minha parte sei. Da dele não, mas também não vale a pena pensar muito no assunto. O que é que me fez saltar? A consciência de que estas coisas não acontecem muitas vezes na vida e a certeza de que não me perdoaria se não o fizesse. Eu queria muito. Acho que a maturidade também é isto: assumirmos o que queremos. Convivermos bem com os nossos desejos e fazermos os possíveis para os realizar. Não pode ser muito diferente disto: tentarmos ser felizes, né? Quando a gente sente, a gente sente. Não dá muito para explicar. F#d@d% vai ser subir o monte outra vez. Como é que se vive depois disto? Depois de uma coisa com alma? Depois de uma química porreira? Ha Ha Ha Ha. O gajo que escreve o guião deve andar a divertir-se muito. Deve, deve. Espero que ele tenha preparado bem os próximos capítulos. Trocámos umas mensagens, poucas, e não mantemos contacto directo, mas... para que não restem dúvidas, eu faria tudo outra vez e sem pestanejar muito. 

 

Foi o que foi (com uma peninha muito grande por não ter sido mais). Bateu forte cá dentro, vocês já perceberam. Continuo acreditar que a vida sabe exactamente o que põe e o que tira do nosso caminho. Não vale a pena questionarmo-nos muito sobre estas coisas. Foi bonito. Um raio de sol brilhante no meio de um Inverno exigente. Fico com isso. Para sempre. 

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Hoje resolvi escrever-vos sobre uma amiga. Alguém que entrou na minha vida nos últimos tempos e que tal como eu está a atravessar um deserto. Juntas a travessia tem sido bastante mais divertida, embora não saibamos a sua distância concreta. Tem dias em que parece pelo menos mais leve. É uma sorte, não deixa de ser, encontrar alguém que está no mesmo timing do que nós. Parece mais fácil consegui-lo com amigos do que propriamente com amantes. Aproximámo-nos quando ela puxou um assunto que me era dificil e eu deitei tudo pra fora. Ela podia ter fugido. As pessoas têm o hábito de. Ela ficou. E assim, apoiadas nas nossas dores, a gente tem rido quando é possível. 

 

Os processos de regeneração são uma prova de resistência. A pessoa acha que vai sucumbir umas 300 vezes até perceber que afinal é mesmo assim: aguentar, calar e tentar não enlouquecer. Os processos de regeneração entram em cena depois dos lutos ou em simultâneo com os lutos. Não são fáceis, mas supõe-se ou espera-se que nos façam crescer. O que é que nós fazemos com aquilo que aprendemos é que me parece suspeito. Há dias em que duvido muito da aplicação de tanto conhecimento. Será que serve mesmo para alguma coisa? Será que contribui efectivamente para fazermos melhores escolhas? Para tomarmos melhores decisões? Para sabermos o que queremos? 

 

Essa minha amiga - que é a mesma a quem "A pessoa", a tal pessoa, enviou mensagens - divorciou-se há uns 3 anos embora o casamento já tivesse terminado há muito. Um casamento daqueles com direito a tudo. Desde então tem conhecido muita gente sobretudo através das redes sociais. Até se entende, o meio é pequeno, a informação circula rápido: há mais uma disponível no mercado. Acho até que existem homens que vêem nessas situações um certo oportunismo, "está carente, logo deve ser fácil". Não podiam estar mais errados. A carência está lá. Está sempre. Mas a dor também. Ninguém muito despedaçado vai saltar para outra relação de corpo inteiro. Falamos imenso sobre as pessoas que estamos a conhecer. Bom, que ela está a conhecer. Quanto a mim vocês já sabem... 

