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Parental advisory: este post pode ir dos 0 aos 100 numa questão de minutos. A troca de mensagens entre mim e o último contactinho das apps continuou. Entre alguns altos e outros baixos e uns dias off, ele foi alimentando a ideia de que o sexo com ele seria maravilhoso. (bom, a parte do maravilhoso quem a alimentou posso ter sido eu). Ofereceu-se literalmente para ser usado. (e agora percebo porquê). Referiu imensas vezes o tipo de actividades que gostava de praticar. Quite kinky, assumia ele. Pediu-me inclusive para lhe comprar bed restraints porque se as mandasse vir do país dele levariam imenso tempo a chegar. Acho que toda a gente tem direito a um Mr. Grey na vida e eu comecei a entusiasmar-me com a ideia de que este poderia ser o meu. O problema é que a conversa não saía do mesmo sítio. A conversa e ele. Atiçava e no mesmo instante recuava. Propunha encontros sempre para o dia seguinte ou o próximo fim de semana. Disse que dormia habitualmente cedo e não podia falhar com o horário de sono. (um tédio). Desmarcou um encontro porque adoptou um cão e não queria que o bicho entrasse em stress nos primeiros dias juntos. Comecei a aborrecer-me. O cão até desculpo, (é só a coisa mais fofa do mundo), já ele... Senti-me um pouco rídicula ao mandar vir da China umas cordas que nem sei bem se serão usadas comigo, mas parti do princípio que sim. Chegam supostamente dentro de uns dias. Senti-me ainda mais rídicula quando dei por mim a consultar bibliografia específica sobre Bondage e BDSM... mas ele prometia muito. Fiz o que qualquer pessoa normal faria, informei-me e tentei preparar-me. Comecei a achar que a possibilidade de haver sexo entre nós estaria próxima ou que pelo menos começava a ser muito desejada pelos dois.
Antes de ontem, a criatura voltou a enviar-me mensagens. Contava-me como tinha sido stressante o seu dia... e como se estava a sentir horny. Aproveitei a dica e cheguei-me à frente. Convidei-o para vir até a minha casa, relaxar. Trouxe-o até a mim por estratégia, quem joga em casa entra com vantagem. Era uma forma também de dar a conhecer o meu espaço, abrir um pouco mais a cortina sobre mim. Primeiro disse que não podia, claro. Tinha um exame no dia seguinte e precisava estudar. Depois, recebeu uma foto minha - digamos que um pouco provocadora - e mudou de ideias. Comecei a jogar o jogo dele. Ao que parece, até estava na disposição de vir, dependendo do que eu tivesse planeado acontecer. Perguntei-lhe o que o faria vir e ele respondeu que eu o podia "vendar, amarrar e usar para o meu máximo prazer". Nada que eu já não tivesse tentado antes com outras pessoas. Disse-lhe que sim. Que viesse. Estava disposta a resolver o assunto. Tomou banho e apareceu na minha casa. Nervoso. Não me cumprimentou, entrou, descalçou-se e sentou-se no sofá comigo. Antes dele chegar, fui preparando o cenário, apaguei as luzes, acendi algumas velas, escolhi uma lista do Spotify e adiantei-me: 3 copos de vinho, o suficiente para relaxar-me. Falámos um pouco, ofereci-lhe um copo (ele não bebe) e deitei-me discretamente no colo dele. Apesar de ser uma coisa combinada, eu não queria partir para ela sem haver antes um momento para relaxarmos.
Confessou que estava nervoso, que era a nossa primeira vez juntos. Eu disse "Oh, primeira vez?" e ele referiu, pouco à vontade, "toghether". Foi nesse momento que desconfiei que as minhas suspeitas sobre o que ele me poderia oferecer - um sexo pobrezinho e pouco nutrido - poderiam estar certas. Afinal de contas ele só tem 31 anos. Sim, nunca vos contei isso. Ele só tem 31! Não pensem mal de mim por favor! Vesti uns calções bem curtos e um top, para não complicar muito as coisas. O coordenado era fácil de despir e permitia mostrar uma superfície de pele bastante grande. Pouco ou nada me tocou, acho que não sabia muito bem o que fazer com as mãos e o pouco que me tocou foi muito leve, sem convicção e sem orientação. Excitado estava, claro. Não me demorei muito e passei à fase seguinte. Fiz o que me tinha pedido. Sentei-o numa cadeira, na cozinha e vendei-lhe os olhos com um lenço de seda. Beneficiámos os dois disso. A ele suponho que lhe tenha posto a imaginação a trabalhar e a mim permitiu-me libertar-me de quaisquer complexos que pudessem atrapalhar o ter de me despir à frente de alguém. Comecei a namoriscá-lo, a tocar-lhe, a massajar-lhe os ombros, as costas, até que perguntei se beijava. Não sei como é que me lembrei disso, parecia uma p#t@ profissional, mas tentei entrar no jogo que pensei que ele queria. Ele disse que sim e foi aí que o mise-en-scène começou a perder a graça. O gajo não sabia beijar. Ele não mexia os lábios, nem a língua. Nada. Foi uma coisa tão blhec que eu nem sei como descrevê-la. Um sofrimento. Comecei a sentir-me estranha, porque de repente, a gaja de 39, complexada com o corpo, que não fazia sexo há quase 2 anos e que sempre se achou uma nódoa na cama, começou a parecer uma cougar de 39 a aproveitar-se de um cordeirinho indefeso de 31 (quiçá quase virgem). Valha-nos Deus! Querem que eu continue? Têm a certeza?
