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O Sexo e a Periferia

Entre a Carrie Bradshaw e a Bridget Jones. Com muito menos glamour, é claro.

DIY

Nada de novo na terra do nunca. Não esperem grandes desfechos. Já não conto com eles. Estou em banho maria e não me importo de assim ficar até 2024. Sinto que o fim de ano é sempre pesado para toda a gente. Estamos cansados, não estamos? Qualquer esforço extra nesta altura - nem que seja interpretar uma frase - é penoso. Continuo nas apps - sem grandes esperanças. É um entretenimento (na falta de melhor). Ou uma forma de me enganar a mim própria. Não costumo ser muito pessimista, mas confesso que estou a perder o pé em relação a várias coisas. Se fossem só as relações... Já vi isto com melhores olhos, confesso. Estou muito apreensiva com os negócios e desanimada com o resto. A humanidade está um bocadinho feia e eu não queria nada admitir isso. Estamos a perder-nos (se já não estivermos completamente perdidos). 

 

Ontem, acordei e fui caminhar. Troquei o ginásio pelo frio da rua. Pessoas que saem da cama para apanharem frio na puta da cara propositadamente só podem vencer na vida. Tenho dito. Gosto dessas trocas para quebrar a rotina. É mais ou menos o que procuro nas apps. E fora delas. Alguém que "quebre" as minhas rotinas de uma forma saudável e graciosa. (graciosa, ah ah ah. tudo o que as apps são). Enquanto caminhava parti-me a rir. As caminhadas são normalmente o momento em que costumo "falar" com o universo (solto a Alexandra Solnado que há em mim e lá vai). "Bonito hein, mais uma das tuas". Como posso não rir? Eu a pensar que ia ter o melhor sexo da minha vida depois de anos em jejum e o universo envia-me justamente o contrário. Que mal fiz eu? Há coisas que realmente não se explicam! Depois disso, acho melhor não pedir mais nada a não ser força para aguentar e esperança para continuar. Ando a falar com um de 30 (mais um!). A maioria dos que andam nas apps parecem ter todos a mesma idade, não há muita gente acima disso (porque se calhar já desistiram de se chatear). É bastante divertido, o que o ajuda, mas temo - à semelhança de todas as outras histórias recentes - que seja conversa para pouco tempo embora ele diga que daqui a 3 meses volta para a terra (está actualmente fora em trabalho) e vamos beber um vinho. 

 

Recentemente, e porque estes temas me têm interessado, estive a ouvir um podcast sobre a "nova sexualidade". Foi, do meu ponto de vista, bastante assustador. Estamos a criar adultos "pseudo" autónomos - uma geração que aprende a (sobre)viver e a desenrascar-se muito bem sozinha - e que vê o sexo como um produto que se adquire para satisfazer desejos e impulsos biológicos. Daí a popularidade das apps. Basicamente é como se fosses ao supermercado porque tens fome e apetece-te um donut. Vais às apps porque estás com tesão e apetece-te ser satisfeito. Sim, SATISFEITO. O sexo deixou de ser uma actividade a dois para passar a ser uma actividade cada vez mais individual. O que é um pouco contra natura porque nós precisamos do outro para evoluir e não me refiro apenas à procriação. As estatísticas confirmam que esta geração faz menos sexo e cada vez menos (números bons para as sex shops, claro). O problema é que estes adultos "pseudo" autónomos não sabem (até terem um encontro de 3º grau como eu tive) que o sexo real é muito diferente da pornografia. O sexo, de verdade, é mais complexo do que bater umas punhetas à frente do computador. Exige sobretudo que a pessoa se entregue, coisa que esta geração não gosta lá muito de fazer. A geração que está conectada a todos os devices, menos aos que realmente importam. É bem assustador isto!  De repente uma pessoa tem quase 40 e tem de se situar se quiser ir a jogo. Se não quiser, a solução é... DIY. O problema é que nós - os de quase 40 - que crescemos com o gingado de anca do Patrick Swayze não estamos bem a ver como é que isto passou, de repente, para a masmorra do Mr. Grey. 

