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O Sexo e a Periferia

Entre a Carrie Bradshaw e a Bridget Jones. Com muito menos glamour, é claro.

Hoje acordei com o sabor a segunda na boca. Fui ao ginásio, mas o treino foi uma trapalhada (éramos basicamente 3 meninas a lutar por um glúteo... e por uma barra olímpica). Começar um treino sem seguir a ordem habitual dos exercícios faz-me mal ao sistema nervoso. Fiz o que pude (mas não me tenho esforçado como devia, há muito tempo que estou a cumprir os minimos com esforço e sacríficio). Voltei a casa. Inventei um pequeno almoço que não me soube nada bem (a nova nutri jura que a proteína vegetal é mais fácil de digerir do que as outras, mas só Deus Nosso Senhor sabe o esforço que tenho feito para a conseguir engolir) e fui trabalhar. O dia está chocho e eu também estou. Desconfio que estou com a TPM (e é mesmo bom que esteja!). Sinto-me assim meio meh. Bateu aquela saudadezita de um chameguinho, mas depois lembrei-me da burocracia que isso tudo envolve. Se há coisa que as pessoas da minha idade já não suportam, essa coisa é burocracia. EM TUDO. Principalmente nas relações. Deixa estar como está. É fim de ano e estou numa fase em que sinceramente pago para não pensar.

 

Tenho trocado mensagens com o meu amigo. O da escapadinha. Tudo dentro do que já era habitual. Falamos das coisas banais do dia a dia sem grandes dramas. Com ele não há burocracia. Nunca houve. Envia-me fotos, memes, notícias e eu, às vezes, faço o mesmo. Aprecio quando me envia alguma coisa sobre algo que partilhei. Acho um gesto bonito. Não sei se consciente... mas é bom sentir que a pessoa está atenta ao que partilhámos e que as palavras não caíram no imenso vácuo que é a galáxia onde vivemos. Este fim de semana ligou-me. Videochamada. Uma novidade. Nunca tínhamos feito. Ajudou-me a instalar um programa na TV. Foi querido. Falámos um pouco enquanto ele adormecia. Temos, enquanto amigos, uma relação engraçada. E tranquila. Ninguém questiona nada. Também não dá para questionar, né. É estranho. E pacífico. Não sei porque é que continuei a falar com ele. Pergunto-me muitas vezes o porquê. Faltam-lhe uns 0,05%. Sendo muito honesta, não sei se dá para melhorar. Srá que as pessoas são mesmo como os vinhos? Não é propriamente uma pessoa com quem eu deseje estar. Ou em cima de quem me apeteça sentar. Parece-me edóneo. Agora eu não sei se edóneo é a palavra certa quando falamos de relações. Ainda p'ra mais quando venho de uma tempestade tropical chamada R. Não tenho nada com nenhum dos dois. Às vezes, penso que o me incomoda é exactamente isso: o NADA. Todos queremos pertencer - ainda que hipoteticamente - a alguma coisa ou a alguém. Todos queremos a possibilidade. Histórias sem possibilidade não são histórias memoráveis. Este meu amigo, o da escapadinha, é alguém com quem às vezes sinto que posso estar a construir alguma coisa, mas como não percebo nada disto nem quero sequer pensar muito no assunto nem me dou ao trabalho. Construir o quê mesmo? Gosto da "companhia" que ele me faz. Está ali. Onde sempre esteve.

 

Isto tudo tem sido muito confuso confesso. Estou - como disse - a evitar pensar. Não há muito em que pensar sequer. A vida é estranha às vezes e eu não sei o que é que ela me está a tentar demonstrar. Estou cansada de experiências sociológicas, quero sopas e descanso e acabar o ano no quentinho, em casa, sem sobressaltos e trepidações. Portanto, a menos que alguém decida dar 0,06% eu não me mexo do sofá (ainda por cima agora que tenho Netflix, isso é que era bom). Estou até a pensar investir num belo sofá com chaise longue incluída. Depois que uma pessoa começa a pensar no conforto que pode ter dentro de casa, não há nada que a convença mais a sair. Sinto que estou cada vez mais com menos paciência para os affairs... pode ser só uma fase, mas eu acho que é mesmo a idade. Há frases feitas e truques malabaristas aos quais já te tornaste imune e nem sequer dás crédito. Relacionar-se aos 40 não tem lá muita graça... 

Não me controlo né? Cá estou eu outra vez... trazendo de volta o mesmo assunto. A Solteira aqui só para vocês! Estava longe de imaginar que a vida amorosa das quarentonas fosse assim tão... animada?! Nem sei bem que adjectivo utilizar. Só sei que me sinto uma daquelas adolescentes que quer contar às amigas os pormenores todos da história, ele disse assim, ele fez assado. O último post foi uma tentativa de "encerrar" o capítulo R. ou de pelo menos colocá-lo em standby por algumas semanas (até ele se chatear com a actual ou mudar de namorada). Pensei que não iam existir mais contactos. Pelo menos por agora. Mas... no fundo, no fundo, guardava escondidinha uma esperançazinha, não vou mentir. Assim muito "inha". O último post foi escrito de acordo com a minha necessidade de arrumar tudo em gavetas (sempre a tive, não é de agora). Ou é ou não é. O problema é que na maioria das vezes não é assim tão fácil simplificar processos, quanto mais sentimentos. Existem gavetas com as quais temos de aprender a viver entreabertas. 

 

O R. enviou-me uma mensagem. Uma mensagem simples, nada comprometedora atenção! Partilhei um post antigo sobre a inauguração do espaço onde trabalho e ele enviou-me - na sequência disso - uma mensagem a dar-me os parabéns e a desejar-me muito sucesso, "mereces muito mesmo". Enterneceu o meu coração. Como sempre. Nunca ninguém me desejou tanto! Se há coisa que ele consegue fazer com muita habilidade, essa coisa é exactamente isso: pôr-me a sentir tudo à flor da pele. Respondi-lhe com um obrigada e acrescentei um coração e o emoji do beijinho, não quis parecer seca, mas também não fiz mais conversa. Hoje partilhei um story e ele reagiu com um coração. Eu disse que parecia uma adolescente, não disse? Sempre que partilho algum post a falar do meu trabalho - na página da marca que criei e que ele segue - ele também reage e é óbvio que eu GOSTO MUITO DISSO. Isto significa que ele anda atento, certo? Assim como significa também que a intenção dele não é cortar o contacto. São coraçõezinhos demais nos stories. Tal como ele disse, nós podemos ser amigos. Quando o convidei para tomarmos café, fi-lo porque tenho muitas saudades dele, de estar com ele, de falar com ele, independentemente do resto. Não sei se ele percebeu isso, se entendeu o convite assim. Só queria abraçá-lo, vê-lo, estar com ele. Ele sai fora de todos os parâmetros da minha vida e se calhar é por isso que acrescenta tanto. Não vou negar que também tenho muitas saudades de me enrolar com ele e há obviamente o perigo muito grande de nenhum dos dois se aguentar no que a isso diz respeito. Talvez seja por isso que está bom assim como está. Mas que há qualquer coisa entre nós, lá isso há.

 

Continuo a acreditar na minha teoria: ele não está totalmente descansado em relação ao nosso café pendente (nem à sua relação emergente). Creio que me anda a rondar. Claro que uma mensagem de parabéns e desejo de sucesso não significa mais do que isso, mas porque é que ele se iria incomodar? É um bom pretexto para voltar ao contacto, não é? Ou para ser lembrado. Pode ser apenas uma estratégia para não perder território. Nem sei explicar isto de outra forma, mas sinto-me muito mais triste sem notícias dele do que com notícias dele com a outra. Até porque as outras - posições que todas nós já ocupámos - podem contribuir e muito para o desenvolvimento de competências necessárias. Por vezes, quando me leio, fico assustada com as coisas que digo. A outra não me preocupa assim tanto. Não tem grande relevância para mim, mas também não me surpreende nada que daqui a dias apareçam casados. Eu não quero ocupar o lugar dela, só não quero que ele desapareça da minha vida. Pelo menos por agora (é provavelmente que me venha a arrepender do que acabei de escrever).

