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O Sexo e a Periferia

Entre a Carrie Bradshaw e a Bridget Jones. Com muito menos glamour, é claro.

Drama queen on the scene. Estou a sentir-me um bocadinho irritada. Por minha culpa. Minha tão grande culpa. Enviei mensagem ao moço. Sobretudo porque devia isso a mim. Devo-me alguma praticabilidade. Não podemos levar a vida a supôr o que é que as coisas poderiam ter sido. Devo-me também alguma ilusão. Porque não? Sei que corro o risco de afundar completamente as poucas esperanças que tenho. Achei que devíamo-nos sentar frente a frente, olho no olho. Disse-lhe que não estava louca, que sabia o que é que lhe tinha dito (que não devíamos ser amigos, nem aproximarmo-nos, que a vida tinha seguido e estávamos bem assim como estávamos). Disse-lhe também que nunca mais nos tínhamos visto e que gostava de o ver. Um café. Sem açúcar e sem cheirinho. Fi-lo com medo. Com receio. Sabia que ele não ia ser estúpido comigo, nunca foi, mas sabia também que essa ousadia - depois da última conversa entre nós - me podia custar mais caro do que aquilo que estava à espera de pagar. Fez-se dificil, mas não me deu uma nega. Disse que sim, que havíamos de tomar um café sem concretar datas, disse que andava muito cheio de trabalho (nesta época, acredito bem que sim). Insisti. Reforçei a ideia, ele brincou, voltou a dizer que sim, que podíamos tomar café, que afinal éramos amigos, acabou por sugerir que fosse no dia x. Disse-lhe que era um bom dia para mim e ele pediu para lhe dizer a hora para depois ver se podia.

 

Deixei passar o fim de semana, expectante se o plano iria sair ou não. Tinha um feeling que não ia acontecer, mas apercebi-me, durante esses dois dias, como eu queria muito que acontecesse. Queria. Bastante. O que eu queria no fundo era abrir uma porta... ou, na mesma tentativa, fechá-la definitivamente. O que eu queria no fundo era que ele tivesse algum gesto que corroborasse aquilo que diz. Que se chegasse à frente e que demonstrasse que as pessoas como eu também se enganam. Eu queria tomar café com ele, mas queria também que fosse ele a vir até mim. Estou errada? Acho que mais do que isso, eu queria que ele tomasse uma posição, que ele comunicasse claramente, que ele cumprisse com a palavra dele e eu não ficasse pendurada na dúvida. Chegou o dia x enviei mensagem, mas ele não respondeu em tempo útil. Respondeu no dia seguinte. Como sempre fez inúmeras vezes. "Como é que fica o nosso café?". Respondeu que estava a trabalhar no sítio x (um pouco afastado de mim, nada que não se pudesse fazer). Não percebi o que queria dizer com isso. Pareceu-me uma resposta vaga depois do que eu tinha proposto. Não podia ter dito "estou a trabalhar até x horas", "saio perto deste horário", "queres passar por aqui?" qualquer dica que pudesse servir de GPS seria bem-vinda. Ir atrás dele é - neste momento e sem garantias - inegociável para mim. Acho que já o fiz vezes suficientes para validar o meu interesse e que agora não é suposto ser eu a fazê-lo novamente, embora reconheça que fui eu que sugeri o café e portanto, quem sugere, mexe-se. Devia ir atrás dele? Acho que em todas as coisas da vida tem de haver o básico: vontade e a vontade, quando é recíproca, é bonita. Não estava a sentir que fosse. Uma amiga minha - a que acompanha melhor a telenovela desde o inicio - diz que é recíproco. Não sei em que dados ela se baseia, mas diz que ele tem o cuidado de me responder sempre, de nunca se negar e de nunca me deixar pendurada. Que é atencioso, carinhoso. Valido, mas não interpreto completamente assim.

 

Sinto que o que ele queria era que eu dissesse "vou aí ter contigo". Quando estávamos razoavelmente bem - em plena lua de mel - fui várias vezes ter com ele, visitá-lo. Talvez ele precise de alguma segurança, tal como eu. É legitimo... Mas depois só me ocorrem pensamentos negativos. O overthinking é uma merda. Limitei-me a enviar um "tá bom, beijinhos". O que é que havia de dizer? Vou até aí? Na loucura acho que devia ir. Chegar lá, marcar território, assumir posição. Encostá-lo a uma parede como diz a minha amiga... mas depois... depois começa o curto circuito. A gasolina está cara e não vale a pena perder o lugar de estacionamento. O problema é que assim, isto não desenvolve. Assim, a porta nem abre nem fecha. Esmoreci um bocadinho. Estava a contar com o café. Não é um drama, aconteceu tudo dentro do que era expectável, ele não fechou a porta, mas também não me convidou propriamente para entrar. Se é a minha paga, cabe-me aceitá-la. Respondeu ao meu "tá bom" com um "Ohhhh" e mandou beijinhos tal como eu mandei. Sempre detestei mensagens com onomatopeias. O que querem realmente dizer? Estou a tentar não ir de um extremo ao outro, não polarizar as coisas. Estou irritada, isso estou. Às vezes apetece-me bloqueá-lo. Esfumá-lo da minha vida. Fazê-lo desaparecer. Outras, apetece-me virá-lo do avesso. 

