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O Sexo e a Periferia

Entre a Carrie Bradshaw e a Bridget Jones. Com muito menos glamour, é claro.

Procuro redoma em vidro em bom estado de conservação para enfiar-me dentro e criopreservar-me. Calma, não é uma partida antecipada de Halloween, é só o meu desejo mais profundo neste momento. Ando a sentir-me TÃO BEM - (deixem-me colocar isto em CAPS) - TÃO BEM... que até é estranho! E não aconteceu nada de especial a não ser a vida. O trabalho pós Verão anda a acalmar, mas não de uma forma depressiva, ando cheia de ideias novas e com vontade de pô-las em prática, mas não é só isso... ando mesmo a fazer coisas and I'm so happy for that! Estou também a tentar dedicar-me mais um pouco ao ginásio, mas desta vez sozinha, sem orientação de ninguém. Consultei apenas uma nutricionista com formação em fitoterapia para ajudar-me na questão da alimentãção. Não estou a amar as omeletes de cogumelos que ela me mandou lanchar, mas o saldo geral até agora é muito positivo. Sinto-me realmente bem. Alarguei o detox às redes também. Bom, no fundo estou apenas a evitar assistir aos stories do R. Não é que ele tenha partilhado muita coisa entretanto, mas a verdade é que parece que está a ter resultado não "segui-lo". Sinto que aos poucos se vai esfumando. Tenho evitado também promover alguma partilha que suscite o contacto. Estava a precisar disto depois do drama e da tensão que ele provocou.

 

Estive de férias. Fiz uma escapadinha. Passei muito tempo na natureza e foi bom. Acho que está a ser ainda melhor agora do que no próprio momento. A novidade: não fui sozinha. Yap. Agora vocês vão ter de puxar por essas cabecinhas... Lembram-se de vos ter falado de um rapaz com quem trocava mensagens diariamente, mas que não se chegava à frente? Este, o mocinho que me levou ao Mac no nosso 1º date. Falamos há sensivelmente dois anos, já o bloqueei, já o desbloqueei, já estive sem falar com ele, já voltei a falar com ele. Deu-me um beijo horroroso da 2ª vez que fomos comer um gelado. Desisti completamente depois disso. Até que ele me falou, este Verão, de um fim de semana perto do sítio onde vivo. Convidou-me, mas eu fiz-me cara (apesar de ter reservado alojamento quase na hora). Era um sítio que eu queria muito visitar e depois de tanta experiência sociológica estranha, achei que não tinha muito a recear.

 

Foi estranho. Ele não é muito espontâneo. Nem é do toque nem do contacto físico. (eu também não). Não o acho o homem mais sexy do mundo. A barba dele incomoda-me bastante, mas confesso que tenho uma certa admiração por determinadas coisas. Coisas menos físicas (apesar dele ter tudo no sítio). Gosto que ele se mantenha firme em relação à barba e diga que se gosta de ver assim e que não a vai cortar só porque eu não gosto. Gosto que tenha uma opinião formada e fundamentada sobre vários assuntos. É uma pessoa curiosa e interessada. Não acho que tenhamos grande quimica. Já partilhei isso com ele. No passado. Aliás, ao longo dos últimos dois anos partilhei muita coisa com ele e ele nunca deixou de me falar. Teve o gesto simpático de me ceder a Netflix e enviou-me o link de um site onde posso comprar proteína mais barata. Achei muito querido. Tratou-me bem. Não me senti insegura nem incomodada... mas partilhámos o mesmo quarto. Não houve quimica, mas houve muita vida doméstica. E houve sexo também, obviamente. Não de uma forma natural. Sabíamos ambos dessa possibilidade, deixei que acontecesse. E foi estranho também. Não foi estranho de mau, mas foi estranho de estranho. Ele não é muito afetuoso e eu não me sentia muito envolvida, então foi assim uma coisa meio meh, com algumas barreiras pelo meio e pouco à vontade, mas também foi uma surpresa em determinados aspectos e eu sinceramente não sei o que pensar. Estou bem e baralhada. Não me vou iludir, nem me vou cansar a pensar nisso, sempre tive as expectativas muito baixas em relação a ele, além disso não vivemos perto um do outro e já voltámos às nossas vidinhas normais. 

 

Acho que ele é um gajo com eles no sítio. Boa pessoa e bom amigo. Sobretudo bom amigo antes de qualquer outro título. Não quero pensar muito nisto. É o que é e o que tiver de ser. É a vida e a vida deve saber o que faz. Mas acho que esta experiência, no geral, teve um efeito muito positivo. É curioso, agora que penso, partilhei fotos nossas naturalmente. Há muita coisa que faço / fiz na companhia dele ou com ele que noutras circunstâncias provavelmente não faria. Porque raio o fiz?