 

Tenho ânsias de vê-lo, nem vos passa pela cabeça. Tenho ânsias de tudo. De irmos ao Mac às tantas da noite comprar gelados enquanto ele conduz só com uma mão porque a outra está entrelaçada na minha. De caminharmos, à noite, debaixo das estrelas enquanto partilhamos coisas bonitas. De chegarmos a casa e ele sentar-me na mesa da cozinha enquanto me beija e me abraça. De irmos para o chuveiro juntos. Ele acordou qualquer coisa que estava adormecida em mim (ou que se calhar nunca tinha sido realmente acordada). E como eu acho que nunca vivi nada assim, tenho de fazer o esforço para deixar acontecer naturalmente (um formato que não casa de todo com a minha pessoa). Como eu queria que a minha amiga tivesse razão quando ela diz que é recíproco. Viajo amanhã. Durante os próximos dias teremos o acontecimento do mês: o aniversário da respectiva. Veremos quão românticas serão as declarações de amor nesse dia (e quantos corações os meus stories receberão). Uma amiga minha disse-me uma vez que eu conseguia dar-lhe a volta à cabeça em 3 tempos se realmente quisesse. Tem uma certa razão. Nunca acredito muito em mim, nem me faço valer... mas cheira-me, não sei porquê, que fui diferente para ele sem precisar me esforçar assim tanto. E tudo o que é diferente, a gente não esquece. 

Nos últimos meses tenho tentado passar mais tempo com a minha mãe. Nem sempre consigo. Não é que me falte tempo, porque tempo não me falta (comparado com outras pessoas e outras vidas tenho bastante liberdade), mas o meu trabalho consome-me tanto que preciso de intervalos longe de toda a gente. Creio que ela entende, pode não gostar, mas no fundo compreende, embora eu sinta que precisa cada vez mais de mim, da minha companhia e do meu apoio. Este ano cansei-me tanto de tanta gente que preferi estar mais com ela do que com os outros. A nossa relação tem melhorado com os anos. Melhora enquanto se esgota. Os conselhos dela têm realmente feito (mais) sentido. Muitos deles sobre o amor, as pessoas e as relações. Acho até que o humor dela se tornou mais refinado, eu que sempre substimei a sua inteligência. A minha mãe tem defeitos detestáveis, pelo menos até há bem pouco tempo eu via-os assim, mas tem se revelado uma surpresa nos últimos anos e isso de certa forma tem preenchido o meu coração. Espero que o pouco tempo que partilhamos, ela o sinta rico e especial como eu o estou a sentir. Sinto que agora somos mais melhores amigas do que alguma vez fomos. Espero que para ela o sentimento seja o mesmo. É o que esperamos sempre. Que os outros se sintam felizes connosco nas suas vidas como nós nos sentimos com eles nas nossas.

 

Nunca mais voltei a falar com o meu amigo e isso obviamente também o deve ter deixado um pouco remordido. Gosto de pensar que sim. Tenho partilhado stories e ele tem-nos visto todos. Visto e reagido. A alguns com muitos corações. A minha teoria continua a ser a mesma: suponho que ele esperava que eu fosse atrás dele e voltasse a insistir no café. Suponho. Desconfio. Não tenho a certeza. Desde essa altura que os seus stories são todos muito... românticos, digamos. Stories que eu não clico para ver, apenas visualizo no feed. A namorada é identificada, aparecem as iniciais de ambos unidas por corações, até fotos da festa da empresa onde ela trabalha validam o compromisso. Parece sério. Por um lado fico feliz, confesso. Feliz porque até agora ele parece coerente com o seu estado civil (mesmo que isso não me beneficie). Por outro, não posso negar que cada vez que vejo uma mesa posta com o pequeno almoço para dois, a minha garganta aperta. Quando nós gostamos de alguém e não queremos perder essa pessoa, não nos arriscamos. Ou porque não nos convém ou porque não queremos. Enquanto ele esteve comigo, ele não fez isso, mas eu também nunca disse nem verbalizei que queria ter uma relação com ele. Sempre me comportei da forma oposta e sempre afastei essa possibilidade, portanto assumo a minha responsabilidade quanto à táctica empregue. Essa é talvez a grande lição disto tudo. A mesma de sempre. Eu a dissimular que quero alguma coisa (querendo). Não resulta, pois claro.

 

Ele está apaixonado e não é por mim. Compreendo que eu não seja uma escolha (por todas as razões e mais algumas). Ele também não foi... mas houve muita coisa boa entre nós. Houve muita coisa boa em mim que eu pensava que não existia cá dentro. Sinto que ele me respeita assim como sinto que ele me admira. E isso também é uma forma de amor. Talvez o melhor amor que podemos oferecer aos outros. Ele foi provavelmente das poucas pessoas na minha vida que me disse coisas bonitas (e não estou a exagerar). Talvez seja melhor ficarmos assim. Ele pode até esquecer-me, mas eu prometo que não será fácil. Conto continuar a partilhar stories e a deixar de esconder-me entre as minhas quatro paredes. Talvez ele tenha vindo lembrar-me aquilo de que me estava a esquecer. Outra vez. Curiosamente, li isto recentemente numa página sobre astrologia: "você precisa parar de jogar pelo seguro e se acomodar. Você não arrisca no amor por causa do medo da rejeição que enfrentou no passado. Você aposta em pessoas que sabe que pode ter porque são confortáveis para si, mas... você merece alguém que a assuste um pouco e não quem é seguro". A história da minha vida resumida em 3 frases. Talvez eu seja o maior obstáculo da minha vida amorosa.

 

Os 40 tem sido uma lição muito dura de maturidade. Estou agradecida, mas estou combalida. Tenho plena consciência de tudo o que perdi. Saber porque perdi dezenas de coisas é positivo, mas não deixa de ser duro. O que é que se faz com isso? Tenta-se não repetir. O R. não tem consciência com o que é que mexeu, mas mexeu com tudo o que eu sempre escondi de todos. Cedi tão facilmente em tanta coisa que acabei por entrar em pânico. Ele levou-me a fazer coisas que eu nunca tinha feito na vida inclusive um teste de gravidez. Estão a imaginar como isto foi assustador para mim, não estão? Eu tive as minhas razões, mas como ele me disse uma vez, "em vez de falares comigo, desapareceste". Tem razão. Tem toda a razão. Um rapaz de 25 anos tem toda a razão. O meu ano astrológico prometia um grande amor, quando eu menos o esperasse. Um amor capaz de derreter o meu coração de gelo. Um amor capaz de me fazer voltar a acreditar porque é que a poesia existe. Terá sido ele? Ainda faltam 4 meses para 2024 terminar. Parto esta semana. Espero regressar mais leve. A vida segue. Tenhamos coragem para ela.