 

Outro dia, ela apercebeu-se de uma coisa que fazia com os amigos mais próximos. Mantém-nos sempre por perto, mas na realidade não avança a sério com nenhum. Sempre que os vê a fazerem progressos com outras pessoas, contra ataca. Pede satisfações, faz barulho, reclama e depois larga de novo. Ela sabe-o. E tem vergonha de. Tentei fazê-la perceber que a carência estava a desorganizá-la e que ela tinha de parar com isso. Não há pior coisa do que dar com uma mão e tirar com a outra. De repente, ela perguntou-me: "mas se eles gostam mesmo de mim porque é que eles não lutam, não ficam e não me dão provas?" Oh, mulher! ninguém fica onde sente que não é desejado. Regra básica. Todos sabemos muito bem quando nos querem e melhor ainda quando não. Acho muito perigoso quando alguém pensa assim, embora todos nós já tenhamos pensado assim. No fim de contas andamos todos despedaçados a embater uns nos outros à espera que alguém nos salve. 

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Pois é meus amigos, adivinhem lá?! Isso mesmo... Continuo solteira! Solteiríssima. Confesso que começo a entrar numa zona em que sinceramente, olhem, quem não quer ningúem agora sou eu. Estou um bocado farta disto. (seja lá o que isto for). Estou farta de não estar farta de alguém. Talvez seja isso. Não há ninguém interessante, não aparece ninguém interessante e não sei onde vou descobrir alguém interessante. Às vezes eu própria não me sinto interessante e quanto mais tempo passo solteira, mais vezes essa ideia parva me passa pela cabeça. As aplicações não funcionaram, o resto (muito limitado por causa do Covid) não funcionou, nada funcionou, nada está a funcionar. Vou esquecer o assunto. Passo a escrever sobre o quê? Culinária?! Lo que sera, sera.

 

Tenho algumas amigas que se estão a divorciar agora ou que se divorciaram recentemente, (é o que dá a malta começar cedo demais), e optaram por curtir a fossa pela via do degredo. (nem vos conto). Mudaram radicalmente a sua postura, uma coisa que me faz muita espécie honestamente. Começaram a postar muitas fotos nas redes sociais, (a sensualizar, claro), assim como muitas frases (aquelas indirectas que são a primeira pista de que não estão tão bem como querem fazer parecer). Não é muito a minha praia se é que me entendem. As minhas fossas, quando as tenho, gosto muito de as curar em casa, recolhida no meu sofrimento. Essa coisa de curar a ferida de cão com pêlo de outro cão não é para mim. Aliás, não me parece que seja para ninguém porque o resultado pode acabar por ser, na maioira das vezes, bem pior. Quando a pessoa está carente, só faz merda. Os lutos fazem parte do crescimento. Não me parece que seja assim muito boa ideia passar por cima deles ou evitá-los. 

 

Outro dia, falava com uma colega do ginásio (instituição aonde eu não tenho ido ultimamente e convinha voltar pensar no assunto seriamente) sobre o luto. Ela, divorciada há 3 anos, reclamava do mesmo que eu: "onde é que estão os homens interessantes"? Senti-me um pouco mais amparada, afinal existem mais mulheres a passar pelo mesmo e a sentir o mesmo. Tamo juntas!  É importante reiniciar novas relações depois do luto, mais não seja para quebrar com o passado e pôr um ponto e vírgula nesse capítulo da nossa história, mas onde é que eles andam? Esses homens que supostamente se deveriam estar a divorciar agora das primeiras mulheres para pinar connosco?! Não sei! Vocês sabem? Acontece que ela, com um pouco mais de 40 e eu, com um pouco mais de 30, (lol), somos da velha guarda, gostamos daquele engate foleiro, convencional, protocolar e disso já não há muito.

 

O que é que há? Olhem, dezenas de miúdos, (que não se pode chamar outra coisa a estes exemplares), que ainda há bem pouco tempo aprenderam a fazer xixi no penico e agora enviam dick pics como convite para um programinha. Nunca me aconteceu, confesso, mas às minhas amigas sim. E a vocês? Valha-nos Nossa Senhora da Sensatez, isso é normal? Não me parece nada normal. Assim como não me parece nada normal que te perguntem, numa aplicação, depois do nome, donde és e o que fazes, se gostas de sexo. À partida toda a gente gosta, eu gosto muito, mas não é por isso que vou marcar um encontro com a primeira pessoa que me mostrar a pila, certo? Desisto. Estou velha demais para isto meus caros. 

 

Vou comprar um gato e reformar-me.

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