 

Não tenho nenhuma esperança que nos vejamos em breve. Vou de férias na próxima semana, vou ter menos acesso às redes sociais e quando não publico nada, ele raramente mete conversa, portanto, desfecho prevísivel. Quando escrevo estas coisas "não tenho esperança" fico sempre na dúvida. Na dúvida efectiva se o que a vida espera de mim é uma atitude... penso naquelas frases feitas "se continuares a fazer o mesmo, terás sempre os mesmos resultados".Tive várias situações profissionais este ano que mo demonstraram isso. Situações em que foi preciso tomar o pulso, impôr-me, liderar o processo. Em relação ao plano amoroso, sempre fui muito mais reactiva do que proactiva. Se calhar nunca obteremos dos outros o que realmente queremos se não actuarmos de acordo com isso. Eu, contente da vida, a achar que ia safar-me e só me compliquei mais a vida, não foi? O certo é que nesses dias em que ele disse que estava cheio de trabalho, os stories dele foram todos dedicados à construção civil (o que não deixo de ter uma certa graça). Parece que ele sente a necessidade de comprovar que está efectivamente cheio de trabalho. Cheia de trabalhos estou eu, meus amigos, estou eu! 

Estou com dores de consciência. O destino - se acreditarem nisso - pôs-me a criatura de 25 anos de novo à frente. Não foi um encontro de 3º grau, não batemos olho com olho, mas estávamos bem perto um do outro, a escassos metros de distância. Nunca mais o tinha visto desde a noite em que nos enrolámos no carro. Não sei se ele me viu. Sei que o meu coração acelerou um bocadinho, não vou mentir. O meu corpo respondeu antes do meu cérebro e o vinho todo que bebi nesse dia, depois de o ter visto, só veio confirmar as suspeitas que todos tinham: ando-me a fazer de forte não sei porquê.

 

Ele tem 25. Eu tenho 40. Faz sentido? Não. Afastei-me dele e afastei-o de mim. Era o que eu queria? Se a minha cabeça estivesse na guilhotina, eu responderia não. Nunca tinha percebido que gostava tanto dele. A minha vida inteira foi sempre assim. Um exercício duro de evitação. Fuga. E falta de fé. Sempre me foi mais fácil fugir. Sempre fugi. Uma parte de mim diz-me que está certo. Que estou a evitar problemas. Que estou a limpar o caminho. Que vou ser recompensada com o certo. Outra parte de mim diz-me que estou a virar a cara outra vez. Que estou a ser cobarde. Que não estou a viver o que me prometi e que estou a mentir porque tenho - efectivamente - muitas saudades dele. Os meus 40 tem sido isto, um dilema. Um dilema entre o que devo e não devo, o que acho que preciso e não preciso. Não estão a ser tão divertidos como eu os esperava.

 

Estive a reler mensagens que trocámos. Não pode ser mentira. Não pode ser mentira quando o nosso corpo responde antes do nosso cérebro. Não pode ser mentira o que algumas pessoas nos fazem sentir e o que só conseguimos sentir com algumas pessoas. Não pode. Ele fez-me sentir viva. Fez-me sentir especial. E fez-me sentir que tudo se pode reiniciar outra vez. Será que uma mulher de 40 não tem o direito de viver isso? Sinto um nó na garganta. A apertar-me. Às vezes passa para o peito. Disse-lhe que estávamos bem como estávamos, afastados. Que não era boa ideia sermos amigos. Que a vida tinha seguido... mas não seguiu. E a dele talvez também não tenha. Sinto falta dele, mesmo como amigo. Peguei num livro que me tinham oferecido pelo meu aniversário, há uns meses, e comecei a lê-lo. "O que é que é mais importante: a viagem ou o destino? A companhia". Sinto que é urgente admitir que não disse a verdade, mas não sei como fazê-lo. Ou melhor, sei, mas tenho imenso medo. 