Drama queen on the scene. Estou a sentir-me um bocadinho irritada. Por minha culpa. Minha tão grande culpa. Enviei mensagem ao moço. Sobretudo porque devia isso a mim. Devo-me alguma praticabilidade. Não podemos levar a vida a supôr o que é que as coisas poderiam ter sido. Devo-me também alguma ilusão. Porque não? Sei que corro o risco de afundar completamente as poucas esperanças que tenho. Achei que devíamo-nos sentar frente a frente, olho no olho. Disse-lhe que não estava louca, que sabia o que é que lhe tinha dito (que não devíamos ser amigos, nem aproximarmo-nos, que a vida tinha seguido e estávamos bem assim como estávamos). Disse-lhe também que nunca mais nos tínhamos visto e que gostava de o ver. Um café. Sem açúcar e sem cheirinho. Fi-lo com medo. Com receio. Sabia que ele não ia ser estúpido comigo, nunca foi, mas sabia também que essa ousadia - depois da última conversa entre nós - me podia custar mais caro do que aquilo que estava à espera de pagar. Fez-se dificil, mas não me deu uma nega. Disse que sim, que havíamos de tomar um café sem concretar datas, disse que andava muito cheio de trabalho (nesta época, acredito bem que sim). Insisti. Reforçei a ideia, ele brincou, voltou a dizer que sim, que podíamos tomar café, que afinal éramos amigos, acabou por sugerir que fosse no dia x. Disse-lhe que era um bom dia para mim e ele pediu para lhe dizer a hora para depois ver se podia.

 

Deixei passar o fim de semana, expectante se o plano iria sair ou não. Tinha um feeling que não ia acontecer, mas apercebi-me, durante esses dois dias, como eu queria muito que acontecesse. Queria. Bastante. O que eu queria no fundo era abrir uma porta... ou, na mesma tentativa, fechá-la definitivamente. O que eu queria no fundo era que ele tivesse algum gesto que corroborasse aquilo que diz. Que se chegasse à frente e que demonstrasse que as pessoas como eu também se enganam. Eu queria tomar café com ele, mas queria também que fosse ele a vir até mim. Estou errada? Acho que mais do que isso, eu queria que ele tomasse uma posição, que ele comunicasse claramente, que ele cumprisse com a palavra dele e eu não ficasse pendurada na dúvida. Chegou o dia x enviei mensagem, mas ele não respondeu em tempo útil. Respondeu no dia seguinte. Como sempre fez inúmeras vezes. "Como é que fica o nosso café?". Respondeu que estava a trabalhar no sítio x (um pouco afastado de mim, nada que não se pudesse fazer). Não percebi o que queria dizer com isso. Pareceu-me uma resposta vaga depois do que eu tinha proposto. Não podia ter dito "estou a trabalhar até x horas", "saio perto deste horário", "queres passar por aqui?" qualquer dica que pudesse servir de GPS seria bem-vinda. Ir atrás dele é - neste momento e sem garantias - inegociável para mim. Acho que já o fiz vezes suficientes para validar o meu interesse e que agora não é suposto ser eu a fazê-lo novamente, embora reconheça que fui eu que sugeri o café e portanto, quem sugere, mexe-se. Devia ir atrás dele? Acho que em todas as coisas da vida tem de haver o básico: vontade e a vontade, quando é recíproca, é bonita. Não estava a sentir que fosse. Uma amiga minha - a que acompanha melhor a telenovela desde o inicio - diz que é recíproco. Não sei em que dados ela se baseia, mas diz que ele tem o cuidado de me responder sempre, de nunca se negar e de nunca me deixar pendurada. Que é atencioso, carinhoso. Valido, mas não interpreto completamente assim.

 

Sinto que o que ele queria era que eu dissesse "vou aí ter contigo". Quando estávamos razoavelmente bem - em plena lua de mel - fui várias vezes ter com ele, visitá-lo. Talvez ele precise de alguma segurança, tal como eu. É legitimo... Mas depois só me ocorrem pensamentos negativos. O overthinking é uma merda. Limitei-me a enviar um "tá bom, beijinhos". O que é que havia de dizer? Vou até aí? Na loucura acho que devia ir. Chegar lá, marcar território, assumir posição. Encostá-lo a uma parede como diz a minha amiga... mas depois... depois começa o curto circuito. A gasolina está cara e não vale a pena perder o lugar de estacionamento. O problema é que assim, isto não desenvolve. Assim, a porta nem abre nem fecha. Esmoreci um bocadinho. Estava a contar com o café. Não é um drama, aconteceu tudo dentro do que era expectável, ele não fechou a porta, mas também não me convidou propriamente para entrar. Se é a minha paga, cabe-me aceitá-la. Respondeu ao meu "tá bom" com um "Ohhhh" e mandou beijinhos tal como eu mandei. Sempre detestei mensagens com onomatopeias. O que querem realmente dizer? Estou a tentar não ir de um extremo ao outro, não polarizar as coisas. Estou irritada, isso estou. Às vezes apetece-me bloqueá-lo. Esfumá-lo da minha vida. Fazê-lo desaparecer. Outras, apetece-me virá-lo do avesso. 

 

Não tenho nenhuma esperança que nos vejamos em breve. Vou de férias na próxima semana, vou ter menos acesso às redes sociais e quando não publico nada, ele raramente mete conversa, portanto, desfecho prevísivel. Quando escrevo estas coisas "não tenho esperança" fico sempre na dúvida. Na dúvida efectiva se o que a vida espera de mim é uma atitude... penso naquelas frases feitas "se continuares a fazer o mesmo, terás sempre os mesmos resultados".Tive várias situações profissionais este ano que mo demonstraram isso. Situações em que foi preciso tomar o pulso, impôr-me, liderar o processo. Em relação ao plano amoroso, sempre fui muito mais reactiva do que proactiva. Se calhar nunca obteremos dos outros o que realmente queremos se não actuarmos de acordo com isso. Eu, contente da vida, a achar que ia safar-me e só me compliquei mais a vida, não foi? O certo é que nesses dias em que ele disse que estava cheio de trabalho, os stories dele foram todos dedicados à construção civil (o que não deixo de ter uma certa graça). Parece que ele sente a necessidade de comprovar que está efectivamente cheio de trabalho. Cheia de trabalhos estou eu, meus amigos, estou eu! 

Cá estamos nós em Agosto - oitavo mês do ano - e a pessoa teve pr'aí uns três dias de glória, se tanto (e a probabilidade de algum deles ter sido sob o efeito do álcool é grande, portanto nem vale). Continuo com o mesmo mood anterior e provavelmente com mais um ou dois quilos. O que é que isso importa para uma rebelde como eu que foi expulsa das consultas de nutrição asseguradas pelo sistema nacional de saúde? Na-da.

 

O meu "amigo" voltou a estabelecer contacto. Na verdade, nunca deixou de. Desaparece, reaparece, desaparece. Não foi um contacto feliz. Ele tem uma "namorada" nova. Era suposto estar quietinho, não? Lembrou-se de me enviar mensagens durante uma viagem de trabalho. Tipico. Sai debaixo da asa dela, faz o quê? Actualiza a lista de contactos. Não devo ter sido a única. Conversa p´raqui, conversa p´rali, pergunta: "tens saudades minhas?". Tenho, mas não podia responder que sim. Até porque as saudades que tenho são de abraço e de pêlo, de mais não podem ser. Tentei ser pedagógica como sou sempre, "se pensares um bocadinho, sabes a resposta". Soou um pouco a educadora do jardim de infância, mas a criatura tem 25 anos. "Eu sei que é não, e faz sentido, e é normal". Então porque é que perguntaste caralho?! Expliquei-lhe que a vida seguiu - já lá vão 6 meses - sublinhei que ele também fez as suas escolhas (aparentemente porque ele não escolhe, ele encosta-se onde puder). Depois veio o discurso da vítima (óbvio!) e o elogio da minha pessoa, duas estretégias muito usadas por pessoas manipuladoras. Esta manobra de diversão foi a ginga em cima do bolo. Desatei num pranto como há muito não me acontecia. Senti-me tão impotente que só restou desafogar-me sentada na secretária do trabalho a olhar para o ecrã do telemóvel. Só chorei duas vezes neste trabalho, curiosamente das duas vezes a razão foram homens. Respirei fundo e expliquei-lhe o que se tinha passado. Senti que o devia fazer, então fiz. Correu bem? Não. Claro que não. 