 

Entretanto, não vos cheguei a actualizar sobre a minha limpeza energética, mas ao que parece, vou para 2024 sujinha e poluída. Não é que me chateei a valer com o meu amigo lá das coisas do além? Vocês sabiam que não ia dar certo, né? Há uns tempos ele apresentou-me o suposto plano de limpeza por um preço e disse que eu não precisava de fazer todos os passos, bastava o primeiro, o mais importante. Quando decidi "limpar-me", ou melhor, "libertar-me", transferi-lhe o valor do 1º passo. Disse-lhe para comprar o material necessário e que depois acertávamos o resto, ou seja, pensei que ele tinha entendido que começávamos por aí e logo víamos. Quando o material chegou, ele enviou-me uma mensagem e disse que "aguardava o resto do dinheiro para iniciar a terapia" e eu perguntei-lhe se não podia avançar com a primeira parte tal como tinha referido e ele inventou que não. Fiquei furiosa porque ele estava obviamente a aproveitar-se da situação para me sacar mais dinheiro de uma forma pouco ética. Passei-me e disse-lhe que já não queria fazer a limpeza e que ele me devolvesse o respectivo dinheiro descontando o valor do material (ainda fui bem amiga!). O material - 6 velas - custaram um balúrdio! Disse-lhe que não gostava da forma como ele estava a gerir a situação, que pensava que éramos amigos e encerrei o assunto porque ele é um tipo de pessoa com a qual não se deve discutir. Ontem, quando regressava da caminhada, encontrei-o na rua. "O que é que eu faço agora?" Passei por ele e cumprimentei-o, mostrando-lhe toda a minha classe e boa educação (doida para o mandar para o caralho, claro). Tinha um dedo ligado, estava de muletas e coxeava. Parece que lhe caiu qualquer coisa em cima pesada e teve de ser operado ao dedo e ao joelho. Despediu-se quase a fugir com um  "falamos com mais tempo depois". Epah, karma's a bitch! Antes suja e com os chacras todos entupidos do que mal acompanhada. Só tenho mesmo este pedido: que 2023 leve tudo o que não seja preciso! Se não falarmos antes do Natal, desejo-vos muitas punhetas... de bacalhau, claro. 

Ghostbusters 1.jpg

Tomei uma decisão. Não, não se animem. Não foi aquela que é (realmente) precisa, ah ah ah. Decidi "limpar-me". Não me sinto suja, antes pelo contrário, sinto-me até muito pouco poluída. Não acredito de todo em medidas esotéricas, mas estou a ficar sem recursos. Enviei uma mensagem ao meu amigo que-vê-coisas-do-além e disse-lhe que queria avançar com a limpeza da aura ou lá o que é que ele lhe chama. Ele diz que eu tenho uma "amarração" feita por alguém - possivelmente a mãe do meu ex - e que isso me impede de progredir porque a energia que está gravada no meu suposto sistema energético é energia negativa e enquanto não dermos cabo dela, eu não consigo sair daí. Volto a repetir que não acredito de todo nessas coisas, mas a verdade é que o meu ex volta e meia falava nisso das mezinhas e se há alguma coisa que ainda me liga àquela família, eu quero quebrá-la asap. Não estou a tentar justificar a obscuridade da minha situação, estou ciente de que tudo se deve exclusivamente a mim e ao meu processo psicológico. Não é preciso a intervenção de terceiros, mas a verdade é que sinto que progredi imenso na minha vida e que - ao mesmo tempo - ainda estou amarrada a alguma coisa. Não custa nada "limpar-me". Mal não me há-de fazer. 