 

Ele não me restringiu. Continuo a ter acesso aos stories e à página dele. O meu cérebro é que pensou isso. Como pensou e pensa tantas outras coisas negativas. Aos 40 anos sou esta pessoa. A mulher que diz "não podemos ser amigos, estamos bem assim" e que agora não suporta isso. Já tenho idade para me desenvencilhar melhor, não? Não quero perdê-lo. E agora? Divertiamo-nos muito juntos. Foi intenso. E quero muito crer que também foi verdade. Daqui a dias vou de férias. Achei que percorrer o mundo faria sentido. Estar em casa com ele sabia-me a mundo também. Porque é que é tão dificil dizermos às pessoas que sentimos a falta delas? Que temos saudades... que elas nos faziam felizes? Ele é muito querido. Nunca me disse nada feio. Continuo a achar que tem o coração no lugar certo. A cabeça talvez não, mas qual deles é que ganha nesta equação? Qual deles é que é importante que esteja no lugar certo?

 

É jovem e falta-lhe muita estrutura, mas sobra-lhe sentimento. Tive alguns namorados e uns tantos casinhos que tinham estrutura, mas não tinham sentimento e isso é bastante pior. E no meio estou eu, convencida de que não me nem falta estrutura nem sentimento. Ele não esconde nem disfarça quem é (algo que me seduz sempre), tem o coração na boca (é muito genuíno e puro no que diz, às vezes explosivo quando lhe atacam os nervos) e quer ser feliz e amado como todos nós queremos. Nisso somos todos iguais. Corre de capelinha em capelinha onde lhe dão guarida e onde o coração dele pode descansar. Não o posso censurar. Metade de nós não faz isso se calhar por mera vergonha. E também não posso censurar que procure algo que satisfaça as dores que ele tem. Aos 25 eu também pensava que sabia muita coisa e não sabia nada. 

 

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Ora, vamos começar pela parte REALMENTE IMPORTANTE: estamos abaixo dos 80!!! Não vou atirar muitos foguetes antes da festa porque também não estamos assim taaooo abaixo, mas ao fim de 4 anos - muito suados e muito sofridos -  já não faço parte da estatística da obesidade mórbida em Portugal. Iiiii-Yêeee! São 30 quilos perdidos e centenas de dores no corpo... e na alma. Só comecei a treinar a sério, mesmo a sério, depois de ter adoecido e só vos posso dizer isto: não há sensação melhor no mundo do que o nosso corpo nos dar aquilo que nós lhe pedimos. 

 

Já contei a novidade aos amigos mais chegados. Gostava de contar isso ao C.. Tenho falado com ele e ele tem falado comigo. Conversa de circunstância. Nunca mais voltámos a falar como falávamos nem com a frequência com que falávamos. Ele não deixa que eu me aproxime, mas também não me deslarga. Esta semana num acto de loucura (e num dia em que estávamos a trocar mensagens), pensei "vou dizer-lhe o que sinto", na verdade não foi bem isso que pensei, o que realmente pensei foi "vou testá-lo" e escrevi-lhe "tenho saudades de conversar contigo". O que é que eu tinha a perder? Não era um pedido de casamento. Respondeu-me "também", mas logo a seguir disse que estava cansado e que ia tomar banho (o equivalente a não estou disponível) e a seguir acrescentou, "mas ligo-te mais tarde se ainda estiveres acordada" (para não ser totalmente desagradável, claro). Aquele "também" foi a conta gotas. Muito poupadinho. Disse-lhe para descansar e desejei-lhe boa noite, só queria que soubesse isso, não era uma intimação para me ligar nem para falarmos... e mesmo que fosse, ele não deixou muito margem para isso acontecer, né?

 

No dia seguinte, trocámos mensagens, normalmente é sempre ele que toma a iniciativa (deve ir lá à listinha dele e enviar uns 5 bons dias em simultâneo). Hoje não falámos. Até agora. Sinto-me o Cristiano Ronaldo no banco. Estou fora de jogo, não estou? Sinto que ele já desistiu e que daqui não vai sair nada, mas a saudade mantém-se e isso é o mais estranho. Tenho saudades de "falar" e é claro que ele não o quer nem o permite. Tá-se fazendo dificiuuuu, a criatura... Para conversar são precisos dois e portanto, nada há a fazer senão respeitar a vontade dele e não insistir. Eu fui a primeira a atirar-me fora, não fui? Agora é aguentar... Mas, mas... tenho uma desconfiançazinha que mais dia, menos dia, ele volta a enviar mensagem a perguntar qualquer coisa banal como quem não quer nada. Será? Queria resolver isto pah. Estou farta de não-cenas. 