 

Disse-lhe que achava que ele era boa pessoa (continuo a achar isso, na sua génese, é), que estava a gostar de conhecê-lo e que me tinha trazido sensações boas e intensas, mas que me tinha sentido um usada por ele (sexualmente falando) e isso tinha-me deixado desconfortável. Confrontar um manipulador com a verdade dos factos nunca é boa ideia, muito menos quando pomos em causa o sistema que eles estão habituados a utilizar. Disse-me que me queria ligar. Ligou? Não. Disse que queria ser meu amigo? Esforça-se por sê-lo? Não. Disse que eu não tinha percebido que ele estava a gostar de mim de verdade e que queria que a nossa relação se desenvolvesse, mas eu não deixei. Claro. De quem é sempre a culpa? De quem nunca a tem. Expliquei-lhe também - com mão firme - que não devíamos ser amigos nem nos aproximarmos. Desejou-me felicidades. Disse que eu era das melhores pessoas que alguma vez tinha conhecido. Que merecia encontrar alguém que me fizesse realmente feliz e que sabia que eu ia encontrar (acredita mais ele do que eu). E... restringiu-me. Claro, as pessoas inconvenientes devem restringidas. Pancada até ao fim. Como é que não hei-de estar exausta? A parte positiva é que ao contrário da minha dieta, este jejum eu tenho conseguido manter. Que pessoinha do caralhinho! Porque é que as boas rolas vêem sempre com os piores donos? 

 

Ando respondona, chata, não consigo divertir-me nem entusiasmar-me com nada e acho que está todo o mundo mais ou menos assim. Toda a gente me irrita. MUITO. Mesmo, muito. Tenho um contactinho novo. Na verdade, ele ainda não se dignou a dirigir-me palavra, mas amigamo-nos através das redes sociais. Fui eu que tomei a iniciativa de adicioná-lo no facebook (pareceu-me menos óbvio) e ele depois enviou convite no instagram. Faço likes nas fotos dele com o cão assim ele não sabe se é por causa dele ou do animal. Ele nunca reagiu a nada. É mais velho, mas mais novo, lol. Tem 37, um trabalho estável, hobbies interessantes, uma moto e cães. Consta que está solteiro há bués, mas se for pr'a ficar especado a assistir aos stories sem fazer nada, o comboio vai andar e depressa. Se eu quisesse audiências, tinha concorrido ao Big Brother.

Coisas que eu não devia ter feito desde a última vez que escrevi: aceite o pedido de amizade do rapazinho que levei para casa embriagada. Coisas que eu devia ter feito: continuado a ignorar as mensagens dele. Coisas que eu fiz: sexo, sexo, sexo! Coisas que me arrependo de ter feito: TUDO! (bom, o sexo não posso dizer que não foi bom). Daqui a poucos dias faço 40 e encerro os 30 com este capítulo misericordioso! Se o universo me continuar a tratar assim, não sei como é que vou chegar aos 41! Não sei mesmo, juro!

 

A criatura que eu conheci é possivelmente casada (e eu sabia disso quando o levei para casa, sabia, mas não estava em condições de reagir em consonância com os factos). Está "supostamente" a meio do processo de divórcio - diz ele - sendo que a ex-mulher-ainda-mulher é mais velha do que ele (mas não tão velha quanto eu). Digamos que ele está na base da pirâmide, ela no patamar seguinte e eu acima, no topo da cadeia. Foi pai há 3 meses. Exacto. Tem uma cria de 3 meses (que diz que visita todos os dias). E esteve casado uns 7 meses tendo a relação no total durado 2 anos (se é que está realmente terminada). Perdeu a mãe aos 14 e entretanto viveu em instituições. Ele e os irmãos (que são uns duzentos mais ou menos). Começámos bem. Partilhámos medos e dores, tanto ele, quanto eu e um pouco das nossas histórias (que não são de todo fáceis de partilhar). Criámos uma intimidade estranha em pouco tempo, mas aparentemente saudável e segura. Sentia-me confortável com ele e sentia-o presente, disponível, interessado. A nossa energia batia. Entre lençóis e fora deles. Senti-me, de repente, 20 anos mais nova (é este tipo de droga que nos pode lixar para sempre). Tentei não julgá-lo muito e entreguei-me ao processo (mas de vez em quando perguntava-me "o que é que tu estás a fazer com a tua vida?!"). Ele tem tudo aquilo que sempre foi decisivo para mim, para seleccionar pessoas. Desta vez, não o fiz. Se calhar porque como nunca tive grandes resultados, arrisquei ir por um caminho diferente. Embora as coisas estivessem a fugir-me um bocadinho do controlo, havia nele uma coisa que me prendia: pureza. Achava-o muito inocente, alguém bonito, machucado, mas com o coração no lugar certo. De repente, caiu um meteorito no paraíso.

 

Ele viajou em trabalho e durante os dias em que esteve fora revelou-se alguém demasiado carente, chato e manipulador (não são todos hoje em dia?). Perguntava-me todo o santo dia - de 5 em 5 minutos - se eu tinha saudades dele fazendo com que eu me sentisse quase obrigada a dizer uma coisa que eu, na verdade, não sentia. Chegou ao cúmulo de, após uma videochamada, me enviar uma mensagem a dizer "eu sei que não estavas sozinha". Alto e pára o baile! O histórico dele é mau, mas um comportamento assim é ainda pior! Deixei de lhe responder. Não dou a minima possibilidade a comportamentos deste tipo. Ligou-me várias vezes, fez um drama daqueles, pediu perdão, disse que se ia emendar e perguntou se podíamos continuar a falar porque se sentia muito bem ao meu lado. E disse que só me pedia uma coisa: que no dia em que eu não quisesse saber mais dele que por favor lhe dissesse e não o enganasse. Este episódio impactou-me muito. O meu ex era manipulador. Prometi a mim própria que não tolerava mais nenhum. O meu entusiasmo foi esfriando de tal forma que eu não consegui disfarçar mais. Voltámos a conversar e eu disse-lhe que não estava interessada em continuar envolvida numa "situationship" deste tipo. Diagnostiquei-lhe um monte de  patologias, apontei-lhe um monte de defeitos e disse-lhe que tinha sido apenas uma aventura, que amanhã já nenhum de nós se lembraria dela. Ele disse então que se ia afastar. Muito ferido, dizia-se ele, postou uma foto no face com uma frase de fazer chorar os cactos do deserto. Um drama, outra vez. Tudo nele era intensidade a mais. Comecei a recuar, fiquei angustiada e em alerta, mas senti que podia ter sido dura mais. Quando os nossos triggers são accionados temos tendência a reagir ao ataque com a artilharia toda que temos. Voltei ao contacto e estivemos juntos novamente. Porém, agora, sentia tudo diferente. Menos disponível, menos conversador, menos presente como se fosse um corpo sem alma e eu confesso que estava a gostar das duas coisas.