 

Sinto também que a última experiência sexual - o tipo que conheci há 2 anos nas apps - foi agridoce. Tinha a sensação que o espectacular da minha vida já tinha acontecido e esse rapazinho veio mostrar-me que não. Vivi super bem durante alguns meses, até que um belo dia descobri que ele tinha me deixado de seguir. Mais tarde bloqueou-me o acesso ao insta dele. Acho que uma parte de mim morreu um bocadinho nesse dia. Nunca pensei que voltaria a viver uma história bonita e de repente, não haver provas dela, foi uma sensação horrível. Foi como se tudo se tivesse evaporado. Fiquei honestamente triste e acho que em vez de seguir em frente, fiz aquilo que sempre se tornou mais seguro fazer: andei para trás. Saí das apps, carcomida, e agora voltei. Still carcomida. É por isso que acho que preciso desbloquear várias coisas, a vários níveis. No plano prático, claro. Chega de teoria.

 

O meu amigo, o terapeuta energético, também me disse, há uns meses atrás, que via muita tensão sexual a encaminhar-se na minha direcção. Ele deve vez em quando lê-me o tarot gratuitamente, na maioiria das vezes sem eu lhe pedir. Viu um homem a aproximar-se, alguém que me iria fazer uma proposta sobre a qual eu ponderaria muito. O que é que eu tenho andado a fazer? EXACTAMENTE ISSO. Sempre que falo com ele sinto-me bastante tranquila, ele é bastante apaziguador e calmante e tem acertado realmente em muitas das coisas que me diz. Não acho que seja um efeito placebo. Ele disse-me que a limpeza era de facto importante, mas que o resto eu acabaria por conseguir naturalmente, precisava apenas de CONFIAR mais em mim e ACREDITAR que sou uma mulher bonita, capaz de despertar o interesse sexual dos homens. Basta aceitar isso naturalmente. Tem-me sido dificil, obviamente. Sobretudo porque passei por transformações corporais enormes e porque dei um salto do fim dos vintes para o fim dos trintas sem ter gozado o que estava pelo meio. Estou quase com 40 a tentar viver o que não tive oportunidade e às vezes é um bocadinho dificil uma pessoa situar-se. Se eu continuar exactamente parada no mesmo sítio, vou ter 50 e não me posso dar ao luxo de não ter vivido o que quero muito viver. Porque quero um amor, uma paixão como toda a gente quer, mas quero também o sexo sem amor e sem paixão como toda a gente tem direito. E agora que ele pode ter aparecido - e entretanto desparecido - porque é que hei-de continuar a negá-lo? Será que eu não acho esse rapaz realmente interessante ou eu tenho medo e não sou capaz? Como eu queria MUITO da última vez e correu relativamente mal, (a queca), acho que tenho muito medo que corra mal outra vez. Não quero estar a pinar e o tipo perguntar-me onde é que estou com a cabeça ou o que é que se passa comigo. Quero estar lá. De corpo e se possível, com uma boa parte da alma.

 

Embora não ligue muito a essas coisas, gosto de pensar que às vezes o universo envia-nos alguns sinais. Todos precisamos deles. Quando enviei mensagem ao meu amigo a dizer que queria fazer a limpeza energética, fui subitamente iluminada por um raio de um sol. Estava um dia cinzento e nesse momento, entrou um raio de sol pela janela dentro, forte, brilhante, que ficou algum tempo a cegar-me de tal maneira que eu nem conseguia olhar para fora. Gosto de pensar que foram os planetas a dizerem: "até que enfim pah!" e não um aviso dos céus do tipo: "pára já!". Levei muito tempo a pensar se devia ou não fazer a limpeza. O meu amigo já me fala disso há imenso tempo e andei sempre a negá-la. Não me sinto propriamente muito mal, mas quero me sentir bem melhor. Acho que está na altura de arriscar mais nem que seja em cenas fora da caixa. Porque não na minha espiritualidade? Se calhar o que eu preciso é de acreditar mais um bocadinho. Porque não começar por aí? Comprei um perfume novo, cortei o cabelo, mudei o meu estilo de vestir, estou a tentar fazer coisas diferentes. Quando nos encontramos desconfortáveis nas tocas onde nos escondemos  começamos a procurar saídas e eu estou a tentar as minhas. 

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