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Só para relembrar que o ano passado, assim logo nos primeiros dias de 2020, dei de caras, por mera casualidade, com um  horóscopo amoroso que vaticinava um reencontro, inesperado, com alguém do passado. Por acaso a minha cabeleireira, perguntou-me outro dia: "e um namorado ou affair antigo que não tenha dado certo na altura e agora até podia dar, não te ocorre ninguém?". A verdade é que não. E tenho cá para mim, com a sorte que tenho, que à segunda ia voltar a não dar certo.

 

Quer dizer, há um em quem penso sempre com muita estima - que foi assim uma espécie de lusco fusco - sei lá eu se a coisa tivesse durado mais tempo, não tinha descoberto, afinal, que o odiava...  Mas enquanto durou - uns míseros 3 meses muito mal aproveitados, diga-se de passagem - foi assim aquela química fácil, cheia de pica, que só acontece uma vez na vida. Pelo menos eu sentia isso. Da parte dele não sei. A criatura era tipo íman, só me apetecia atirar-me para cima dele a toda a hora e ele não era giro nem grande coisa na cama, dá para acreditar? Será que era da idade e das hormonas estarem a funcionar nos níveis normais? Eu sei lá, o que eu sei é que nem antes nem depois da dita criatura, me apeteceu jamais estar em cima de alguém como me apetecia estar em cima dele. Quer dizer, apetece-me bastante estar em cima de alguém, pelas razões óbvias. Mas não de qualquer um. A verdade é que nunca mais senti o mesmo. As ditas borboletas na barriga.

 

Era aquele tipo de química fácil, sabem? Não dava trabalho e fluía como óh caraças. Ele era muito bom de conversa. Dizem que o sexo começa no cérebro, não é verdade? Ora aí está. Era inteligente. Era pacífico. Se calhar um menino da mamã sem grande queda para bad boy. Combinávamos programas simples num abrir e fechar de olhos. Não precisávamos de grandes cenários. Corriam sempre bem. E com a sensação que estávamos ali os dois. A curtir o momento. Ou a cena. Não fizemos planos. Não nos levámos a sério. Não falámos do passado. Melhor, não falámos do presente. Era o que era. E enquanto foi assim, foi do caraças. Não apreciava muito o estilo dele, confesso. Fazia-o parecer mais velho e descuidado. E no sexo, acho que se preocupava demasiado com a performance, como se a coisa fosse uma prova olímpica, mas o beijo... aiiiii o beijo! Fazia-me levantar os pés do chão. Tinha os ingredientes todos e encaixava perfeitamente no meu. Era alto e tinha uns ombros grandes tipo o Cristo Rei. Sentia-me the only girl in the world quando o gajo me abraçava. Vixe Maria, que arrepio!

 

O que é que correu mal? A verdade é que eu não sei, desconfio. Um dia, cobrei um bocadinho mais do que era suposto. Mulheres, né? Sempre a mesma coisa. Dei a entender que não me bastavam só uns programinhas com queca a seguir. E? E foi aí que se deu o remake do Lost in Translation. Não entendi nada, só sei que a criatura desapareceu e eu nunca mais lhe pus a vista em cima. Uma história tão pouco original. Nunca mais pensei muito nisso, mas às vezes tenho curiosidade em saber se tantos anos depois - com tantas merdas em cima do lombo - como seria reencontrar-nos. Será que seria a mesma coisa? Provavelmente não. Cenas boas não se repetem muito.

 

Entre as relíquias do passado, há também um desgraçado a quem não dei a minima hipótese, mas era tão dedicado, tão dedicado, que tenho a certeza absoluta que deu um bom marido. Às vezes penso, "fogo, uma alma como a dele era tudo o que eu precisava agora", mas estou pagando pelos pecados de o ter usado e deitado fora. Bom, não foi bem assim. Ele gostava muito de mim e eu gostava muito de outro. Ele era super tímido e não se dava muito a conhecer, não dava aquela pica que alimenta um bocado a combustão da coisa, então eu sentia que quando estava com ele, estava sozinha comigo, porque não fazia grande diferença. Parecia mudo. Nunca dizia nada. Tinha de ser sempre eu a preencher os espaços vazios e isso é uma enorme canseira. Homens, por favor, vendam o vosso produto, mas sem exageros. Façam-se interessantes e demonstrem interesse, mas sem dar muito canal, tá? E nunca, mas mesmo nunca, fiquem calados, tá?! É claro que sou a primeira a admitir, que nunca, jamais, me devia ter metido com ele. Fiquei a sentir-me super, mega mal. E ainda por cima nunca houve uma conversa honesta sobre o assunto. Ficou assim uma grande nódoa no curriculum. Espero que não tinha ficado (muito) traumatizado. 

 

E pronto, tirando essas duas pessoas, e por razões diferentes, não penso em mais ninguém. Então não 'tou enxergando grande chance da profecia se concretizar. O que eu não dava para sentir aquelas borboletas na barriga outra vez... Será que elas existem mesmo ou são só um curto-circuito no sistema? De qualquer das formas, 'tou esperando, 'viu? O universo que me mande o que bem entender. Ou quem bem entender. Faltam 6 dias para o tal gajo que escreve o guião da minha vida se orientar. 

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