 

Questionei-o e ele disse que estava tudo bem, que não se tinha distanciado, que estava apenas com muito trabalho, mas que queria continuar como nós estávamos. É óbvio que as coisas não estão bem, mas ele não quer falar disso. E não querendo falar disso, eu também não quero. A última vez que estivemos juntos, convidei-o para jantar e acabámos enrolados no carro. Senti-me um bocadinho usada, como se ele agora só me utilizasse por me utilizar, vocês entendem. Por muito que eu desejasse viver o que não vivi aos 20s nem aos 30s, acabei por compreender que o meu lugar aos 40s não é no carro de ninguém. Muito menos de um puto de 25 anos. Ele voltou a viajar em trabalho. Tem-me enviado mensagens. Não lhe tenho respondido. Pelo que vi na barra de notificações, a última dizia "Já entendi". Umas vezes penso que ele é extremamente sensível e inteligente, outras acho que ele é a ponta de um iceberg sem fundo. O que é certo é que não me sinto segura a andar nesta montanha russa onde eu entrei porque quis, mea culpa. Todas as minhas escolhas têm sido péssimas. Pergunto-me eu se necessárias? Foi sem dúvida o sexo mais fogoso da minha vida, não posso nem chegar perto dele que receio cair em tentação. Em troca disso, baixei um pouco as barreiras de protecção, consenti coisas que nunca tinha consentido na vida e provoquei uma fuga no meu próprio sistema de valores. Estou confusa. Não morri, não me falta um braço, nem uma perna, mas sinto-me estranha. Tenho dormido mal. E voltei a sentir ansiedade. Tudo coisas que eu não quero sentir e que já não sentia há imenso tempo. Posso me ter iludido um pouco e é por isso que não estou bem comigo. Como é que me deixei levar?

 

A verdade é que ele não tem nada para me dar. Gente, nem uma TV ele consegue comprar porque o crédito não é aprovado. Por muito que eu estivesse a precisar de sexo, o que eu realmente quero é alguém que divida os Domingos comigo. Alguém que preencha o vazio da minha vida, me mostre coisas que eu não conheço e que essas coisas não sejam becos escuros onde se vai para se dar uma. Achei honestamente que, mais uma vez, ele podia surpreender, mas não. (como é que é possível que eu ainda tenha esperança?) Assim como eu achei que eu podia ser alguém desse tipo, mas não. Foi só mais uma aventura dolorosa de processar e assimilar. O universo tem-me dado realmente aquilo que eu tenho pedido, talvez para me mostrar que estou completamente errada. 

O post de Março pós legislativas. Nem sei bem como dizer isto... A frio - e para quem não segue o blogue - soa um bocado mal, mas cá vai: fui para a cama com uma pessoa de 25 anos. (em minha defesa, ele parecia rapaz para 30s e pico grandes). É um pormenor, se calhar um bocadinho desnecessário, mas se é para destruir a imagem que vocês têm de mim, que seja de uma vez: fui para a cama com ele três vezes. NA MESMA MADRUGADA. (era um jejum de dois anos gente, merecia). Como é que me sinto? Um pouco dorida. A grande novidade é que desta vez não foi um forasteiro e eu não sei se isso é bom ou mau. A criatura vive cá, na minha zona, mas eu nunca o tinha visto (embora ele conste do meu histórico de pesquisas no facebook). Confesso que entrei um bocadinho em pânico quando abri o olho de manhã e me dei conta do que tinha acabado de fazer - todo um inédito a vários níveis agravado por uma sobrancelha entrecortada a meio (facto que eu não tinha reparado antes). Digamos que esta parte da minha vida pode muito bem ser aquela em que eu me relaciono com pessoas perfil Casa dos Segredos. A parte importante: pouca gente testemunhou o acontecimento (acho eu). Abordei-o na pista de dança depois de uma troca de olhares, ele sugeriu conversarmos na esplanada do bar e o resto vocês já sabem. Vocês e os meus vizinhos.

 

Se estiverem interessados na parte funcional do episódio, posso adiantar que a criatura se portou muito bem e cumpriu com os mínimos todos, mas... quando a minha alma começou a voltar ao corpo, senti-me a perder o interesse na coisa. Sexo por sexo não é a minha cena. Definitivamente. Fi-lo porquê então? Primeiro porque estava alcoolizada, segundo porque o tinha definido como se de um objectivo se tratasse. Não é um objectivo tão nobre como subir o Kilimanjaro, mas é o equivalente e também (me) custa horrores. Estou a viver a vidinha de cougar que supus que seria divertida... mas o vazio continua lá. O sexo pode até acalmar o corpo, mas não acalma a alma. Andei enganada este tempo todo. A pessoa vai-se tentando divertir aqui e ali - sempre no off - até aparecer alguém com quem não queremos andar escondidas. Disse-lhe que me importava um caracol o que ele pudesse pensar de mim, mas que não tinha o hábito de sair, beber e trazer gente para casa. Ele disse que também não. Convidou-me para tomar o pequeno almoço e eu recusei. Disse-lhe que não queria esse tipo de "negócios". Ele disse que compreendia e que respeitava, mas à noite enviou-me uma mensagem. Não lhe respondi nem o vou fazer. Nunca me tinha sentido tão homem na vida. 

 

Acho que posso dar por concluída esta etapa da Grande Tour de France: envolver-me com alguém sem estar apaixonada, check! (que merda de objectivos defini para os últimos meses dos trintas!). A verdade é que tenho conseguido mais ou menos concretizar o plano, agora o plano é altamente duvidoso. Continuo a ver horas iguais todos os dias, várias vezes ao dia... Se isso significa que estou realmente no caminho certo, valha-nos Deus Nosso Senhor! Continuo muito impactada pelo militar, mas já consegui apagar as fotos dele do telemóvel. Acho que sonhei demasiado com a ideia do cavaleiro andante que chegava de longe e me resgatava de uma vida aborrecida. Nope. O que é facto é que depois dele, tenho me virado do avesso. Talvez ele tenha vindo para me lapidar, embora uma parte de mim gostasse que isso incluísse um anel no dedo. Silly girl!

 

Quando a vida acontece de formas que rompem com o padrão, a gente entra um bocadinho em pânico. Quem sou eu? O que é que ando a fazer? Porque raio é que estou a fazer coisas que disse que nunca faria? Porque é que estou a quebrar regras que sempre foram ouro para mim? Porque se calhar estou farta de fazer sempre tudo da mesma forma. Que vergonha, tens quase 40. Culpo-me, mas também acho legítimo que possa desfrutar de uma parte da minha vida que sinto que não vivi. É uma espécie de segunda adolescência. Não acredito que me possa trazer grandes revelações, mas não vou deixar de experimentar. Quanto ao amor, não vale a pena procurá-lo. É ele que nos encontra. Quando quer, da forma que quer. A única coisa que me resta é continuar a sonhar com ele nos dias em que for capaz. 

(será mesmo o último? ah ah ah ah) Os dados que interessam: 

Os outfits:

Eu - umas leggings pretas (melhor compra da Zara de toda a história da moda) combinadas com uma sweat oversized but not too oversized e umas New Balance. Não lavei o cabelo porque não tive pachorra e achei que era um esforço em vão (o auge do entusiasmo eu). Ele - uns jeans, uma tshirt azul escura e um casaco de polipele. Os sapatos eram horríveis (umas botas tipo da neve) e o cabelo também não parecia lavado. Achei-o bonito no geral, um pouco mais gordo do que nas fotos da app. Tem os dentes alinhadissimos, uns lábios super delienados, bem esculpidos, másculos sem serem brutos. O cabelo solto e ondulado dá-lhe um ar diferente do comum (tem pinta de italiano, um querubim entre o surfistinha da linha e o intelectual de esquerda). Tem a barba rarefeita exactamente no ponto em que eu gosto e uns olhos castanhos que me intrigaram um bocadinho. Porquê não sei. Não são profundos. Nem brilhantes. São apenas bonitos. E doces. Tem 30 anos, é aquário (se isso interessar), licenciado, trabalha no estrangeiro e veio a casa passar o Natal.

O date: um pequeno almoço sugerido por ele - depois de termos falado uma ou duas vezes - num sítio e horário sugeridos por mim (começo a achar muito graça aos dates durante o dia!)

