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O Sexo e a Periferia

Entre a Carrie Bradshaw e a Bridget Jones. Com muito menos glamour, é claro.

 

Ainda sobre o último post. Não quero voltar a justificar-me, mas estou surpreendida comigo própria. Um pouco para o incrédula. Acho que tenho tanta vontade de fazer diferente, que arrisquei. Um risco comedido e inofensivo como são quase todos os que eu decido correr. Não estou à espera de milagres (não é caso para isso) nem acredito que a "limpeza" me vá trazer o que eu preciso, mas acredito que está (mais do que) na altura de percorrer caminhos diferentes e experimentar coisas novas. Já vivi situações limite que me mostraram preto no branco como a vida é ténue. Uma lição dura e dificil que me ficou gravada na pele. Pensei que isso me iria mudar. Que o sofrimento me ia empurrar. Que tudo o que me tinha acontecido me iria revolucionar. Tudo em mim se dá devagar e agora eu quero correr um pouco mais depressa. 

 

Nos últimos meses, a minha vida tornou-se aborrecida. Não me estou a queixar. De momento, não tenho aflições maiores. Enfiei-me num avião 9 vezes. Vejam só! Eu - que o ano passado, com férias marcadas e viagens pagas não fui capaz de ir. Estou bastante bem. Bastante bem para poder arriscar mais. Se decidi ir à procura de algo para além do que o que tenho é porque obviamente me faz falta! Falta-me qualquer coisa a correr nas veias. Há muito tempo que fujo e não posso continuar a evitar tudo o que não controlo. Não posso continuar a viver uma vida longe de mim, sem me conhecer, sem me descobrir, sem pisar o risco, sem ultrapassar limites. Tem sido o exercício mais dificil da minha existência. E é tão estranho... Às vezes sinto que sou uma fraude. Tento dizer-me todos os dias que estou a viver a minha verdade, mas nem sempre é assim. A verdade que eu desejo nem sempre é aquela que pratico. Trabalho com pessoas. Parte do meu trabalho implica cuidá-las, ampará-las, tratar-lhes a auto-estima, recompô-las e incentivá-las a viverem sem complexos. O que é que eu faço a mim própria? Exactamente o contrário daquilo que apregoo. Canso-me a mim própria sem necessidade.

 

Não me lembro a última vez que fiz algo sem pensar muito. Todos nós sabemos como isso nós pode sair caro, assim como todos nós sabemos como isso nos pode fazer bem. Custa-me tanto fazer só por fazer ou fazer sem pensar... mas estou fartinha de pensar. Ser adulto é uma saia justa, ao menos quando uma pessoa é mais nova pode tentar resolver o assunto com uns copos, mas nem o estômago se quis forte, é uma tristeza. É tudo a sangue frio e a doer. Ou te aguentas. Ou te arrastas. Não quero fazer disto um post deprimente e existencialista, mas acho que ultimamente criei consciência de que posso ter sido a causa de alguma falta de oportunidade. E agora, confrontada com ela, continuo dividida entre o que é mais seguro fazer e o que me apetece verdadeiramente fazer. Eu sou a que fui a casa do rapaz e deixei o biquini no carro, quando ele disse para levá-lo se me apetecesse dar um mergulho. Eu disse-vos que não devia andar nas apps. Só me meto por caminhos apertados. Acho que eu só queria sentir-me aquela miúda que saía à noite para se divertir com as amigas sem pensar muito na vida. Porque isto é precisamente uma proposta para não se pensar muito nela. Porque é que as nossas vidas nos assustam tanto às vezes? 

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