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Como é que vos hei-de escrever isto... ainda falo com o tóxico. Ou melhor, ainda falamos um com o outro. Pronto. Julguem-me. Whatever. Tenho consciência (acho que tenho, né) que manter contacto com ele pode ser uma experiência radical, mas senti-me muito incomodada com o raspanete que lhe dei. Os nossos feelings valem o que valem, mas acredito que no fundo, no fundo, a gente sabe. Com o meu ex foi assim. Tinha um feeling que não me devia meter numa relação com ele. Transmitia-me pouca confiança e na verdade, não me dizia nada. Não sinto isso com o C. (vamos dar-lhe um nome melhor do que tóxico), mas a questão nem é essa. Nós não temos uma relação, nem sabemos se vamos ter e eu esqueci-me disso algures (as usual). É alguém que estou apenas a conhecer e com quem falo e não quero pensar em mais nada senão nisso. 

 

Com ele sinto-me à vontade. Sinto que não há máscaras. Estou a falar de mim. De como me vejo. Sinto que há espaço para a minha verdade e para quem eu sou, ou como eu imagino que gostava de ser. Não sinto necessidade de erguer muralhas, nem de sacar truques da cartola e isso não me costuma acontecer com muita regularidade. É isso, essa facilidade a descoberto com que as cenas surgem, o que me faz continuar a falar com ele. Acho que ele foi tão corajoso em contar-me a sua vida que eu também não lhe quero mentir. Acho que ele uma das poucas pessoas de carne e osso que pelo menos se esforçou por se dar a conhecer. Aliás, quando lhe disse que não queria falar mais com ele porque me sentia exarcebada com o que ele me contava, ele pediu-me desculpa e disse-me que só o tinha feito porque era a sua forma de triagem porque também se precisava sentir seguro. Creio que todos nós precisamos de nos sentir seguros. Custa-me, claro que me custa, aceitar que uma pessoa como ele, com o passado dele, com o presente dele, me dê o que outras pessoas com vidas aparentemente mais bem organizadas e menos marginais não me deram. Estou a julgá-lo. Faço-o todos os dias, mas não o quero fazer mais. É normal, mas não é justo.

 

Claro que esta vontade de ser eu pode ser apenas uma resolução da idade. Pode ser uma nova forma de estar na vida. Pode ser a ternura dos (quase) 40, mas é uma forma de estar como nunca estive. E não vos vou mentir, gosto imenso desta versão 4.0. Falámos tanto (um bocadinho rápido demais, claro) e partilhámos episódios tão intensos que eu senti que estava de certa forma a desrespeitar tudo o que venho a pregar na vida. Depois de ter entrado em pânico, obriguei-me a reflectir. Acho que posso ter feito um bocadinho de drama a mais... E não, não estou a tentar desculpar o menino, não é nada disso. Estou a reflectir sobre as minhas próprias atitudes. Projectei nele uma carragada de cenas que têm muito mais haver comigo e com os meus traumas do que com a história dele e acho que isso não foi nada bonito. Liguei-lhe e tal como lhe expliquei o quão desapontada estava com ele e o quanto me sentia usada por ele, também lhe confidenciei que tinha entrado em pânico, que não queria que ficasse um mau ambiente entre nós, que ele não era o único que se sentia sozinho e que ele me divertia. Muito. Continuo orgulhosa de mim. Acho que pela primeira vez na vida estou a tentar comunicar o que sinto desde o quilómetro zero. 

 

Soa mal? Eu acho que estou apenas a ser prática. Ele dá-me alguma coisa que eu curto e que eu não encontro noutras pessoas, porque é que não podemos aproveitar isso? Chega de drama. Não quero com isso dizer que vou viver para ele... Não posso obviamente escalar para onde não dá para ir, mas acho que também não devo deitar a perder o que a vida me está a tentar ensinar. Mesmo que ele seja só um amigo, é extremamente bem-vindo. Sempre fiz imensos juízos de valor sobre as pessoas e talvez isto seja apenas uma experiência para me deixar mais permeável ao mundo e aos outros. Com a idade que levo, não me peço dar ao luxo de me recusar a aprender. Come what may, come what may.

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Estou irritada. Irritadissima. Irritadississima. Senhor, como estou irritada. Querem novidades? Eu dou! Então diz que estava preparada, pronta, decidida a acabar com a dating app, mas deixei-a ficar porque fui de viagem e pensei: "última tentativa". Agora estou a perguntar-me porque é que não a eliminei antes. Dos 7000 matches que uma pessoa alcançou, dois "evoluíram". Evoluíram para o whatsapp porque entretanto já não estou na terra deles. História da minha vida: nunca estou onde é preciso. Um zuca que entretanto ficou a falar sozinho dado que a conversa com o tuga estava a ganhar, de longe, por uns por 7-1. Problema: ele diz tudo o que uma mulher quer ouvir e vocês sabem como isso é GRAVE. 