 

Overall Rating: 7/10 

Não foi espectacular, mas também não foi um desastre, foi normal acho eu. Considerando que eu também não estava super entusiasmada com o momento, acho a pontuação justa. Não o notei demasiado nervoso, parecia-me relaxado, conseguiu ser brincalhão sem parecer bronco e achei-o honesto em relação à informação que partilhou sobre ele. Ou seja, em comparação com o último date (o das cordas) em que o tipo passou o encontro todo em apneia, foi bastante menos tenso e muito mais suave (embora estivessemos num sítio neutro, claro). Fluiu naturalmente como deve ser uma coisa destas, sem grandes expectativas.

Green flags: Pediu desculpa ao inicio por não me ter dado atenção no dia anterior porque tinha tido um jantar com os primos. Admitiu que há imenso tempo que não estava com ninguém e que só tinha tido uma namorada a sério na vida e à distância porque segundo ele, "quando se gosta, faz-se o que é preciso". Nem sei bem se isto é uma green ou uma red flag... Fico sempre com o pé atrás. Ri imenso quando referiu que não gosta de se gabar porque normalmente quem o faz não faz nada daquilo que diz que faz e como todos os miúdos de 30 anos, deixou escapulir propositadamente que gosta muito de dar prazer a uma mulher (acho que a malta mais nova - quando está com uma mulher mais velha - sente a necessidade de deixar isso bem claro... mesmo que não saiba what it takes to, ah ah ah ah). Não houve nenhuma conversa do tipo "o que é que fazes na app" ou "o que é que procuras" e ainda bem. 

Red flags: Tem um historial familiar complicado sobre o qual não se abriu muito, não tem sido muito constante em termos de trabalho nos últimos anos, mas parece ter as ideias e o coração no lugar. Não é um grande conversador, escreve imensas vezes "ahahahah" como resposta às mensagens e a meio do date perguntou-me se queria combinar alguma coisa mais tarde, com mais tempo. Sugeriu que fossemos comer umas tapas, mas estou constipada e a arrastar-me, não me mostrei muito interessada. Voltou a enviar mensagem mais tarde a sugerir o mesmo e voltei a recusar educadamente. Não gosto que insistam muito nem que forcem a barra. Ele compreendeu. 

 

O que é que me agrada nele: embora seja prematuro, diria que é a abertura. É uma pessoa com vontade de fazer coisas. Que tipo de coisas não sei, mas é alguém que me vejo a convidar para uma caminhada e a aceitar. Acho que é gente para isso e para várias actividades, ao contrário do último, por exemplo, que só me chama para o atar à cama e satisfazer. Fisicamente não sei se houve um click. Acho-o bastante sexy nas fotos, mas ao vivo, as botas deram cabo do figurino que eu já tinha montado na minha cabeça. Tem uns traços bonitos, mas parece desleixado. Vejo potencial, mas precisa de um makeover. Embora pareça isso tudo, não me parece bruto nem plástico como o outro que era uma pedra (até a beijar). Parece flexível e maleável. Fiquei com essa ideia. 

O que é que não me agrada nele: o ar desleixado (pode ter sido hoje), a pouca criatividade nas mensagens (ainda não falámos o suficiente, mas...) e a pressa, no entanto até compreendo em parte. Vai-se embora dia 4 de Janeiro e está a fazer pela vidinha. Pode ser apenas um puto sem grande história e sem grande cabeça a tentar marcar um golo só porque apareceu a oportunidade. Não sei se me apetece arriscar mais um episódio traumático na vida, experiência não me parece que ele tenha muita, mas pelo menos não prometeu este mundo e o outro. Se ele se mexer direitinho talvez haja um segundo date. Depende dele. E dos adversários! To be continued.

 

Entretanto, continuo a falar com o do último post. O do vinho. Conversa da treta. Não desenvolve mais do que o básico, mas lá de vez em quando mete conversa. Dentro do género é provocadorzinho, mas só quer o óbvio claro. Já disse e referiu que sabe muito bem fazer o seu lugar e o que precisa ser feito quando está com uma mulher! Se eu ganhasse um euro por cada vez que um puto me diz isso... E quando eu achava que não podia descer mais abaixo dos 30, começa um de 25 a enviar-me mensagens. O que é que se passa minha gente?! Sinto-me um íman. Ah ah ah ah. Respondi-lhe educamente, mas não lhe dou muita conversa. É preciso ter calma e cuidado quando uma pessoa atravessa mares como estes nunca antes navegados (até porque a mãe da criatura é frequentadora assídua do meu estabelecimento e uma pessoa não se pode dar ao luxo de perder bons clientes). E como não há duas sem três, conheci outro miúdo numa festinha de Natal. Ele estava bastante bêbado já e eu não estava plenamente lúcida também, mas como nessa mesma festa / bar também estava o das cordas, deu-me jeito utilizar esse pequeno só para fazer uma ceninha.

 

Eu já desconfiava que mais tarde ou mais cedo me ia cruzar com o das cordas, assim como também desconfiava que ele não ia saber o que fazer quando isso acontecesse e que o mais provavel era evitar-me. Ou fazer que não me viu. Quando percebi que ele estava lá, passei uma vez perto da mesa dele só para marcar território, mas fiz que não o vi. O objectivo era ser vista e espalhar o pânico. Quando ele topou que eu lá estava, olhou várias vezes para a minha mesa, mas sempre a disfarçar. O mesmo que eu fiz. Depois de algumas bebidas, as minhas amigas decidiram ir dançar e eu que pensava que ia só tomar um copo e vir para casa, acabei a dar tudo na pista de dança. (grande ressaca no dia a seguir!). Quando passei por ele, ele virou as costas para fazer que não estava a ver eu ir nessa direcção, então aproximei-me dele por detrás e disse "é muito tarde para estares aqui a esta hora, não devias estar em casa?" e continuei a andar para a pista de dança. Apeteceu-me gozar um bocadinho com a situação... de ânimo leve, claro. Ele não disse nada, nem sorriu, nem brincou, ficou branco, petrificado, imóvel. Às tantas nem percebeu o que é que eu disse... Vi-o várias vezes na pista de dança, descontraído, a dançar, a beber, a divertir-se, sempre a dar nas vistas, mas eu não me fiquei por menos. Dei tudo e no fim da noite, viu-me a trocar números de telemóvel com esse rapazinho assim como me viu a sair sozinha do bar a caminho de casa. Não houve mensagens posteriores, mas houve aquilo que ele no inicio, quando começámos a falar, me tinha dito "se não estiveres interessada em mim, eu eventualmente terei de seguir em frente". Está a pagar pela língua porque eu mostrei-lhe exactamente como se faz.

 

Tenho obviamente de confessar que depois dele me ter enviado a última mensagem a oferecer-se novamente para eu usar as cordas nele, passado uns dias, enviei-lhe foto das cordas, tudo para o picar. Ando a brincar com o fogo, eu sei. "Acho que vão dar óptimas decorações de Natal, não achas?", ele respondeu "com certeza". O que ele responde sempre quando não quer continuar a falar... acho eu. Também não disse mais nada. Gosto apenas de picá-lo e de fazê-lo passar mal com a cena toda que ele próprio montou. Gosto de torturá-lo com a ideia de que eu podia perfeitamente fazer o que ele quer que eu faça, mas não faço porque ele não me dá aquilo que eu quero. Há lá coisa mais sádica do que esta?! Se isto não é rough enough então não sei o que será... Acho que estou a jogar bem, não estou?! Assim como acho que daqui a uns tempos, quando eu me tiver esquecido do assunto e ele não tiver entretenimento melhor, há-de voltar a perguntar-me sobre as ditas cordas. Uma coisa é certa, incomoda-me muito que ainda não tenham sido utilizadas. Devia arrumar o assunto este ano. Ah ah ah ah ah. Boas saídas malta e grandes entradas! 