Utilizei um bastãozinho que tinha em casa (um teaser para gatos ao qual arranquei os berloques ah ah ah) para ir brincando com o corpo dele e socorri-me de gelo (que era o que havia à mão). Vi-o suspirar fundo e rápido. Existia algum prazer na tortura. Despi-o aos poucos enquanto fui pedindo a ajuda dele para me despir também. Fiquei em soutien (nunca ousou abri-lo) e em cuecas (nunca as tirou). Peguei nas suas mãos e passei-as pelo meu corpo, mas elas demoravam-se muito pouco aonde eu queria. Pu-las entre as pernas, mas ele não sabia o que fazer com elas nem onde se concentrar. Comecei a enervar-me. Desci e ajoelhei-me à sua frente. Nunca deixei de lhe perguntar se estava tudo bem, se confiava em mim, se estava a gostar. Dizia que sim. Fiz-lhe sexo oral. Gemeu. Perguntei-lhe o que é que ele queria a seguir. Estava perdida, sem entender muito bem o que é que era para fazer. Deixei-o escolher e conduzir-me. Tentei jogar com as circunstâncias e ser inteligente. Ele disse que queria "meter-se dentro de mim" e eu pensei "boa, finalmente chegou a minha hora"... Deitei-me sobre a mesa da cozinha e foi aí que tudo descambou. Quando eu me deitei na mesa da cozinha, pensei que ele me fosse preparar para o que ele queria, ou seja lubrificar-me, mas não. Partiu directamente para o final e claro, não correu bem. Desde não ter preservativos e eu ter de interromper a cena para os ir buscar ao quarto, ao queixar-se de que a mesa era muito alta para ele, ao mudarmos para o chão e voltar a queixar-se de que lhe doíam os joelhos... foi tudo uma frustração. Preferia as posições mais cómodas, sentado no sofá ou o básico, deitado no chão. De repente comecei a perdê-lo, só me perguntava que horas eram e dizia que já devia estar em casa. Levantou-se, vestiu-se e foi-se embora apressado. Nem se despediu. Acabei a noite sentada no sofá, sozinha, a beber vinho, sem happy ending. Uma tragédia, portanto.
Gostava de abordar a questão e falar abertamente sobre o que aconteceu, mas não quero fazê-lo sem que seja ele a puxar o assunto. Ontem só lhe enviei uma mensagem a perguntar como tinha corrido o teste no trabalho e ele respondeu que tinha passado, com um smiley. Calei-me e nunca mais disse nada. Acho que o posso ter assustado. Não sei. Sinto que posso ter sido um pouco mais hardcore do que o que ele esperava. No fundo, ainda nos estávamos a conhecer. Sou uma pessoa bastante sexual e apesar do sexo vanilla ser o meu preferido, consigo ser bastante wild quando quero. Nesta situação, parti com o que tinha. Não havendo grande intimidade entre nós, achei que era sexo pelo sexo o que ele procurava e afinal de contas podemos ter passado um bocadinho os limites logo na primeira vez. Talvez algo mais soft sem partir logo para o final teria sido uma opção melhor. Ainda nem sequer tínhamos curtido. Vejo-o como alguém jovem, com pouca experiência sexual. Entrou muito novo para o exército, é meio paranóico com a disciplina, super dedicado ao ginásio, está deslocado há vários anos... Toda aquela atitude mais reactiva parece-me uma postura de quem pode ter tido como primeiras experiências sexuais prostitutas e a quem a intimidade incomoda muito. Pago para me fazerem. O estilo. Não sei, não quero estar a overthinking. No entanto, fico um pouco sem saber como me posicionar. Se é que é para me posicionar.
Vou dar-lhe espaço, deixá-lo reflectir. O facto é... quem continua horny as fuck sou eu! A verdade é que esta experiência, empoderou-me, confesso. Celebrei e honrei o meu corpo e isso é maravilhoso. No trauma. Foi mau por um lado, mas extremamente positivo pelo outro. Não dizem que a vida nos envia aquilo de que estamos a precisar? Porque raios cismei que não era capaz? Esta experiência até poderia ser engraçada para os dois. Who knows?