 

Depois de dois ou três dedos de conversa, ele ligou-me. Achei estranho, mas ao mesmo tempo interessante. Gosto de gente que se mexe. Estivemos umas 3 horas ao telefone. O recorde foram 6 . Ando cheia de olheiras. Acordo todos os dias como se tivesse uma ressaca. Ando uma lástima, acho até que já perdi peso... mas perante a história de vida do rapaz não fui capaz de não ouvi-lo. O problema é que é assim que eles me apanham sempre, eu, a Madre Teresa de Calcutá dos Desamparados. Não é que a conversa não seja boa, é. É crua, ou pelo menos eu acho que é e gosto disso, mas o rapaz tem um percurso diametralmente oposto ao meu, vive numa realidade diferente da minha, não estamos perto um do outro e se eu tivesse ficado à espera de todos os que me disseram que me queriam conhecer e vinham ter comigo, ainda hoje estava sentada na paragem do autocarro. Eu sei, é cedo demais para tirar conclusões precipitadas, mas eu também não ando nisto há 15 dias. Ele é giro (aliás foi por isso que eu fiz like), um pedaço de mau caminho (se bem que não lhe vi os dentes porque ele não sorri nas fotos). Fiz like porque já estava naquela, perdido por 100, perdido por 1000, não obstante ter pensado "não me importava nada que este me entalasse". É preciso ter muito cuidado com aquilo que a gente pensa, oh oh. O problema é que entretanto saiu tudo do controle. Ele liga-me várias vezes por dia, a caminho do trabalho, na pausa para o almoço, na pausa para o café, na pausa para o cigarro, no caminho de regresso e eu, de repente, vi-me a viver de auriculares nos ouvidos.  Não sei se consigo. Quando não respondo no messenger, ele manda mensagem pelo whatsapp e se eu não responder no whatsapp ele manda para o telemóvel. Vocês acham que isto é normal ou sou só eu a tentar encontrar indices de comportamentos abusivos?

 

Já lhe disse que é pouco provável que nos cruzemos, já lhe dei a entender que tem de apostar nos cavalos que estão perto do apiadeiro dele, mas ele diz que sabe que nos vamos cruzar e que não está nas apps à procura de sexo (sendo que uma das fotos é em tronco nu, de toalha enrolada). Jesus, um cliché. Como é que eu fui cair nessa? Ele perguntou-me se não tivesse a foto da toalha se eu teria feito like e eu fiquei calada. Enfim,  estou a gostar, claro, porque se pode conversar com ele e porque à partida ele parece ter uns valores e uns ideais muito semelhantes aos meus, no entanto tenho receio de estar a ser psicologa como sou quase sempre. Não posso negar que na semana passada me senti muito feliz, muito preenchida, muito qualquer coisa que não sentia há imenso tempo. Ele fez-me sonhar um bocado, um bocado muito para além da minha realidade e de tudo quanto perspectivei a curto prazo, disse a uma amiga minha, "se ele pedisse, eu casava-me".  Percebem agora a gravidade da situação? O problema é que este fim de semana ele foi à terrinha dele visitar uns amigos e puuuufffff, houve um vácuo pequeno, mas houve. Os factos ocorridos estão diluídos, jurou-me que não ia sair, que não lhe apetecia e foi, acabou a noite com uma amiga (amiga esta que já colocou ao telefone comigo para que ela me conhecesse). Fiquei desiludida porque sinto que ele me mentiu e não é por estar a querer cobrar nada, é porque começou tão bem que eu não queria estar assim cheia de suspeitas... tão cedo. Na realidade não temos nenhum compromisso, só falamos ao telefone (mais do que o normal), e eu sei que muitas vezes dormimos com uns e falamos com outros, mas eu não quero fazer isso se não sentir que vale a pena. Estão a entender-me? Faz-me confusão, nunca falei tanto com outra pessoa, nem mesmo com as que tive relações...