Estou a tentar lidar com a frustração causada pelos últimos eventos. A forma como estou a lidar com isso não tem sido linear. Como nunca nada que saia do formato o é. Porque é que o universo me mandou um rapazola com tudo aquilo que pedi (do ponto de vista material / físico), mas sem o devido recheio? Chega de partidas vida! Estou farta de ensinamentos e aprendizados (por muito úteis que eles me possam vir a ser). Sei que o alvoroço interno que me está a ser dificil acalmar não é mais do que o que projectei a implodir. Não há uma forma certa de fazer isto a não ser pela tentativa-erro, mas cada vez que não resulta, pergunto-me se não estarei a fazer algo de errado? Não estou. Sei-o perfeitamente, mas continua a ser-me dificil gerir desfechos imprevisiveis. Não sou só eu que me questiono, algumas das minhas amigas também têm as mesmas dúvidas: o que é que leva um homem a ter o trabalho de se envolver com uma mulher para logo a seguir descartá-la? E porque raio é que vocês - senhores - nunca dizem as VERDADEIRAS RAZÕES que vos levam a fazer isso? 

 

Quando eu era adolescente, não me sentia confortável em expressar os meus sentimentos / pensamentos. Era super calada. Sempre fui. Mesmo nas aulas. Lembro-me do dia em que o Paulo Alexandre (nome fictício) me levou para trás da escola e disse que gostava de mim. Entrei em pânico, fiquei sem saber o que fazer porque imaginei que a seguir ele me tentava beijar e eu nunca tinha beijado ninguém. Então vai que me pareceu fantástico dizer-lhe que gostava de outra pessoa porque era a forma mais segura de acabar com o pobre do Paulo Alexandre e evitar que ele me matasse do coração. Eu não gostava do Paulo Alexandre, mas também não gostava de mais ninguém. Será que agora o universo está numa de acertar contas comigo? Claro que eu era muito jovem, muito insegura, muito infantil. Quando me senti encurralada - desconfortável com a possibilidade de fazer uma coisa que nunca tinha feito - dei um coice forte para afastá-lo de mim e zerar todas as chances de continuarmos a ser amigos. O Paulo Alexandre - que entretanto casou e teve filhos - não fala comigo hoje em dia. Já tentei dizer-lhe "Olá" e dar-lhe "Bom dia" e ele baixa a cabeça sempre que passamos lado a lado na rua. 

 

O moço das cordas trouxe-me à memória uma série de episódios da minha adolescência. Imaturo como ele aparenta ser, pergunto-me se ele não utilizará o mesmo sistema de defesa quando se sente encurralado? Perante a ameaça assustadora da vulnerabilidade, vocês desceriam ou subiriam as vossas barreiras? É óbvio que isso não justifica o desrespeito. Nunca. Se tu estás a tentar ter acesso a uma pessoa e ela dá-to porque raio é que tu não haverias de querê-lo? Nós só fugimos do que nos incomoda. (eu a tentar encontrar um sentido). Eu pelo menos actuo assim, embora tenha consciência disso e esteja a tentar não repetir o padrão. A última vez que me despi emocionalmente e deixei que me vissem vulnerável foi a primeira vez que senti que estava a fazer a coisa certa no momento certo. E como não utilizaram isso para se rirem de mim - um gesto que a minha família, em particular a minha mãe, adora praticar - eu senti que era como se todas as coisas que eu perdi tivessem voltado de novo para mim. Que sensação! Foi um dos poucos momentos da minha vida verdadeiramente consoladores. Acho que nunca me tinha referido a esse momento nesses termos, mas foi de facto um consolo no meio de tantas dores. Acho que a vida adulta é dura exactamente por causa disso. Temos consciência - e medo - de que as coisas que perdemos não voltam (mesmo) mais. 

 

É por isso que apesar de saber melhor qual é o meu valor hoje em dia, também sei o quanto sofri para ganhar essa consciência. O quanto ainda sofro. É por isso que tento não ser dura com os outros. É por isso que em vez de dizer aos Paulos Alexandres actuais que gosto de outra pessoa, tento ser corajosa e explicar como realmente me sinto: nervosa, insegura e ansiosa sempre que me colocam perante situações novas e desconhecidas. Assim como tento incentivá-los a fazerem o mesmo. Se foi a primeira vez do puto das cordas, ele devia ter dito, mas não disse. E isso f#de@ tudo. É o processo dele e o processo dele tem de ser respeitado. Temos de contar com aquilo que é dito e ele não disse nada ou não disse nada do que realmente interessava porque continua a esquivar-se à conversa que é precisa. Consegues engatar uma mulher mais velha e envolver-te com ela... Que miúdo - recém chegado a um sítio novo, sozinho - não exploraria isso?! Um miúdo que claramente nunca passou do nível 1 e não sabe - depois de deitar os trunfos básicos todos fora - como continuar a jogar. 

 

O importante é não deixar que isso contamine os meus pensamentos e continuar o meu caminho. Não é que ligue muito aos horoscopos, mas entretenho-me a ler alguns que considero mais ou menos credíveis. Ontem li um - Words you need to read this weekend - que parecia mesmo, mesmo escrito para mim:

"You don't have to explode to be noticed. You don't win that friend group over; stop trying to. People are going to talk shit; let them. You know the truth. You have sincere intentions with awkard execution (you get more skillful). I understand you, even if you feel like nobody else does. Some texts are better left unsent. You will never be "too much" for the right people. That said, you will be "too much" for others, and you need to respect that. You can laugh at yourself without making yourself the joke. Don't give up on your own art. Don't give up on yourself. Dont give away your power. Slow down. Spend as much tome with granny as possible. Forgive yourself. You're really, really, really bad at math, but you're going to need to keep showing up to class anyways. Dump him. Stay curious. Keep reading. Keep burning your friends' CDs. Keep your heart on your sleeve (but maybe cover it up every now and then). You're allowed to feel things deeply but work on how to express those emotions. You become friends with your parents, cut them more slack. You finally find your people. You're not alone. You get into college. You turn into a writer. You help others. You get your shit together. You're not so bad, be kinder to yourself. Hang on, it gets better."

 

A minha vida actual resumida de uma forma sucinta. Está aqui tudo, não está? A seguir ainda li isto - Gentle reminders to make you feel better today: "When you forget your worth, please know that you are not and afterthought. You are not an idea that needs mulling over. You are not an option. You are not second best. And anyone who makes you feel any of those ways doesn't deserve you anyway". Ainda tive direito a isto - A message from your future self: "The Universe is guiding you, and by listening to your intuition, you'll find the path to your desire is clearer and smoother." e para acabar, numa outra página em espanhol: "No tengas prisa en que sucedan las cosas." Acho que os astros nunca estiveram tão alinhados. Bom, é confiar - mesmo que eu não acredite muito que o Universo está a fazer o que é melhor. P.s - não vos disse, mas o moço tem o mesmo signo que eu, ah ah ah. Fazemos anos no espaço de 5 dias. Exactamente como o meu amigo António Maria. 

 

Mandei o de 27 esperar sentado. Não desci tão baixo. Não o faria. Uma pessoa - por mais desesperada que esteja (acho que me posso chamar isso) - continua a ter parâmetros. A conversa dele foi PÉSSIMA. A postura PIOR AINDA. Não me surpreende. No geral, estão todos à espera. Quando abro a app o que mais vejo são pop ups a sinalizar "a tua vez". Não há nenhum match digno de resposta. Neste momento são pr'aí uns 12 em lista de espera. Ad eternum. Continuo a fazer swipe só porque sim. A minha idade já não me permite responder a "bons dias alegria". Nunca me permitiu na verdade. Quero acreditar que isso não me acontece só a mim. Na verdade, acho que as apps são para isso mesmo. Para sacar dinheiro aos tolinhos e para não se chegar a nada com várias pessoas. Também acho que lá de vez em quando calha-nos a fava, uma coisinha mais ou menos sana só para acreditarmos que a tecnologia pode poupar-nos uma série de etapas. É mentira. Não nos poupa de absolutamente nada. No entanto, continuo a achar que há um lado extremamente positivo.

 

Antes de lá ir, tenho que vos contar outra coisa. As cordas chegaram. O que é que eu fiz? Vocês já sabem. Avisei-o. O outro. O de 30. Ponderei muito antes de. Fiz até uma sondagem entre amigas. As jovens na casa dos 30s diziam-me para não avisar, as não tão jovens na casa dos 40s diziam-me para tentar. Achei curiosa a divisão de opiniões por faixa etária. Eu queria arrumar o assunto. Bullshit. O que eu queria, queria, era desenterrar o assunto embora o prazo de validade já tivesse vencido. Incomoda-me bastante ficar com utensílios que foram introduzidos na minha vida por alguém que não está na minha vida. Nem como amigo sequer. Comecei a ponderar não enviar, mas enviei assim mesmo. Às vezes precisamos de encerrar merdas que nunca chegaram a começar. Não posso não admitir que também queria obviamente lembrá-lo da péssima prestação que teve, o que não deixaria de ser uma provocação. Do ponto de vista sociológico tinha curiosidade perceber com que tom me responderia, se me respondesse. Ao, "olá, a tua encomenda chegou, diz-me o que é que queres fazer", ele respondeu "duvido que as usaria, por agora estou apenas focado em mim, desculpa como tudo acabou". Vamo lá a ver uma coisa,  então duvida que usaria uma porcaria na qual me fez gastar dinheiro? Bonito.

 

Num primeiro momento achei a resposta positiva. Fiz uma leitura muito rápida da coisa sem recorrer ao google translator. Atenção que o tradutor vai ser importante mais adiante. Há tanta gente de quem esperei um pedido de desculpas que nunca o fez, que fiquei surpreendida que este aparecesse sem grande esforço. Respondeu e foi honesto. Bom, foi politicamente correcto. Honesto nós sabemos perfeitamente que não foi. Então, eu - armada em Madre Teresa de Calcutá dos Aflitos - escrevi de volta que agradecia a honestidade (porque se deve sempre reforçar e incentivar os comportamentos positivos e devia ter sido sempre assim desde o inicio desta fantochada), disse-lhe que lhe emprestava a porcaria das cordas quando ele se sentisse preparado para as experimentar (uma brincadeirinha com mensagem subliminar) e acrescentei - a parte de que agora ME ARREPENDO MUITO - que se lhe apetece falar um dia destes que me desse um toque, isto porque li a parte de estar focado em si como trabalho interno e porque pensei que ele podia estar a bater com a cabeça nas paredes. Crucifiquem-me ou beatifiquem-me porque eu já não sei o que é melhor. 

 

Sucede que ontem, devido à tensão pré-menstrual, as minhas hormonas mandaram-se por um tobogã abaixo. Daqueles infinitos, com bué curvas e partes escuras. E faço o quê? Vou ao google translator, coloco a resposta e vai que tudo me pareceu BEM DIFERENTE. Portanto, ele deixa claro que não está interessado em usar as cordas COMIGO, foi por isso que também fiz questão de dizer que lhas emprestava e a conversinha do "agora estou apenas focado em mim" é o equivalente ao "it's no you, it's me". Bem que uma amiga me disse que ele ia pensar - after all this time - que eu queria qualquer coisa com ele e toca de deixar claro que não está disponível, pois com certeza. Eu só queria mesmo responsabilizá-lo, recordá-lo e atordoá-lo. Não sei se consegui. Fico com a linha do "desculpa como tudo acabou" que é assim a única que me parece mais sincera. E pronto, mais uma noite no meu sofá a beber vinho. Nada de novo. Consigo perceber também que há obviamente uma estratégia de fuga nessa mensagem. Quando algo te incomoda, tu tiras da frente. O rapaz deverá ser muito mais tímido e inexperiente do que quer mostrar. 

 

Este episódio bizarro fez-me recordar um colega de escola. Vou chamar-lhe António Maria porque ele era muito beto e achava-se de sangue azul. Tão beto que quando se esquecia do equipamento para as aulas de educação física, recusava-se a utilizar roupa emprestada dos colegas porque não era de marca. Um ovo podre com quem infelizmente eu me relacionei. Era bully, gozava imenso comigo porque eu era cheinha, mas nunca ao ponto de pôr tudo a perder porque eu também era muito boa aluna e isso dava-lhe imenso jeito. Então ele insinuava um certo interesse por mim para sacar dividendos em relação aos trabalhos de casa e eu, parva, alinhava nisso porque ele era popular - não sei porquê - na escola. Andava sempre tão colado a mim que as pessoas começaram a pensar que nós tínhamos realmente alguma coisa. Fomos para a universidade juntos e um dia ele convidou-se para vir até à minha casa ver um filme. Numa questão de segundos estávamos os dois nus numa cama. Não percebo como é que isso aconteceu e... se repetiu. Não foram muitas vezes e as vezes que foram, FORAM PÉSSIMAS. As suficientes para perceber que NÃO FAZIA SENTIDO NENHUM. Claro que nenhum de nós os dois sabia o que estava fazer, mas eu sabia claramente que ele me estava a usar novamente. Seguiu a vidinha dele, foi estudar para a Suiça, França, Londres, para onde vão todos os de sangue azul com pilas horrendas e que não sabem fazer nada de jeito na cama. Casou com uma tipa qualquer de sangue azul também - que infortúnio - e teve um filho. Aqui há uns meses atrás, tentou meter-se comigo outra vez. "Desculpa ter desaparecido, mas a vida agora é mais complicada". Acham que eu respondi? Querido, nem dei pela falta. 

 

Isto para concluir que as pessoas sem noção voltam sempre a tentar o acesso. Os de sangue azul que sempre parasitaram à volta dos outros, os manipuladores como o meu ex que há uns anos me enviou um pedido para me seguir no insta, os loucos que te bloqueiam e voltam a pedir amizade. GENTE QUE NÃO VALE UM CARALHO. Este amigo, parece ser um António Maria. Não tão mau - estou a ser generosa - mas lá perto. Continuo no entanto a achar isto tudo uma experiência positiva. Fez-me andar p'ra frente. P'ra onde não sei, mas saí do sítio onde estava. Sinto-me com vontade de "adiantar serviço" como se costuma dizer. Mudei a decoração da casa de banho e comprei finalmente uma televisão! Ele pareceu-me tão chique que eu quis tapar o buraco que existia no móvel! Uma nota preta hein... maior do que a que gastei com as cordas. Ha Ha Ha. Estou até a considerar avançar com a adopção de um animal. Penso nisso há imenso tempo e nunca dei o passo em frente porque sempre me convenci de que não era capaz de tamanha responsabilidade ou de tal exercício de amor. De certa forma ele inspirou-me a fazer isso. Se uma pessoa como ele consegue, eu tenho a certeza de que também consigo. Afinal de contas é de amor que os bichos precisam. Acho que me faria bem ter uma companhia. Até proteína comecei a beber. Não adoro, mas é precisa para os meus objectivos. Como ele bem disse "hei-de experimentar tudo pelo menos uma vez na vida". Acho que é esse o lema que levo. E que me estava a fazer muita falta. Talvez existam pessoas que só aparecem para nos fazer subir de nível. (em diferentes domínios). No regrets. 

 

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