 

Ele é mais novo do que eu. Tem um passado marginal (eu sei, não abona a seu favor, mas pelo menos não escondeu). Dá-se com pessoas que me parecem não conhecer os limites de nada... Aconteceram-lhe uma série de coisas que são impossíveis sequer de imaginar. Ele não se faz de coitadinho, não é isso. Antes pelo contrário, diz que está a tentar mudar a sua vida e não ir pelos caminhos mais fáceis, o problema é que é muito fácil duvidar dele. Muito mesmo. Eu acho que ele é uma das pessoas mais incriveis que alguma vez conheci (pelo menos achava isso até hoje) e ao mesmo tempo um grande bandido doutorado em lábia. Esta puta dualidade não me parece muito conveniente, sobretudo porque estou numa fase da minha vida bastante estável e não me apetecia nada, mesmo nada, virá-la do avesso. Ele tem tudo o que eu não tolero, fuma, come junk food dia sim, dia não, não prossegiu estudos, divide casa com mais umas 5 ou 6 pessoas, não tem carro... Eu sei que pareço uma dondoca a falar e que posso ser má interpretada, mas estão a ver, não estão... Eu não encaixo nisso, de maneiras que não percebo porque é que a única criatura na app a seguir adiante tenha sido esta.

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Ai filhos, está dificil. Tenho a sensação que este Natal está a levar anos luz e ainda nem chegou o dia. Só consigo compará-lo a uma meia, meia, descalça, dentro de um téni, enrolada debaixo do pé. No geral, sinto que está toda a gente assim. Vamo-nos arrastando, nem sabemos bem como, certo? As previsões para o próximo ano - excepto as do meu horóscopo amoroso - não são animadoras. Ainda hoje falava disso com o dono da mercearia. Estamos todos a pensar o mesmo. O mesmo: venha o que vier, não depende exclusivamente de nós. Nós, os empresários. Isto porque se a economia piorar (mais ainda) é provável que o resto piore. Estamos todos cansados deste ano e todos assustados com o próximo. Não é uma posição confortável para se ter no jogo.

 

Para além desse tipo de preocupações, ando cansada. Já esgotei os créditos todos da paciência, portanto estamos a gerir o que resta de 2022 um bocadinho em piloto automático. É lavar roupa e secar, lavar roupa e secar e desligar o microondas antes do tempo para não ter de ouvir o "plim!". Para além de estar a tentar fugir das "festas" familiares, ou melhor, de determinados familiares, também estou a tentar fugir de tudo o que não me acrescenta. Decidi não continuar a falar com o mocinho. Se a criatura não desenvolveu até agora, não vai desenvolver daqui para a frente (e olhem que ele teve tempo mais do que suficiente). Estou a dar-lhe um "chá de desprezo" a ver se ele se toca. Não queria utilizar esse recurso, mas não me resta outra opção. Já tinha partilhado a ideia com ele, não foi por falta de aviso. A conversa não é interessante. Não cativa. Não prende. Não desenvolve. Que sentido é que faz continuar a alimentar uma coisa assim? Nenhum. Continua a parecer-me boa pessoa, mas está longe e não se mexe, portanto vamos proceder à sua substituição. Quero ir para 2023 com a folha de excel limpa. Quero perder o meu tempo (e os meus créditos) com a vida que existe fora dos telemóveis e das redes sociais. Não me quero ficar na hipótese. As hipóteses são boas e fazem-nos sonhar, mas temos de ter cuidado para não lhes prolongar demasiado o prazo de validade. 

 

Há uns anos atrás, quando terminei com o meu ex, passei uns bons anos a implorar-lhe que voltasse para mim. Aquela fase - (demasiado longa no meu caso) - em que uma pessoa se humilha dia sim, dia não porque acha que perdeu uma grande coisa. A boa notícia é que há solução. Essas fases passam e chegam ao fim. Graças a Deus. Boa pessoa como ele era, gozou o prato enquanto (já) andava com outra. Ou, quiçá, outras. Daquela caixa de Pandora uma pessoa nunca sabe muito bem o que esperar. Aprendi a lição a duras penas. Quando a gente gosta (ou tem um interesseziiiinho), é claro que a gente cuida. O Caetano está certo. Então não vamos complicar. A economia está má, o amor não está melhor. Que a saúde nos salve ao menos. Feliz Natal! 

 

P.s - subiram para 44 os pedidos de amizade! LOL

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Ai filhos, como é que vocês andam? Tudo animado com a época natalícia? Não sei se já partilhei esta pequena inconfidência antes, mas espirito natalício é uma coisa que não me assiste... sobretudo este ano. Quando era mais jovem, sei lá, acho que ainda acreditava no Pai Natal e na possibilidade de ter um Natal fixe, tipo o dos filmes. Depois à medida que fui crescendo, perdi a esperança. O do ano passado foi medonho, portanto este ano não me vou pôr a jeito. Não é uma festa que os meus pais adorem, portanto estão a ver o esforço que eles fazem, não estão? O ano passado fui jantar com eles no dia 24 e acabei por dormir lá. No dia 25 acordei, tomei banho, tomei o pequeno almoço, fui dar um passeio, voltei, almocei, tomei café... isto tudo sozinha porque eles estavam... a dormir. Sim, a dormir. Claro que perante este panorama, saíram-me assim duas ou três coisas pela boca fora que eles não gostaram muito de ouvir, mas eu achei um abuso. Este ano não me meto nisso. Jantar e casa. Se é para estar sozinha, estou realmente sozinha porque parece-me que estar sozinha é mais confortável do que estar acompanhada e sentir-me sozinha na mesma. Tudo bem que eles não gostem do Natal e que lhes custe por 1000 questões que eles nunca resolveram, mas eu estou viva, sou filha deles e gostava de fazer alguma coisa que me desse a sensação de que tenho família... nem que fosse jardinagem. 

 

Não ando com muita paciência para pessoas. Está tudo maluco. Destabilizado. Minha nossa senhora. Hoje, por exemplo, irritei-me com uma tipa lá do ginásio. Uma senhora com idade para ser minha mãe. A mulher anda a fazer questão que eu me junte a ela e a mais algumas pessoas no fim de ano e eu respondi-lhe que não ainda não sabia o que é que ia fazer. Ela disse "é melhor decidires porque é preciso reservar e depois quando te lembrares que queres ir já não dá". Duas ou três coisas que essa senhora não sabe sobre mim: 1) normalmente quando eu respondo que ainda não sei o que é que vou fazer é porque a hipótese de ir com a pessoa a quem estou a responder está fora de questão; 2) eu acho, com esta idade que tenho, que consigo sobreviver ao último dia do ano sem uma festa de lantejoula pobre, alcool de má qualidade e música ainda pior, 3) não cedo a pressões. Não contente com a minha manifesta falta de interesse, ela ainda acrescentou "não acredito que vás ficar em casa sozinha, cá para mim tens planos com alguém colorido". Oh minha nossa. Porque raio é que as pessoas não conseguem aceitar que existe gente que passa bem sozinha e sem amigos coloridos? Estou sempre a ouvir isso e irrita-me solenemente! Porque raio é que o dizer que não a um convite para uma festa tem de estar associado a um raio de uma pseudo relação ou pseudo engate? Gente, assim fica MUITO complicado gostar de humanos. Fonix!

 

Apetece-me o que me costuma apetecer, um jantar calmo e tranquilo com as pessoas em quem confio e que sei que não me vão envergonhar e com quem eu me identifico. Um jantar bom, uma boa comida, um bom vinho e uma cama fofa e quente para dormir depois na diagonal se me apetecer. A MINHA. Raios partam essas pessoas todas que continuam a procurar a felicidade nas coisas, nos outros e fora delas. Orientem-se por favor! O ambiente do ginásio anda péssimo, se pudesse tirar de lá as pessoas que lá andam, tirava. Deixei de falar com a grande maioria delas, dou bom dia e boa tarde e está óptimo. Na verdade eu vou lá para treinar, não vou para desfilar, nem para comentar a vida de cada um, nem para arranjar engate (se bem que uma pessoa agradecia, né?). Aliás, comecei um plano novo orientado por um PT online e estou super focada, portanto não me chateiem. Ando mesmo com muito pouca paciência para bullshit. E acho que é mais ou menos este o estado do mundo. Ando tudo desorientado.

 

Não tenho contactinhos novos. Continuo a falar com o mocinho. Aquele que não ata nem desata. Há dias que é fixe. Outros que não. Por enquanto ele ainda não sabe como vão ser os turnos no fim de ano, mas... é melhor nem começar a ter ideias. Por um lado gostava de despachar isto e de voltar a encontrar-me com ele, mas não me parece que ele tenha intenções de aproveitar a oportunidade - se houver - e vir ter comigo. Lembram-se do que aconteceu no Verão? Eu a pensar que a criatura ia vir ter comigo e afinal foi parar ao Dubai... portanto é provavel que agora acabe na Austrália. Ou no Catar. Pois ele que se vá catar mesmo que a paciência também se está a esgotar! Vêem como eu me sinto natalícia? Toda amor. Um beijo queridos e não comam muito porque depois vão odiar-se por o terem feito. 

 

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Era só para avisar que vamos ressarcir com dois tremoços todos aqueles que leram o blogue nos últimos dias e sentiram o dedo mindinho do pé direito tremelicar. A pessoa de quem eu vos falei não merece nem mais três nano segundos de tempo de antena. Passou os últimos 4 dias sem dizer nada. E quando voltou a falar disse o quê? "Amanhã entro de férias finalmente!". E eu, esta que vos escreve, cujo sonho de vida é encontrar um homem com uns braços tão fortes como os do Patrick Swayze no Dirty Dancing e que até tinha uma certa esperança que a criatura aproveitasse a oportunidade para me vir conhecer, ouviu o quê quando perguntou- "e então, que planos tens"? "Dubai" à boca cheia. Olhem filhos, cansei de me esforçar. Assim como assim, a minha i-n-t-u-i-ç-ã-o estava certa desde o inicio.

 

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Então eu vou saltar assim uma data de acontecimentos pouco signficativos para ir directa ao assunto do momento. Ando a falar  com um mocinho p'raí há uns 6 meses. Muito mocinho. Conheci-o nas apps no rescaldo do outro casinho (aquele do inicio do ano). Parece que andou por estes lados, de passeio, mas não nos vimos. Ao fim de um mês encontrámo-nos. Fui à capital em trabalho e combinámos um "date"Não foi bem um date, as minhas expectativas estavam nas lonas, só queria mesmo conhecer a pessoa com quem andava a falar. Não achei que tivesse corrido escandalosamente bem. Também não correu mal, foi meh. Levou-me ao Mac, o que achei pouco original. Deixei-o falar sobre o quis, o tempo que quis. Estava extremamente cansada. Não fiquei impressionada, mas também não fiquei irritada. O que me pareceu bastante bom. Achei-o boa pessoa. A parte em que falou da família foi verdadeiramente doce. E bonita. Senti carinho. Fisicamente diria que não faz muito o meu género, não é que eu tenha um género, mas ele sai fora do estilo de rapazes com quem andei até agora. Regressei a casa segura de que mais dia menos dia deixaríamos de falar. 

 

Não aconteceu. Estamos "nisto" há 6 meses. Já inventei de tudo. Barbaridades. Disse-lhe que não tinha sentido grande química entre nós, que não apreciava o cabelo nem a barba, que ele não era assim lá grande coisa ao nível da conversa e que talvez fosse melhor investir em mulheres da idade dele (tem menos 8 do que eu). Genteeee, ele continuou a falar-me e é estranho. Honestamente estava à espera de ser corrida. Não fui. Não temos relação nenhuma, mas é como se eu sentisse que temos. Tão estranho... Há "bons dias" e "boas noites" e todo um protocolo diário que a criatura - por mais ocupada que esteja e por mais cenas desagradáveis que eu invente - não deixa de cumprir. E eu não queria admitir isto, mas quando ele não manda notícias, fico picada. Estão a ver, não estão? Na minha cabeça não faz sentido nenhum andar a falar com uma criança que ainda divide casa com amigos, vive a quilómetros de distância de mim e por quem eu nem sequer senti atração. Uma criança que já disse várias vezes que estava disposta a vir passar uns dias comigo para me conhecer melhor. Senhores o que é isto? Uma partida dos apanhados? Não estou a saber lidar. Juro. Ele tem obviamente algumas coisas das quais começo a gostar. Uma réstia de inocência (tão raro hoje em dia) e consistência. Até agora nunca teve nenhuma atitude que me deixasse confusa ou com dúvidas em relação ao interesse dele e se aconteceu, tratou de esclarecê-lo na hora. Para além disso, o pobre ainda "lidou" com as minhas crises como um senhor e isso arrumou-me a um canto. Que segurança sim senhor!

 

Quem é que em seu pleno juízo continuaria a falar comigo depois de tudo o que eu disse? Eu não falaria comigo própria. De certeza. Depois faz-me espécie... Uma cidade enorme cheia de milhares de tipas muito mais divertidas do que eu, muito mais simpáticas do que eu, muito mais disponíveis do que eu, porque é que a criatura continua a falar comigo? Não faz muito sentido, pois não? Não quero entusiasmar-me com, mas acho que estou assim meio entusiasmada já. E confusa. Assim de repente, vejo-me a abrir mão do cabelo e da barba e a esquecer o esfregão que o homem tem à volta da cara. No entanto, às vezes assusto-me. Começo a inventar-lhe defeitos. Muitos. Imensos. Terríveis. Depois lá vem um "bom dia" e esqueço tudo. Isto não tem boa cara, pois não?

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Quando tens reuniões de trabalho com novos fornecedores e eles referem "as namoradas" e tu pensas: "pelo menos ainda não é casado". Que táctica! Nunca na vida pensei que eu teria, um dia, esta visão do jogo. Não é pecado. Só não vale entrar a pés juntos. Era engraçado. De cascos de rolha, claro. Quanto mais foragidos são, mais me interessam. Oh Deuses do Olimpo, tende compaixão de mim por favor! 

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